Há muito que os filmes de guerra tentam recriar para um público mais generalista alguns dos momentos históricos, onde podemos, de alguma forma, ver como tudo decorreu nos campos de batalha; isto claro se o filme for fiável quanto ao seu material base. Deste modo, Sam Mendes (007: Skyfall) quer-nos levar até à Primeira Guerra Mundial e viver um fatídico dia em 1917.
Will Schofield (George MacKay) e Tom Blake (Dean-Charles Chapman) são dois soldados britânicos com a missão de entregar uma mensagem do seu general até ao 2º Batalhão de Devon, pedindo que abortem a missão planeada, pois é uma armadilha criada pelos alemães e que poderá resultar na morte de 1600 soldados. Longe de ser uma tarefa fácil, Schofield e Blake vão avançando por território inimigo, tendo que enfrentar todos os perigos que estão à espreita, e não são poucos.
Gravado como se fosse um plano contínuo, somos imediatamente considerados como um fantasma que acompanha em tempo real todas as acções e movimentos destes soldados, com várias jogadas de mestre por Roger Deakins, cinematógrafo de várias obras marcantes das últimas décadas, entre elas A Redenção de Shawshank, Sicario - Infiltrado e Blade Runner 2049. Somos postos numa posição privilegiada de ver em primeira-mão tudo o que acontece e partilhar todos os sentimentos com a dupla, num cenário irrepreensível de guerra.
Ainda que não sejam frequentes, existem vários momentos intensos, sobretudo nos tiroteios, onde o realismo chega a deixar-nos encolhidos na esperança de não sermos atingidos por uma bala; ou a dar indicações aos soldados, que apesar dos nossos esforços, não nos ouvem nos avisos de perigo. É este género de experiência imersiva que é capaz de cativar e causar algumas reacções interessantes e com efeitos imediatos, que certamente sentimos na pele.
Talvez da última vez que estivemos no meio da guerra, estávamos nas praias francesas com Christopher Nolan com o seu Dunkirk, que mostrou uma forma alternativa de ver o talento do realizador num contexto mais real e menos imaginativo, podendo traçar alguns paralelismos no que toca a cinema que nos dá oportunidade de vivermos estes acontecimentos históricos, ao vivo e a cores, ou sempre que possível, numa sala IMAX, que acaba por ser uma mais-valia para o filme. A isto se junta uma brilhante banda sonora, composta por Thomas Newman, que acentuam todos os passos dados.
Assim, Sam Mendes homenageia o seu avô Alfred Mendes, que lhe contou todas a histórias do campo de batalha, com um filme intenso e magistralmente trabalhada, onde tudo pode acontecer. Não são muitas as obras que nos deixam a tremer na botas...
Nota Final: 4/5
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