28 de junho de 2018

Incredibles 2 | The Incredibles 2: Os Super-Heróis (2018)


Inacreditavelmente, já se passaram 14 anos desde que vimos a família Parr (ou Pêra, na versão dobrada), que com todos os seus poderes formam Os Incríveis. Em várias entrevistas, o realizador Brad Bird justificou que demorou quase década e meia para se fazer este filme muito devido à evolução da tecnologia no que toca à animação digital. Mas será que The Incredibles 2 – Os Super-Heróis é mais uma sequela desnecessária, ou vamos ter aqui uma surpresa?

A família Parr, apesar de todas as suas boas intenções, estão a custar muito dinheiro à cidade que estão a salvar. Para piorar a situação, eles são considerados vigilantes, um termo à-lá-Marvel, que é como quem diz, são ilegais.


Numa tentativa de mudar a opinião mundial e voltar a legalizar os super-heróis, os Parr são convidados a conhecer Winston Deavor, um admirador com bolsos fundos, disposto financiar o movimento da legalização, convidando vários outros super-heróis pelo mundo. Nisto, Winston escolhe Elastic-girl para ser a imagem principal, o que deixa Mr. Incredible com a responsabilidade de ser o pai que fica em casa a tomar conta dos filhos. Para dificultar as coisas, existe uma nova ameaça chamada Screenslayer, que, através da tecnologia moderna, é capaz de deixar as suas vítimas hipnotizadas à sua mercê.

Enquanto que a narrativa explora mais a fundo a razão por trás da ilegalização dos super-heróis, somos confrontados com as decisões morais e outras intenções de outras personagens, que nem sempre é possível se apanhar logo.


Por outro lado, em casa dos Parr, o bebé Jack-Jack revela a multitude de poderes que tem, algo que já tínhamos alguma noção na curta incluída no DVD, que mostrava a babysitter a lidar com a primeira situação do género. A dinâmica familiar, sempre presente de todas as partes, mostram-se mais unidos que nunca, ainda que passam grande parte do filme separados. Dividido entre ser uma comédia familiar e um filme de super-heróis, The Incredibles 2 – Os Super Heróis fogem para o lado oposto de tudo que a Marvel representa, o que sempre quebra a rotina.

Os dramas comuns, como o amor na adolescência e encarar os problemas da matemática, dão uma sensibilidade acrescida, que nós como meros mortais, podemos simpatizar.


Voltando à questão da tecnologia do cinema de animação, a ambição de se ir mais longe que nunca é clara. Se em 2004, o primeiro filme foi feito com software e técnicas futuristas, 14 anos depois vemos essa ambição num nível completamente novo. Desde os efeitos de gelo de Frozone, às variadas cenas de acção, percebemos que os passos em frente estão a dar frutos e que continuadamente só podem melhorar.

Assim, The Incredibles 2 – Os Super Heróis valeram a espera de década e meia, com tudo o que poderíamos esperar, sobretudo no que toca ao pequeno Jack-Jack que certamente deveria ter uma série de curtas.

Nota Final: 4/5

Originalmente publicado em Geek'Alm a 28 de Junho de 2018.

2 de junho de 2018

Terminal (2018)


É difícil ser-se criativo em Hollywood, sobretudo quando se tem uma visão especifica. Entre grandes estúdios se envolverem nas decisões criativas, à sensibilidade fazer um filme genérico suficiente para atrair as massas, quando se tem uma ideia diferente, existe uma maior dificuldade em atrair público. Entra Terminal, a estreia de Vaughn Stein, que claramente tem boas ideias, mas cuja execução não foi inteiramente positiva.

Terminal conta com Margot Robbie no papel de Annie, uma femme fatale cujo grande plano envolve dois mafiosos, Vince (Dexter Fletcher) e Alfred (Max Irons), à procura do próximo trabalho; e Bill (Simon Pegg), um homem à beira da morte que se vê entretido na conversa enquanto espera que algo apareça para acabar com a sua miséria.


Enquanto que tudo decorre numa noite, somos confrontados com um conto de história de forma não-linear, conhecendo as motivações por detrás das acções dos protagonistas e, no fim, o seu destino final. Ah, e passa-se tudo num terminal de comboios, como indica o título.

Percebendo-se a atracção pela narrativa, é possível se ver que realmente existiu algum esforço em se criar um universo onde as consequências tenham um impacto que noutras circunstâncias não fariam sentido. Desde das recriações das formas que Bill contempla morrer, ao grande esquema por parte de Annie, há coisas que vão muito para além do destino ou as coincidências felizes.


No outro lado da moeda, Terminal é extremamente bonito de se ver. Na verdade, pondo o filme em silêncio, ficamos com um festim visual fascinante, repleto de cores neon, um guarda-roupa cuidadosamente escolhido e algumas cenas interessantes pelo meio. Claro, que o problema é quando abrem a boca e atiram diálogos ao ar que parecem escritos em cima do joelho.

Ao fim de hora e meia de filme, vendo Margot Robbie passar por meia dúzia de moods, percebemos que existe uma ligeira complexidade, que no fundo tenta disfarçar uma inspiração demasiado próxima daquilo que quer homenagear.


É difícil criar qualquer tipo de laço de empatia por Terminal, pois é um filme cujo invólucro colorido esconde dentro dele uma caixa cheia de formigas que podia ter sido melhor aproveitado e ser um filme noir minimamente competente. Assim, Terminal não é mais que eye-candy cinematográfico, com muito esplendor e pouco conteúdo.

Nota Final: 1.5/5


Originalmente publicado em Geek'Alm a 2 de Junho de 2018.