Quando Brandon Cronenberg lançou em 2012 a sua primeira longa-metragem, Antiviral, as comparações como as expectativas que o seu filme estivesse ao nível daqueles feitos pelo seu pai, David, foram muitas. Afinal, ser o filho de um dos realizadores mais reconhecidos pela proliferação de um dos mais grotescos sub-géneros do terror, o chamado body horror, não seria fácil. Foi com o sucesso de Antiviral que o mundo se apercebeu que a maçã não cai muito longe da árvore, mas Brandon foi mais longe do que apenas seguir as pisadas do seu parente; iniciou um caminho todo seu. Foram precisos oito anos até que este fizesse o seu regresso, desta vez com Possessor.
Tasya Vos (Andrea Riseborough) é uma agente de uma organização secreta, que utiliza a tecnologia de microchips cerebrais para inabitar o corpo de outros, tornando-os em assassinos natos para uma clientela disposta a pagar o preço. O seu mais recente trabalho, esta irá habitar a mente de Colin Tate (Christopher Abbott), para assassinar a sua namorada, Ava (Tuppence Middleton) e o pai dela, John (Sean Bean), abrindo caminho para um novo CEO de uma empresa de tecnologia.
Cronenberg apresenta assim uma das obras mais horríficas do inicio da década, subtilmente levada pela narrativa obscura, repleta de sangue e momentos mais fora-da-caixa; demonstrando a sua capacidade inata de contar uma história que causa calafrios e demonstrar perfeitamente o seu sentimento. Talvez uma das suas maiores provas é ser um alto-conceito sangrento, algo que muitos provavelmente não achariam que seria uma boa combinação, mas que o realizador faz na perfeição, sem qualquer esforço. Desde uma palette de cores que podem ir do desinteressante para o alarmante em tempo recorde, às decisões chave das personagens e à forma de como a tecnologia funciona, tudo em Possessor claramente tem um propósito muito real.
Num momento em que o cinema de terror está surgir com um interesse mais nuance, Possessor poderia, com muita facilidade, ser um episódio de Black Mirror; com algo altamente intrigante à medida que vamos percebendo como a tecnologia poderá ser explorada para benefício dos mais ricos e que o futuro próximo será, de facto, o nosso fim.
Deste modo, Possessor é um dos filmes mais incríveis do ano, causando todo o tipo de sentimentos mais no cérebro, com sequências de deixar qualquer um boquiaberto, existindo espaço para toda a experimentação que o sub-género está associado. Este não é um filme qualquer, com uma intenção clara que causar a maior impressão possível, seja que, em alguma altura, pareça um truque dissimulado. Apenas desejamos que não demore mais oito anos a regressar ao grande ecrã.
Nota Final: 5/5