27 de janeiro de 2020

Jojo Rabbit (2019)


Após o sucesso de Thor: Ragnarok no universo da Marvel, o realizador neo-zelandês Taika Waititi passou a estar listado numa grande variedade de projectos, desde a adaptação de Akira, à sequela do seu popular “documentário” O Que Fazemos nas Sombras. Ainda assim, o mesmo optou por voltar às suas origens independentes, para realizar e protagonizar Jojo Rabbit.

Johannes “Jojo” Betzler (Roman Griffin Davis), é um jovem de 10 anos de idade fascinado pelo regime Nazi e o seu líder, Adolf Hitler; em plena Segunda Guerra Mundial. Querendo pertencer às forças armadas do regime, Jojo pode contar com um amigo imaginário ao seu lado: o próprio Hitler (Waititi). Vivendo sozinho com a sua mãe, Rosie (Scarlett Johansson), um dia é surpreendido quando encontra Elsa (Thomasin McKenzie), uma jovem judia que está escondida no sótão de sua casa, causando assim um dilema moral em Jojo.


O estilo cómico que Waititi tem feito sobre o seu nome, encontra-se num dos estados menos contidos em Jojo Rabbit, algo que passou ao lado em Thor: Ragnarok, possivelmente para fazer o filme mais acessível. Aqui, e porque o contexto também colabora com essa decisão criativa, existem inúmeros momentos cómicos que certamente irão dividir audiências, podendo ferir susceptibilidades. No entanto, é importante perceber que Waititi está a encarar uma versão satirizada de Hitler, vinda da imaginação de uma mera criança, que nem atar os atacadores é capaz.

Pondo de parte aquilo que poderá causar mais controvérsia, encontrámos um drama com muito coração, que acompanha um rapaz que passa pela experiência inesperada de ter uma judia a viver em sua casa, sem poder reportá-la às autoridades, para evitar consequências graves. Ao vermos Jojo e Elsa a passarem os dias juntos, vemos uma relação de empatia a desenvolver-se perante os nossos olhos, onde o jovem consegue olhar para ela como a pessoa que realmente é e não apenas com base na sua religião.


O facto de a sua mãe não se rever nos valores do nazismo, tenta frequentemente puxar o seu filho a compreender que é apenas fanatismo e não aquilo que realmente sente, obrigado a confrontar a sua ideologia, por mais novo que seja. É na abertura de discurso que vemos as personagens a adaptar à realidade e perceber aquilo que se está a passar à sua frente.

Assim, Jojo Rabbit é o regresso ao que muitos chamam de Waititi clássico, com muitos risos e emoções à mistura. Tal como BlacKkKlansman: O Infiltrado, este é baseado numa história verídica, e com um meio termo onde é possível parodiar algo que é a causa de dor para muitos. Talvez fazê-lo de uma forma que nem todos irão concordar, mas que em nenhum momento é de mau gosto.

Nota Final: 4/5 (originalmente 8/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 27 de Janeiro de 2020.

19 de janeiro de 2020

Prisoners | Raptadas (2013)


Durante o inicio da sua carreira, Denis Villeneuve focou-se na realização de vários dramas que passaram ao lado de muitos, isto até à estreia do seu primeiro filme feito em Hollywood, com um elenco reconhecido pelo seu talento, que junto com as suas capacidades de storytelling, culminou em Raptadas.

Durante um jantar no Dia de Acção de Graças, nos subúrbios de uma pequena cidade em Pennsylvania, Keller Dover (Hugh Jackman) e a sua família vêem-se no seu pior pesadelo quando a filha deles, Anna (Erin Gerasimovich) desaparece, juntamente com Joy (Kyla-Drew Simmons), a filha de um casal amigo. Cabendo ao Detective Loki (Jake Gyllenhaal) encontrar as jovens raparigas, as suspeitas recaiam sobre Alex (Paul Dano), um rapaz com dificuldades cognitivas, incapaz de dizer onde elas estão.


Assim que nos apercebemos da gravidade da situação, sentimos de imediato um peso sobre os ombros e um fogo na alma, enquanto partilhamos o desespero destes pais que andam à procura das suas filhas, custando-lhes tudo. O filme rapidamente nos prende quando reviravoltas subtis nos deixa curiosos em perceber o que está a acontecer e quem é o verdadeiro culpado; tendo oportunidade de ver o caso a desenvolver-se pelos olhos de Keller, como pai, e de Loki, um detective disposto a fazer tudo para que tudo se resolva a bem, mesmo que isso signifique dobrar um bocadinho as regras.

Durante duas horas e meia, existe uma agonia interior ao vermos a narrativa desdobrar todos os seus segredos, desde pequenos detalhes, pertinentes à resolução do caso, a momentos de alta tensão, ao vermos pessoas a reagirem como seres humanos violentamente desesperados para terem de volta a sua família, tendo em mente que a partir daqui nada será igual.


