29 de abril de 2020

Scooby-Doo (2002)


Ao virar do milénio, personagens dentro dos universos de desenhos animados passavam por uma popularização em transitar para as suas versões live-action, algo iniciado nos anos '90 e que foi continuamente evoluindo perante a tecnologia que permitisse oferecer uma experiência semelhante ao seu material base, mas dando um novo ar, com pessoas de carne e osso e algum CGI, quando possível. Scooby-Doo é um dos exemplos mais importantes, já que a série era considerado um ícone na cultura-pop.

Neste filme, realizado por Raja Gosnell e escrito por Craig Titley e James Gunn, conhecemos o Scooby gang numa das piores alturas, que após a resolução de um caso, decidem separar-se e seguir o seu próprio caminho. Isto até é forçada uma reunião quando Fred (Freddie Prinze Jr.), Daphne (Sarah Michelle Gellar), Velma (Linda Cardellini), Shaggy (Matthew Lillard) e Scooby (a voz de Neil Fanning) são chamados pelo misterioso dono da Spooky Island, Mr. Mondavarious (Rowan Atkinson), que está convencido que existem fantasmas a habitar a sua ilha, cabendo ao grupo trabalhar juntos novamente.


Existem inúmeros aspectos em Scooby-Doo que podem ser bastante questionáveis, entre a peruca de Freddie Prinze Jr., ao humor adulto ocasional em forma de piadas sobre marijuana, deixado sem qualquer tipo de vergonha alheia. Do outro lado, a inclusão de Sarah Michelle Geller, numa altura em que Buffy, Caçadora de Vampiros estava prestes a terminar, e o humor meta, reconhecendo e fazendo pouco do leque de clichés que sabem que representam, fazem um filme leve e relativamente divertido de se ver, brindado pelo argumento de Gunn e Titley, muito antes de serem os argumentistas respeitados que são hoje.

A tradução do desenho animado para o mundo real nem sempre funciona, sobretudo no que toca a criaturas imaginárias, que nas suas formas pixelizadas e quadradas, fruto de um CGI básico, rapidamente mostra as suas marcas menos positivas, ainda que a um nível quase exclusivamente estético. Adicionalmente, a narrativa joga pelo seguro ao manter-se com a sua fórmula tradicional de vilão-da-semana, num formato extendido.


Não sendo o filme mais balanceado, é frequente vermos momentos divertidos no meio de uma situação toda ela desinteressante ou até exagerada, este acaba por perder o ritmo nas partes mais importantes da investigação e subsequente revelação, mesmo essa sendo mais previsível que muitos episódios da série original.

Com isto, Scooby-Doo é o primeiro de dois riscos que a Warner Bros. correu em trazer para o grande ecrã o gang mais popular de Hanna-Barbera, preferindo que a sua apresentação ao mundo real fosse uma mais consciente, ao som dos tambores do clássico dos Outkast "Land of a Million Drums". Ao fim de 18 anos, pode não ser visto com bons olhos, mas os poucos momentos meta são um exemplo para o que ainda estava para vir anos depois.

Nota Final: 2.5/5