27 de novembro de 2013

Combustión (2013)


Qualquer semelhança com o franchise Velocidade Furiosa é pura coincidência. Na verdade, este filme tem mais a ver com algo entre uma mistura de O Golpe Italiano com qualquer telenovela mexicana exibida na Telemundo.

Combustión conta a história de um gangue de ladrões, Ari (Adriana Ugarte), Navas (Alberto Ammann) e Nano (Christian Mulas), que roubam casas de homens seduzidos por Ari. Um último golpe, antes de acabarem de vez e irem para Lisboa (já chego a isso), envolve o roubo da joalharia dum casal rico e perfeito, Julia (María Castro) e Mikel (Álex González), onde as coisas depois não correm tão bem.

O que incomoda aqui é o triângulo amoroso de Ari com Mikel e Navas. Ora dorme com um, ora diz que ama o outro e, no fim, ficamos com uma salganhada autêntica de uma daquelas histórias de amor superficiais e corriqueiras. O facto de Mikel ter um passado misterioso não ajuda de todo a que Ari se afaste, fazendo que este trio amoroso seja fortemente desvalorizado.


A banda sonora, pouco variada, por vezes inapropriada e demasiado alta para o filme, absorve todo o tipo de sentimento que ele poderia transmitir, mas nem tudo é mau: Do ponto técnico e de condução profissional, o filme é realmente digno de Hollywood, com um bom ritmo que acompanha a ação. Os carros são potentes. Temos aqui Porsches, Ferraris, Lamborghinis... É só escolher! Infelizmente, só tenho pena que isto tudo não seja o suficiente para sobrepor aos diversos pontos negativos, como o fraco argumento e as personagens sem profundidade, que se juntam a um filme tecnicamente "cool" mas que nunca levam o espectador a realmente entrar em combustão (salvo seja!).

Um facto curioso é que Lisboa é mencionada diversas vezes pelos protagonistas, como se fosse algum porto seguro, sem qualquer acordo de extradição para Espanha e onde há corridas a torto e a direito e Navas diz que quer correr. A zona das docas, em Alcântara, perto da Ponte 25 de Abril, faz uma aparição bastante lisonjeadora, que até no poster aparece.

Nota Final: 2/5



Originalmente publicado em C7nema.net a 26 de Novembro de 2013

14 de novembro de 2013

The Family | Malavita (2013)


Depois de uma jornada a realizar filmes de animação, Luc Besson volta ao cargo para realizar um filme que tem tanto estilo quanto se espera e que conta com a produção executiva de Martin Scorsese.

Malavita conta a história de Fred Blake (Robert De Niro), nome do qual ele adotou depois de ter feito denuncias contra a máfia nova-iorquina e de ser inserido, juntamente com a sua família, no Programa de Proteção Testemunhas, sob a supervisão do FBI e do agente Robert Stansfield (Tommy Lee Jones).

Agora deslocados para a Normandia, França, região conhecida pelo seu papel no Dia D durante a Segunda Guerra Mundial, a família, constituída por Fred, a sua mulher Maggie (Michelle Pfeiffer), os seus filhos - Warren (John D'Leo) e Belle (Dianna Agron) - e a cadela sempre fiável Malavita, tentam readaptar-se à sua casa nova.


A realização de Besson, apesar de estar longe daquilo que tanto gostamos em filmes como Leon: O Profissional está exactamente no ponto certo, equilibrando os momentos calmos, os cómicos (que são muitos) e os de acção intensa.

Quando Maggie e Fred não estão a discutir sobre a história verídica que ele anda a compor numa máquina de escrever, são os filhos, Warren, um rapaz calculista e cuidadoso com o seu meio, e Belle, a típica estrangeira gira que todos os rapazes querem, que roubam o espectáculo com o diário da vida deles.

É nos últimos 25 minutos que a coisa aquece e entra no estado de puro divertimento, com um clímax previsível mas bom de se ver por estabelecer as suas próprias regras em algo que já se viu milhentas vezes. É aqui que Malavita consegue fazer sucesso, sem grandes exageros a nível visual.

Ainda assim, não é propriamente um filme para pensar, mas é certamente uma bela sessão passada no cinema.

Nota Final: 3/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 14 de Novembro de 2013

2 de novembro de 2013

About Time | Dá Tempo Ao Tempo (2013)


Pode parecer estranho, mas Richard Curtis conseguiu fugir um pouco ao lado habitual dos filmes que realiza, com a inclusão de uma componente de ficção cientifica, ainda que ao mesmo tempo mantenha os traços românticos que esperamos dele.

Dá Tempo ao Tempo conta a história de Tim (Domhnall Gleeson), um jovem que no seu 21º aniversário descobre pelo pai (Bill Nighy) que todos os homens na sua família têm o dom de viajar no tempo. Para isso só têm que ir para um local escuro e pensar no exacto momento em que querem voltar.

Entretanto, o grande objectivo de Tim é encontrar a sua alma gémea, conhecendo Mary (Rachel McAdams), e tentando pelo caminho acertar a sua abordagem para tornar as coisas perfeitas.


Tal como esperado, tudo o que podemos esperar de uma comédia romântica de Curtis está aqui. As piadas típicas britânicas são frescas, o amor é lamechas q.b. e a história até tem alguma coerência, salvo as regras impostas para a viagem do tempo serem constantemente quebradas sem grandes consequências.

Com uma realização mais matura que em O Amor Acontece, uma Rachel McAdams adorável e uma química de todo o elenco, não há muito mais a pedir de um filme como este, já que dentro daquilo que nos apresenta deixa-nos sempre cativados. Quem for fã da série popular britânica Doctor Who pode pensar que está perante um spin-off de um universo paralelo, mas com um tom menos geek
Felizmente, este lado irreal da história dá mais força à moral do filme, que procura que o espectador pense no que realmente nos deveremos focar na vida.

Nota Final: 3/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 1 de Novembro de 2013