Deste modo, Denis Villeneuve mostra-nos com uma calamidade incrível como é possível adaptar um sub-género perdido pelos anos '90, como por exemplo Resgate, com Mel Gibson, um sucesso da sua altura. As coisas são muito diferentes em Raptadas, ao explorarmos os cantos deste pequeno subúrbio, pelas ruas enlamadas e as florestas densas, com uma realização minuciosamente planeada; contando com Jackman e Gyllenhaal, dois protagonistas a encararem papéis que certamente irão ficar na memória.

Assim, a introdução de Villeneuve às massas é feita com um filme cuja história se sente a pressão na pele, quase a um ponto traumático, mas que não poderia ter sido melhor, com um dos destaques do cinema da década passada. Sete anos depois e após uma revisita, ainda causa uma grande impressão.

Nota Final: 5/5

16 de janeiro de 2020

Spectre | 007: Spectre (2015)


Em três filmes, nunca vimos tamanha variedade nas abordagens a James Bond numa só era, contando com o introdutório Casino Royale, o aborrecido e barulhento Quantum of Solace e o emocionante Skyfall. Cada um deles, como falando anteriormente, tem os seus pontos fortes e fracos, e todos têm um factor referencial que lhes torna únicos na sua forma. Contente com o sucesso do último filme, Sam Mendes dá uma segunda oportunidade à franquia, desta vez com 007: Spectre.

Após os acontecimentos do filme anterior, Bond (Daniel Craig) está, novamente, a desobedecer as suas ordens, enquanto persegue uma missão só dele, perseguindo algumas pistas que lhe levam à descoberta de  Ernst Stavro Blofeld (Christoph Waltz), líder da sociedade secreta Spectre. Com uma nova aliada, na forma de Madeleine Swann (Léa Seydoux), cabe a Bond ir até ao fim ao destruir o grupo terrorista de vez.


Sam Mendes inicia o filme com um one-shot brilhante, onde seguimos Bond durante uma celebração do Dia dos Mortos no México, transparecendo toda uma cultura, que para muitos com certeza era desconhecida, ao ponto de hoje estas celebrações igualarem as suas recriações ficcionais, pois era muito mais discretas. É uma cena que, de certa forma, diz ao mundo que é desta que iremos ver Bond na sua forma final.

Essa é uma promessa que é maioritariamente cumprida, com um conjunto de objectivos-chave a serem claramente definidos e concretizados, onde conhecemos Mr. Hinx (Dave Bautista), um assassino com muita garra, oferecendo um sub-plot minimamente interessante. No fim, tudo está ligado, como se de um pequeno e discreto universo tivesse a ser criado, culminando todos os acontecimentos até aqui.


Por outro lado, o vilão, ainda que seja bastante sombrio, não é explorado com o máximo de potencial, ainda que podemos ver  o quão maquiavélico e cruel Christoph Waltz consegue ser, conseguindo ser algo assustador; enquanto que Léa Seydoux prova ser uma das Bond Girls mais interessantes até agora, sobretudo no que toca à sua autonomia e pro-actividade na resolução dos vários obstáculos.

É desta que sentimos genuinamente que James Bond está a mostrar todas as suas cores, a funcionar em conjunto. Não só a narrativa, que apesar de contar com algumas missões paralelas, acabando desviar a atenção da história principal, esta combina bem todas as personagens na obra, tendo quase todas elas uma participação com algum impacto; como também todos os elementos que adoramos dos filmes estão presentes em boa medida, entre cenas de acção cativantes e uma perseguição de carros entre um Jaguar e um Aston Martin, com dois dos carros mais fascinantes.


No fim, Sam Mendes optou por não imitar a sua abordagem anterior, dando aqui uma nova e mais completa experiência da vida de James Bond, como sempre o quisemos ver, podendo ficar orgulhoso caso este fosse o fecho de uma das melhores eras do agente secreto mais famoso do mundo.

Nota Final: 4.5/5

Bad Boys For Life | Bad Boys Para Sempre (2020)


Passaram-se 17 anos desde a última vez que vimos Will Smith e Martin Lawrence como a dupla de polícias mais irreverente do cinema, numa aventura iniciada em 1995 na estreia das longas-metragens do sempre espalhafatoso realizador Michael Bay. Muito mudou no mundo desde da última vez que vimos estes bad boys, mas a nostalgia ditou que o regresso fosse dirigido pelos realizadores belgas Adil El Arbi e Bilall Fallah, agora em Bad Boys Para Sempre.

Os detectives inseparáveis Mike (Smith) e Marcus (Lawrence) estão, como seria esperado, mais velhos. Afinal, são 25 anos como parceiros, e está na hora de Marcus cumprir a sua palavra e reformar-se, enquanto que Mike espera andar atrás dos maus da fita até aos 100 anos. Esta fricção muda de figura quando alguém do passado de Mike vem para lhe matar, juntando a dupla para uma última missão.


