12 de janeiro de 2020

Casino Royale | 007: Casino Royale (2006)


Após o que foi considerado um dos James Bond com maior dose de fantasia, 007 - Morre Noutro Dia, foi necessário carregar no botão de reset e introduzir o agente secreto mais famoso do mundo de uma outra forma. Por esta altura, Jason Bourne e os seus filmes tinha alterado a forma que os filmes de acção eram abordados, dando prevalência ao realismo invés da procura de soluções mais inventivas. Desta forma, Martin Campbell junta-se a Daniel Craig para apresentar ao mundo 007: Casino Royale.

Regressando à primeira de James Bond obra escrita por Ian Fleming, somos introduzidos a um agente que ainda está a merecer as suas asas, com a sua primeira missão ser derrotar Le Chiffre (Mads Mikkelsen), um banqueiro para alguns senhores de crime, que após perda de vários fundos, tenta recuperá-los num jogo de poker de alto risco, onde o vencedor sairá com o pote contendo mais de 150 milhões de dólares.

Com James está Vesper Lynd (Eva Green), uma agente do tesouro da Sua Majestade, que supervisiona os fundos que está a ceder para que a missão seja devidamente financiada, acabando por se tornar na primeira verdadeira Bond Girl desta era, mas muito para além do que aparenta.


Desde do primeiro segundo que percebemos que este Bond é diferente, com duas sequências a preto e branco, definindo de imediato o tom do futuro da franquia naquele momento. De facto, ainda estamos a lidar com um agente novo e recentemente promovido ao status de 00, mostrando alguma imprudência perante as suas decisões executivas, causando alguns incidentes internacionais pelo meio.

As coisas começam a ficar mais interessantes quando Bond segue para a sua missão em Montenegro, para o jogo de poker. Rodeado pela riqueza e frente-a-frente com Le Chiffre, o jogo do gato e do rato, que ocupa uma grande parte do filme, faz com que a paciência do agente seja testada numa pequena variedade de cenários, algumas delas entre a vida e a morte. É assim que Casino Royal constrói a sua narrativa, de modo a mostrar a figura maior. Por alguns momentos, poderemos considerar que o seu ritmo mais lento quebra algumas das expectativas deste género de filme, mas que acabam por valer algumas das melhores cenas até à altura.


A falta de espectacularidade é possivelmente das melhores coisas que poderia acontecer à franquia, após uma era exagerada e polida pelas mentes de Hollywood, dando assim um tom de seriedade necessária para dar a Craig a credibilidade que precisava. São sobretudo os combates mano-a-mano e os tiroteios onde o risco de morte é real que percebemos que a eliminação de futilidade mudaram as coisas para melhor.

Da mesma forma que Mads Mikkelsen mostra ser um dos vilões mais intrigantes da altura, ainda que com alguns dos estereótipos da sua personagem, principalmente a cicatriz no olho. Mas é na sua pró-actividade de ser verdadeiramente mau, ganhando a sua reputação na icónica cena onde tortura Bond que está nu, amarrado a uma cadeira.


Assim: 007: Casino Royale é o regresso aos pontos altos que os filmes de James Bond não habituaram, com uma obra que não se acanha em aprofundar um pouco mais o mítico do agente secreto, retirando toda a sensação de invencibilidade e correndo riscos como nunca. Bond está de volta e ainda bem que fica por perto!

Nota Final: 4/5

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