11 de janeiro de 2020

1917 (2019)


Há muito que os filmes de guerra tentam recriar para um público mais generalista alguns dos momentos históricos, onde podemos, de alguma forma, ver como tudo decorreu nos campos de batalha; isto claro se o filme for fiável quanto ao seu material base. Deste modo, Sam Mendes (007: Skyfall) quer-nos levar até à Primeira Guerra Mundial e viver um fatídico dia em 1917.

Will Schofield (George MacKay) e Tom Blake (Dean-Charles Chapman) são dois soldados britânicos com a missão de entregar uma mensagem do seu general até ao 2º Batalhão de Devon, pedindo que abortem a missão planeada, pois é uma armadilha criada pelos alemães e que poderá resultar na morte de 1600 soldados. Longe de ser uma tarefa fácil, Schofield e Blake vão avançando por território inimigo, tendo que enfrentar todos os perigos que estão à espreita, e não são poucos.



Gravado como se fosse um plano contínuo, somos imediatamente considerados como um fantasma que acompanha em tempo real todas as acções e movimentos destes soldados, com várias jogadas de mestre por Roger Deakins, cinematógrafo de várias obras marcantes das últimas décadas, entre elas A Redenção de Shawshank, Sicario - Infiltrado e Blade Runner 2049. Somos postos numa posição privilegiada de ver em primeira-mão tudo o que acontece e partilhar todos os sentimentos com a dupla, num cenário irrepreensível de guerra.

Ainda que não sejam frequentes, existem vários momentos intensos, sobretudo nos tiroteios, onde o realismo chega a deixar-nos encolhidos na esperança de não sermos atingidos por uma bala; ou a dar indicações aos soldados, que apesar dos nossos esforços, não nos ouvem nos avisos de perigo. É este género de experiência imersiva que é capaz de cativar e causar algumas reacções interessantes e com efeitos imediatos, que certamente sentimos na pele.


Talvez da última vez que estivemos no meio da guerra, estávamos nas praias francesas com Christopher Nolan com o seu Dunkirk, que mostrou uma forma alternativa de ver o talento do realizador num contexto mais real e menos imaginativo, podendo traçar alguns paralelismos no que toca a cinema que nos dá oportunidade de vivermos estes acontecimentos históricos, ao vivo e a cores, ou sempre que possível, numa sala IMAX, que acaba por ser uma mais-valia para o filme. A isto se junta uma brilhante banda sonora, composta por Thomas Newman, que acentuam todos os passos dados.

Assim, Sam Mendes homenageia o seu avô Alfred Mendes, que lhe contou todas a histórias do campo de batalha, com um filme intenso e magistralmente trabalhada, onde tudo pode acontecer. Não são muitas as obras que nos deixam a tremer na botas...

Nota Final: 4/5

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