Muitos dos elementos que conhecemos e adoramos dos filmes anteriores estão presentes, ainda que numa forma distinta o suficiente para que os novos realizadores façam algo que seja deles. Vivemos num mundo tecnológico e é com a introdução de uma nova equipa táctica, denominada AMMO, composta por jovens especialistas em armamento, vigilância e cibersegurança. Naturalmente os “velhotes” não lhes acham piada, mas reconhecem a sua utilidade para a situação perigosa que têm nas mãos, mesmo que envolva algumas piadas sobre o mais velho dormir com a mãe do mais novo.

De alguma forma, a expectativa de o terceiro filme seguir as pisadas dos anteriores no que toca a cenas que vão longe demais, sem qualquer vergonha na cara, são dissipadas com o mesmo se levar com alguma seriedade, arriscando a ser demasiada, tendo em conta que num espaço de 5 minutos vemos várias das personagens a chorar, sem que haja propriamente uma grande motivação. Igualmente, não existe espaço para grandes loucuras que sejam estupidamente entusiasmantes, substituindo a esperança por uma contenção demasiada segura.


As novas personagens da AMMO, composta por Rita (Paola Nuñez), Dorn (Alexander Ludwig), Rafe (Charles Melton) e Kelly (Vanessa Hudgens) oferecem uma nova perspectiva dentro do universo de Bad Boys, podendo dar, eventualmente, uma continuação mais interessante do que série spin-off L.A.’s Finest, sendo eles o grande destaque do filme. Por outro lado, a redenção religiosa de Marcus torna-se irritante mais rápido que um tiro de uma bala, contando com muitos suspiros chatos pelo meio.

Assim, será que Bad Boys Para Sempre valeu a espera? Bem, mais ou menos. Se formos pela nostalgia e a química das personagens, é claro que abrirmos os braços para ver Will Smith e Martin Lawrence juntos no grande ecrã. Mas, no fim, queira-nos parecer que se esta terceira entrada tivesse sido estreada há uma década, talvez a idade não pesasse tanto. Dêem lá oportunidade aos mais novos, que eles parecem não se queixar de como o mundo funciona hoje.

Nota Final: 3/5 (originalmente 6/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 16 de Janeiro de 2020.

13 de janeiro de 2020

Skyfall | 007: Skyfall (2012)


Surpreendentemente, ao fim de 6 anos o mundo ainda não tinha decidido o que achar do novo James Bond, com a sua estreia em Casino Royale a ser aplaudida e Quantum of Solace a ser descartado, e com boas razões. Foi por isso que Skyfall tinha a o peso da responsabilidade de salvar Bond, não só a redimir-se e provar quem nunca acreditou em Daniel Craig, como ser o filme comemorativo dos 50 anos do agente secreto mais famoso do mundo. Para isso Sam Mendes foi o realizador enlistado, que até aqui não tinha experiência em filmes de acção, tomando assim um grande risco.

Após o roubo de um disco rígido, contendo as identidades de agentes sob disfarce que estão activos, e o subsequente roubo de informação dentro do MI6, a lealdade de M (Judi Dench) é posta em causa pelo governo britânico. Forçada a enviar um Bond, que não está a 100%, em busca do responsável pelos ataques, nenhum segredo será mais escondido.


Estamos de facto perante o que podemos considerar o melhor filme de James Bond até à data, fazendo mais que o suficiente para fazer esquecer a confusão do filme anterior. Com duas horas e meia, o filme vai-se dividindo em momentos que juntos prosseguem por um lado inovador, mas homenageado tudo o que a série fez durante os últimos 50 anos.

O foco principal em Skyfall são as personagens e a forma como elas reagem com o mundo a descair à sua volta. Enquanto M está sob pressão de solucionar um problema que aparenta perseguir, Bond está mais velho e com alguns problemas de forma, não conseguindo ser o melhor agente que sabemos que é. A interacção entre os dois, quase numa relação de mãe e filho, revelam um lado pessoal e emocional, jamais visto.


A isto se junta o brilhante vilão, Silva (Javier Bardem), que absolutamente empodera qualquer cena com a sua presença. Sendo um homem de tanto zangado como carismático, é igualmente a sua inteligência e capacidade de ver a grande imagem antes dos seus oponentes. Do outro lado estão não uma, mas duas Bond Girls, na forma de Severine (Bérénice Marlohe), cuja emoção é aprofundada com toda a sua história; e Eve (Naomie Harris), a agente parceira do MI6 e de Bond, que mostra ser uma mulher de armas. Finalmente, a reintrodução de Q (Ben Whishaw), é das mais esperadas e bem-vindas, com a sua assistência tecnológica.


