Vivemos num mundo onde as redes sociais tendem ditar a nossa popularidade perante a sociedade, repleta de gostos, comentários e partilhas, onde qualquer sonho é, aparentemente, alcançável e dependente de como nos safamos entre os nossos pares. Talvez seja por isso que o mais recente filme de Max Minghella, Teen Spirit: Conquista o Sonho, esteja a tentar atingir um objectivo que hoje nos possa parecer estranho.
Conhecemos Violet (Elle Fanning), uma jovem que vive com a sua mãe numa pequena vila britânica e descobre que tem a oportunidade da sua vida para mostrar o que vale ao universo quando o programa de talentos mais popular da televisão faz um casting local. Mas as dificuldades de vida de Violet vão provar que nem tudo é fácil para conquistar o sonho, mostrando-se ser forte ao lado do seu novo mentor, Vlad (Zlatko Buric), um antigo cantor de ópera tornado sem-abrigo.
Na sua estreia na realização de longas-metragens, Max Minghella direcciona um filme competente na sua mensagem, mostrando um bocadinho os bastidores de como programas do género Ídolos e Factor-X funcionam, enquanto torcemos por uma personagem que sabemos que tem dentro dela tudo o que é preciso para ter sucesso.
Se por um lado a interpretação de Fanning é íntima e cativante, deixando abrir o coração para que possamos criar uma pequena relação com ela, por outro muito desse trabalho é estranhamente ofuscado por toda a parte visual da obra, onde a experiência de Minghella na música ditam momentos bizarros, mas que cujas intenções são claramente por opção artística e numa tentativa de contar de uma forma diferente uma narrativa já repetida anteriormente, ao qual não podemos censurar.
Dito isto, e na introspecção cinematográfica de filmes do género, o mais recente exemplo Vox Lux, com Natalie Portman, este demonstrando a história do crescimento duma diva onde Madonna e Lady Gaga interceptam com uma ideia mais punk rock e altamente dramática; não podemos deixar de notar que Teen Spirit: Conquista o Sonho é o produto duma obsessão pela fama, seja ela duma forma física, como virtual, mas que prefere focar no lado mais humano desse processo com uma personagem principal que nós podemos estar ao lado até ao fim, fazendo uma ligação a alguns artistas cuja fama online nos permitiu conhecer verdadeiros talentos, como por exemplo Billie Ellish.
Com isto, Teen Spirit: Conquista o Sonho traz novamente à ribalta uma história já contada previamente, mas com um twist adaptado aos dias de hoje, ainda pondo de lado todo o lado digital que se provaria ser um caminho demasiado fácil, dando oportunidade de conhecermos uma artista pelo que deverá ser mesmo reconhecida: o seu talento.
Nota Final: 3/5 (originalmente 6/10)
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Originalmente publicado em Central Comics a 29 de Abril de 2019.