Sam Mendes traz ao de cima todos os elementos que adoramos sobre os filmes de espiões, desde a acção e aventura, à intriga e o mistério, apoiado por um visual repleto de um estilo muito próprio e apropriado; agarrando tudo o que tinha começado em Casino Royale e explorando até a um novo nível, provando estar muito confortável nesta versão amplificada, onde todas as personagens têm a sua contribuição e importância. Bond está novamente de volta e melhor que nunca!

Nota Final: 4.5/5

12 de janeiro de 2020

Quantum of Solace | 007: Quantum of Solace (2008)



Depois de ter concretizado uma das reentradas com mais sucesso, Daniel Craig regressa como James Bond em 007: Quantum of Solace, desta vez realizado por Marc Forster.

Poucos momentos depois do final de 007: Casino Royale, Bond é novamente posto numa missão contra o tempo, quando é revelado que uma sociedade secreta tem agentes infiltrados em todo o lado, cabendo a ele descobrir mais sobre quem é a organização responsável. Isto leva-lhe numa viagem a vários cantos do mundo, entre Itália e Bolívia, enquanto persegue Dominic Greene (Mathieu Amalric), um empreendedor com uma visão. A ele se junta Camille Montes (Olga Kurylenko), uma jovem com a sua própria agenda, em busca do General Medrano (Joaquín Cosío), o homem que assassinou a sua família.


Em contraste do filme anterior, Quantum of Solace no inicio aparenta ser mais frenético, com as suas múltiplas cenas de acção que decorrem durante grande parte da primeira hora do filme. Infelizmente, e para ser aparato, a própria narrativa perde o fio à meada quando se reduz a um conjunto de momentos desinteressantes, muito por culpa do seu vilão politicamente motivado.

Na verdade, Greene, por alguma razão, não merece o cargo de ser vilão, pois em momento nenhum é intimidante ou é totalmente maquiavélico, fora o seu grande objectivo de influenciar o governo corrupto de um país para o seu próprio ganho. A dita Bond Girl deste filme sofre de um mal semelhante, tendo os seus próprios objectivos individuais, não é mais nada para além de uma distracção.


Por outro lado, e porque nem tudo é inteiramente mau, somos confrontados com um Bond de luto, enquanto tenta gerir os seus sentimentos em função da missão que tem. O seu auto-controlo é visível, tal como os vários momentos em que percebemos que algo lhe está a incomodar, mas que nunca fala do assunto. De certa forma, podemos considerar isto um crescimento da personagem, que mesmo durante as alturas onde existem balas a voar, este consegue manter a compostura.

Também de regresso está o agente da CIA favorito de toda a gente, Felix Leiter (Jeffery Wright), prestando novamente alguma ajuda a James Bond, mas que mais uma vez perde-se no meio de tanto barulho e não é devidamente aprofundado.


Nada em 007: Quantum of Solace é propriamente entusiasmante, com o filme a decair e a mostrar as suas fraquezas, algo que não contávamos tão cedo nesta nova era. Fora algumas revelações sobre a organização secreta, revelantes para o futuro da história, não existe muito mais para ver. Mesmo dando meio passo para trás, o filme mantém toda a imagem realista e aterrada do mundo de James Bond, ainda que não progrida como desejado. É também o filme com um dos temas mais subvalorizados, com Jack White e Alicia Keys a fazerem um grande dueto, numa música que na altura dividiu fãs e críticos.

Nota Final: 2.5/5

Casino Royale | 007: Casino Royale (2006)


Após o que foi considerado um dos James Bond com maior dose de fantasia, 007 - Morre Noutro Dia, foi necessário carregar no botão de reset e introduzir o agente secreto mais famoso do mundo de uma outra forma. Por esta altura, Jason Bourne e os seus filmes tinha alterado a forma que os filmes de acção eram abordados, dando prevalência ao realismo invés da procura de soluções mais inventivas. Desta forma, Martin Campbell junta-se a Daniel Craig para apresentar ao mundo 007: Casino Royale.

Regressando à primeira de James Bond obra escrita por Ian Fleming, somos introduzidos a um agente que ainda está a merecer as suas asas, com a sua primeira missão ser derrotar Le Chiffre (Mads Mikkelsen), um banqueiro para alguns senhores de crime, que após perda de vários fundos, tenta recuperá-los num jogo de poker de alto risco, onde o vencedor sairá com o pote contendo mais de 150 milhões de dólares.

Com James está Vesper Lynd (Eva Green), uma agente do tesouro da Sua Majestade, que supervisiona os fundos que está a ceder para que a missão seja devidamente financiada, acabando por se tornar na primeira verdadeira Bond Girl desta era, mas muito para além do que aparenta.


Desde do primeiro segundo que percebemos que este Bond é diferente, com duas sequências a preto e branco, definindo de imediato o tom do futuro da franquia naquele momento. De facto, ainda estamos a lidar com um agente novo e recentemente promovido ao status de 00, mostrando alguma imprudência perante as suas decisões executivas, causando alguns incidentes internacionais pelo meio.

As coisas começam a ficar mais interessantes quando Bond segue para a sua missão em Montenegro, para o jogo de poker. Rodeado pela riqueza e frente-a-frente com Le Chiffre, o jogo do gato e do rato, que ocupa uma grande parte do filme, faz com que a paciência do agente seja testada numa pequena variedade de cenários, algumas delas entre a vida e a morte. É assim que Casino Royal constrói a sua narrativa, de modo a mostrar a figura maior. Por alguns momentos, poderemos considerar que o seu ritmo mais lento quebra algumas das expectativas deste género de filme, mas que acabam por valer algumas das melhores cenas até à altura.


A falta de espectacularidade é possivelmente das melhores coisas que poderia acontecer à franquia, após uma era exagerada e polida pelas mentes de Hollywood, dando assim um tom de seriedade necessária para dar a Craig a credibilidade que precisava. São sobretudo os combates mano-a-mano e os tiroteios onde o risco de morte é real que percebemos que a eliminação de futilidade mudaram as coisas para melhor.

Da mesma forma que Mads Mikkelsen mostra ser um dos vilões mais intrigantes da altura, ainda que com alguns dos estereótipos da sua personagem, principalmente a cicatriz no olho. Mas é na sua pró-actividade de ser verdadeiramente mau, ganhando a sua reputação na icónica cena onde tortura Bond que está nu, amarrado a uma cadeira.


Assim: 007: Casino Royale é o regresso aos pontos altos que os filmes de James Bond não habituaram, com uma obra que não se acanha em aprofundar um pouco mais o mítico do agente secreto, retirando toda a sensação de invencibilidade e correndo riscos como nunca. Bond está de volta e ainda bem que fica por perto!

Nota Final: 4/5

11 de janeiro de 2020

1917 (2019)


Há muito que os filmes de guerra tentam recriar para um público mais generalista alguns dos momentos históricos, onde podemos, de alguma forma, ver como tudo decorreu nos campos de batalha; isto claro se o filme for fiável quanto ao seu material base. Deste modo, Sam Mendes (007: Skyfall) quer-nos levar até à Primeira Guerra Mundial e viver um fatídico dia em 1917.

Will Schofield (George MacKay) e Tom Blake (Dean-Charles Chapman) são dois soldados britânicos com a missão de entregar uma mensagem do seu general até ao 2º Batalhão de Devon, pedindo que abortem a missão planeada, pois é uma armadilha criada pelos alemães e que poderá resultar na morte de 1600 soldados. Longe de ser uma tarefa fácil, Schofield e Blake vão avançando por território inimigo, tendo que enfrentar todos os perigos que estão à espreita, e não são poucos.



Gravado como se fosse um plano contínuo, somos imediatamente considerados como um fantasma que acompanha em tempo real todas as acções e movimentos destes soldados, com várias jogadas de mestre por Roger Deakins, cinematógrafo de várias obras marcantes das últimas décadas, entre elas A Redenção de Shawshank, Sicario - Infiltrado e Blade Runner 2049. Somos postos numa posição privilegiada de ver em primeira-mão tudo o que acontece e partilhar todos os sentimentos com a dupla, num cenário irrepreensível de guerra.

Ainda que não sejam frequentes, existem vários momentos intensos, sobretudo nos tiroteios, onde o realismo chega a deixar-nos encolhidos na esperança de não sermos atingidos por uma bala; ou a dar indicações aos soldados, que apesar dos nossos esforços, não nos ouvem nos avisos de perigo. É este género de experiência imersiva que é capaz de cativar e causar algumas reacções interessantes e com efeitos imediatos, que certamente sentimos na pele.


Talvez da última vez que estivemos no meio da guerra, estávamos nas praias francesas com Christopher Nolan com o seu Dunkirk, que mostrou uma forma alternativa de ver o talento do realizador num contexto mais real e menos imaginativo, podendo traçar alguns paralelismos no que toca a cinema que nos dá oportunidade de vivermos estes acontecimentos históricos, ao vivo e a cores, ou sempre que possível, numa sala IMAX, que acaba por ser uma mais-valia para o filme. A isto se junta uma brilhante banda sonora, composta por Thomas Newman, que acentuam todos os passos dados.

Assim, Sam Mendes homenageia o seu avô Alfred Mendes, que lhe contou todas a histórias do campo de batalha, com um filme intenso e magistralmente trabalhada, onde tudo pode acontecer. Não são muitas as obras que nos deixam a tremer na botas...

Nota Final: 4/5

Bombshell | Bombshell - O Escândalo (2019)


Vivemos numa era pós-#MeToo e com ele foram reveladas várias histórias de má conduta de assédio sexual, vindo de algumas das pessoas mais poderosas, um bocadinho por todas as indústrias, mas principalmente os media. Talvez um dos mais controversos, ao lado de Harvey Weinstein, é a queda de Roger Ailes, chefe da FOX News. Jay Roach (Austin Powers – O Agente Misterioso, Trumbo) traz-nos uma versão dramatizada dos acontecimentos em Bombshell – O Escândalo.

Numa altura em que Donald Trump estava ainda a fazer a sua campanha presidencial em 2016, coube a Megyn Kelly (Charlize Theron) ser uma das moderadoras do primeiro debate republicano, que acabaria por se tornar num dos momentos mais interessantes da televisão, quando confrontou o actual presidente dos EUA sobre o seu comportamento perante mulheres. As suas acções não caíram inteiramente bem com o seu superior, Roger Ailes (John Lithgow), amigo de Trump, mas aplaudida pela sua ousadia.


Do outro lado está Gretchen Carlson (Nicole Kidman), uma apresentadora que fora retirada do popular programa FOX and Friends para a sua própria plataforma fora do horário nobre, após as suas várias queixas sobre o tratamento por parte dos seus colegas masculinos; acabando por a forçar a tomar medidas mais extremas.

Finalmente, conhecemos Kayla (Margot Robbie), uma jovem produtora, ambiciosa para sair de trás das câmaras. É importante referir que Kayla é uma das personagens fictícias do filme, considerada um aglomerado de pessoas da redacção, criada somente para demonstrar em primeira-mão algumas das acções de Roger no tempo presente.


Contando a história destas três mulheres, ficamos a conhecer o ambiente tóxico e o abuso de poder dentro da FOX News, onde o sucesso garantido estava associado à possível obrigação de haver trocas de favores. Não conseguimos deixar de sentir uma certa revolta que começa muito cedo e se estende durante toda a obra.

No entanto, a forma que esta dramatização dos factos é apresentada, não é propriamente a melhor. Isto porque Jay Roach faz de Bombshell – O Escândalo um filme com um ambiente altamente sensacionalista, numa mistura entre documentário e um vídeo viral feito com o único propósito de deixar-nos incomodados mais que informados, onde uma mensagem importante acaba por perder todo o seu poder no meio de tanto ultraje.


O trio de Theron, Kidman e Robbie, actrizes que de certa forma vêm de gerações diferentes, acabam por ser o ponto alto do filme, havendo um equilibro que nos permite ver os seus percursos na história. Mas no meio de tanta falsa urgência, é frequente sentir que as suas actuações sejam diluídas em troca da provocação que o tema causa. O mesmo acontece com Lithgow, tendo a responsabilidade de encarar um dos homens mais perversos nos media e que por mais difícil que tenha sido, consegue de facto incomodar o espectador com aquilo que faz.

Com isto, Bombshell – O Escândalo é um filme que parece brincar com o tema, sem consideração pela seriedade que lhe é devida. Até Adam McKay, com a sua abordagem de meia paródia, como vimos em Vice e A Queda de Wall Street, conseguiu encontrar um meio termo para, no mínimo, deixar os espectadores a reflectir no quão marado este mundo é. Por aqui, mais valia este filme ter sido uma super-produção da TMZ, que ninguém se espantava.

Nota Final: 1.5/5 (originalmente 3/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 11 de Janeiro de 2020.

9 de janeiro de 2020

The Farewell | A Despedida (2019)


A ideia de haver uma morte na família é sempre um tópico complicado para abordar, seja em que meio for. Mas Lulu Wang, através das suas próprias experiências traz-nos um dos filmes mais sentimentais, com A Despedida.

Billi (Awkwafina) é uma rapariga que tenta sobreviver como uma escritora em Nova Iorque, mantendo uma relação de proximidade com Nai Nai (Shuzhen Zhao), a sua avó paterna. Certo dia, é revelado que Nai Nai está numa fase avançada de cancro e que tem pouco tempo de vida, mas é deixada na ignorância, quando o resto da família é convocada para passarem, em segredo, os últimos momentos com ela, sob disfarce de um casamento.


A diferenças entre o ocidente e o oriente são imediatamente aparentes quando as discussões baseiam-se principalmente na questão se deverão dizer a Nai Nai a verdade, ou deixá-la continuar a viver a sua vida feliz. Sendo a morte um tema universal, este ressoa com uma honestidade brutal dentro de nós, expondo uma vulnerabilidade que sentimos na pele.

É importante destacar Awkwafina, que continua a sua ascensão no cinema, naquele que será um dos seus papéis definidores de carreira, após o sucesso de Asiáticos Doidos e Ricos, e ver os seus projectos musicais a ganharem mais atenção. Por outro lado, Shuzhen Zhao aquece-nos o coração enquanto a avó querida e atenciosa que é, deixando-nos com um carinho muito especial, ao vermos o seu altruísmo pelos seus familiares. É de facto uma pessoa com muita bondade para oferecer, quase deixando-nos a querer ser adoptados por esta mulher tão querida e bondosa.


É entre tristeza e risos sinceros que A Despedida se divide, e de uma educação lógica que entra em conflito com os valores tradicionais, onde a empatia pelo outro e o respeito pelos mais velhos nos força a reflectir perante os nossos próprios laços familiares. Ainda que o filme seja, grande parte dele, falado em mandarim, é tudo facilmente relacionável com a vida de qualquer um, sendo algo que toca a todos.

Assim, Lulu Wang apresenta-nos uma obra de sentimentos genuínos e contagiantes, enquanto faz homenagem à sua própria família, mostrando como as coisas são feitas do outro lado do mundo e como ninguém tem a resposta correcta quando a morte está a bater à porta.


Equilibrado quase de uma forma perfeita, A Despedida tem o peso emocional certo para nos deixar a sorrir enquanto lágrimas escorrem pela cara, dando graças pelas pessoas que temos à nossa volta.

Nota Final: 4/5 (originalmente 8/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 9 de Janeiro de 2020.

8 de janeiro de 2020

The Informer | O Informador (2019)


Para Andrea Di Stefano, adaptar um dos romances de crime mais badalados vindos da Suécia, Tre sekunder, autoria da dupla Anders Roslund e Börge Hellström, pode parecer tarefa difícil, mas o realizador de Escobar: Paraíso Perdido mostra uma boa tentativa de agradar a fãs de thrillers com O Informador.

Pete Koslow (Joel Kinnaman) é um informador para o FBI, infiltrado na máfia polaca. Junto com a agente Wilcox (Rosamund Pike), têm a intenção em acabar com o cabecilha. As coisas correm mal quando Pete testemunha o assassinato a um polícia sob disfarce, e é feito o bode expiatório com o propósito de gerir a entrada de drogas para dentro da prisão para onde vai. Entretanto, Grens (Common), um detective do crime organizado, investiga a morte do seu colega, acabando por descobrir mais do que deve.


A primeira metade de filme estabelece todas as peças no tabuleiro, entre situações perigosas e as personagens que activamente participam no rumo da narrativa, independente da sua significância, sobretudo a família de Pete, onde a sua mulher Sofia (Ana de Armas) tenta apoiar o marido da melhor forma possível, mas que não é mais que um elemento dramático.

A partir da segunda metade, as coisas vão ficando mais ou menos interessantes, com o thriller a tornar-se num filme de prisão, indo mais longe em criar uma teia de conspiração com algumas complicações e reviravoltas, muitas delas desnecessárias e pouco originais, mas que criam toda uma rede de segurança que permite que a história se desenvolva com o mínimo dos percalços.


Na verdade, por mais banal que seja O Informador, o filme faz o melhor em seguir os passos de outros do seu género, proporcionando assim uma obra que entretém o suficiente, sem grandes alaridos. Talvez onde mostre as suas verdadeiras falhas é quando se apoia nas várias linhas interligadas dentro de uma conspiração que é muito mais pequena do que realmente aparenta.

Assim, O Informador põe-nos perante uma filme com algum conteúdo e que deverá satisfazer aqueles que procuram uma narrativa séria, mais virada para as histórias da velha guarda, onde o bom, o mau e o verdadeiro vilão entram numa rota de colisão, com cada um deles a lidar com as devidas consequências; com um elenco competente, que adiciona a credibilidade necessária para que tudo seja encarado de uma forma aceitável. Certamente que existem propostas melhores por aí, mas com certeza que ninguém há de ficar mal com esta mais recente.

Nota Final: 2.5/5 (originalmente 5/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 8 de Janeiro de 2020.

5 de janeiro de 2020

Dark Waters | Dark Waters - Verdade Envenenada (2019)


O facto de que durante anos muitas das grandes corporações pelo mundo têm ignorado vários perigos para os consumidores nos seus produtos não é novidade, um pouco em todo o tipo de indústrias, mas sobretudo aquelas ligadas aos farmacêuticos e bioquímica. É com essa revolta que Todd Haynes traz finalmente ao grande ecrã Dark Waters – Verdade Envenenada, retratando uma história verídica em como um químico intencionado a facilitar a nossa vida se tornou num dos maiores pesadelos da saúde pública.

Robert Bilott (Mark Ruffalo) é um advogado corporativo em Cincinnati, até que um dia Wilbur Tennant (Bill Camp), um agricultor de uma pequena cidade em West Virginia revela-lhe as suas suspeitas que uma das maiores corporações do mundo, DuPont, está ligada ao desenvolvimento de humanos e animais e à morte de diversos outros, devido às descargas de químicos tóxicos dentro da água local. Robert aceita um caso que mais ninguém teria coragem de pegar e segue durante mais de uma década a perseguir a justiça, revelando todas as verdades por detrás de um químicos fluorosurfactantes, conhecidos como os químicos permanentes.


É incrivelmente poderosa a abordagem de Haynes perante um caso de tamanha complicação, repleto de detalhes relevantes, enquanto mantém o foco na narrativa principal, e a sua acessibilidade para que o espectador não fique sobrecarregado de informação. Por mais árdua que essa tarefa tenha sido, esta é cumprida, ao acompanharmos as diversas fases do caso ao longo dos muitos anos do seu desenvolvimento, mostrando igualmente as diversas falhas dentro da justiça norte-americana. A passagem do tempo é notada não só pela evolução tecnológica, principalmente como utilizamos o telefone.

Longe de retratar estes acontecimentos de uma forma sensacional, tem tanto de cativante como chocante, como a DuPont tem conseguido escapar tanto tempo sem consequências, enquanto que a tecnologia Teflon provou ser algo extremamente perigoso para a saúde pública. Todas as vítimas são respeitadas neste filme, ao mesmo tempo que a culpa é apontada directamente aos perpetradores.


É importante destacar a prestação de Mark Ruffalo como o advogado que foi contra um gigante ao defender o homem mais pequeno, numa altura em que o actor está a voltar para papéis dramáticos, após as sua participação no universo da Marvel. Por outro lado, Anne Hathaway entra num papel secundário que, apesar de manter uma excelente postura como Sarah Bilott e vista por muito pouco tempo, a sua contribuição como um apoio importante para o seu marido Robert é essencial para retratar as consequência pessoais por ter aceitado um caso desta magnitude.

No fim, Dark Waters – Verdade Envenenada é uma história impressionante com o objectivo de trazer para a ribalta as acusações contra a DuPont, dando uma noção de como uma industria inteira foi capaz de distorcer factos para os seus próprios ganhos e possivelmente criar um pequeno pânico à saída do cinema, ao irmos a correr desfazer-nos de todas as panelas que possam ter um revestimento Teflon.

Nota Final: 4/5 (originalmente 8/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 5 de Janeiro de 2020.

1 de janeiro de 2020

The Grudge | The Grudge: Maldição (2020)


Em 2002, quando o primeiro Ju-on: A Maldição estreou no Japão, uma nova onda do cinema de terror espalhou-se pelo mundo a olhos vistos, contando com inúmeras sequelas e remakes, tanto asiáticos como norte-americanos, todos baseando na premissa de um espírito vingativo que segue aqueles que ousam entrar na casa onde reside. Por alguma razão, alheia a muitos, o mito regressa pelas mãos de Nicholas Pesce com The Grudge: Maldição.

Conhecemos a Detective Muldoon (Andrea Riseborough) que se muda com o seu filho para uma pequena cidade nos Estados Unidos, após a morte do seu marido. O seu primeiro caso, em parceria com o Detective Goodman (Demián Bichir), envolve uma mulher encontrada num estado de descomposição, que relembra Goodman de um caso antigo, referente a uma casa assombrada. Esse mesmo caso levou o seu antigo parceiro à loucura e o pior cenário possível parece ser novamente real, agora que enfrentam novamente a ameaça.


Tudo o que sabemos sobre Ju-on, The Grudge, casas assombradas e espíritos maléficos como os conhecemos, já foi abordado em dezenas de filmes nos últimos 20 anos, não encontrando aqui qualquer justificação para a falta de originalidade, ou sequer uma tentativa disfarçada de introduzir uma ideia minimamente interessante. Tendo em conta que em 2020 vivemos num mundo onde David Robert Mitchell nos deliciou com Vai Seguir-te, agarrando na mesma trupe e dando uma reviravolta que o fez um dos grandes filmes de terror da década, esta nova entrada de nada serve a não ser para perder tempo.

A revolta continua quando temos noção que o filme foi escrito e realizado por Nicholas Pesce, auteur de dois incríveis filmes de género, Os Olhos da Minha Mãe, que contou com a participação da actriz portuguesa Kika Magalhães; e o grande Piercing, que deixou os espectadores boquiabertos no MOTELX em 2018 e que passou pelas salas nacionais em Abril deste ano. Duas obras que mostram distintamente o talento do realizador nova-iorquino, que fora uma mão cheia de planos intrigantes, segue o resto do filme tal e qual aos que vimos nos remakes da década passada, fúteis e sem qualquer tipo de impacto. É grave quando um filme de terror causa risos que não são nervosos, e que recorre a sustos básicos para tentar ganhar algum tipo de reacção.


Com isto, The Grudge: Maldição é completamente passível, provando que até os autores mais respeitados podem comprometer a sua integridade com meros truques cinematográficos, esperando que seja apenas uma fase e não o inicio do fim de um dos artistas mais interessantes dos últimos tempos. Sobre o filme, ganham mais em ir passear à beira-mar. Pelo menos para a vossa sanidade mental.

Nota Final: 0.5/5 (originalmente 1/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 1 de Janeiro de 2020.