26 de abril de 2013

Trance | Transe (2013)


O realizador britânico Danny Boyle regressa às salas de cinema com este enigmático Transe, que promete fazer muitas cabeças girar.

O filme conta a história de Simon (James McAvoy), responsável por leilões de arte, que esconde uma pintura valiosa de Goya, durante um assalto. Depois de ser agredido e de bater com a cabeça, Simon perde a memória e consequentemente do local onde está a pintura escondida. É nesta altura que o criminoso Franck (Vincent Cassel) recorre ao serviço de hipnoterapia de Elizabeth (Rosário Dawson) para o tentar fazer lembrar onde está o Goya.


É aqui que as coisas se complicam. O filme trata de memórias e como é que elas nos definem. Brincar de forma muito séria como elas pode alterar, e muito, a nossa vida.
Muitas vezes sem aviso, a história muda de curso, deixando-nos por vezes a tentar perceber qual a percepção da realidade. Quando começamos a nos habituar a esta versão da história, a coisa volta a mudar de percurso, deixando-nos nas pontas dos pés, mantendo sempre alguma expectativa e mistério.

Em consequência, perdemos a confiança nas personagens, sendo que a sua figura está sempre em risco. Acontece que quando começamos a estar do lado de uma das personagens, a nossa visão da pessoa pode mudar, deixando por vezes uma sensação de que fomos traídos.

Mas isto não importa, porque o estilo moderno de Danny Boyle faz com que toda a experiência seja mais alucinante e única, deixando os fãs de Inception - A Origem, com um sorriso na cara.

Nota Final: 4/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 26 de Abril de 2013

Iron Man 3 | Homem de Ferro 3 (2013)


O início da Phase Two da Marvel Cinematic Universe, depois de uma longa viagem que acabou com Os Vingadores, não podia ter acontecido de melhor forma.

O filme desta vez apresenta-nos um novo vilão, o Mandarim (Ben Kingsley), um terrorista responsável por algumas explosões fatais. Mas nem tudo é o que parece. Tony Stark (Robert Downey Jr.), depois dos eventos em Os Vingadores, sofre de alguns ataques de ansiedade, não conseguindo dormir, o que lhe dá tempo para construir diversas novas armaduras, especialmente a Mark 42, com uma tecnologia inovadora. Isto tem lhe trazido problemas com a sua mais-que-tudo, Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), agora directora executiva da Stark Industries. Entretanto, esta conhece Aldrich Killian (Guy Pearce), criador do vírus Extremis, que permite a regeneração do corpo, mas que ainda está para ser aperfeiçoada.


A passagem da realização de Jon Favereau para Shane Black, não poderia ter sido feita de forma mais subtil, com o seu estilo definido noutro filme com Robert Downey Jr., Kiss Kiss Bang Bang. A acção que decorre durante todo o filme é bastante alucinante, mesmo com o nosso herói a perder tudo. O sidekick mais novo que aparece a meio da história traz-nos das melhores cenas do filme, mantendo Stark a sua personalidade narcisista e convencida. Aqui o ex-War Machine, agora chamado de Iron Patriot, armadura de James Rhodes (Don Cheadle), tem um destaque muito maior, deixando-nos conhecer de forma mais aprofundada a amizade entre ele e Tony Stark.

Entretanto, o Homem de Ferro continua a enfrentar vilões mais árduos, com o Mandarim, como o terrorista louco, e mais tarde uma série de mauzões infectados com o Extremis – e que parecem mesmo uns super-soldados feitos de lava. Infelizmente, não nos é mostrada de forma muito detalhada o desenvolvimento do vírus, deixando isso na banda desenhada original, na qual o filme tem por base.

Mesmo sem qualquer indício do que Os Vingadores 2 poderão abordar, Homem de Ferro 3 só por si é um excelente começo, que agora segue para as sequelas de Thor (2013) e Capitão América (2014).

Nota Final: 4/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 26 de Abril de 2013

20 de abril de 2013

Celeste & Jesse Forever | Celeste e Jesse Para Sempre (2012)


Numa altura em que as comédias românticas tentam reinventar-se, de vez em quando vamos encontrando algumas pérolas pelo meio, como é o caso desta história anti-amorosa, com Rashida Jones (Parks & Recreation) e Adam Samberg (Saturday Night Live).

Celeste e Jesse Para Sempre conta a história de um casal que parecia perfeito, mas que após os breves momentos iniciais do filme, veremos que estão a passar por um divórcio bastante pacífico e demasiado civilizado para o bem deles.

De um lado temos Celeste, uma rapariga bastante trabalhadora, divertida e preocupada em levar a sua vida a algum lado. Do outro temos Jesse, um artista preguiçoso que ainda está a tentar fazer com que a sua arte tenham algum tipo de sucesso, mas que se preocupa mais com a felicidade que a vida lhe pode dar.


Entretanto, os dois tentam sair com outras pessoas, o que inicialmente parece peculiar tendo em conta que são melhores amigos, Porém, Jesse descobre que engravidou uma rapariga com quem esteve três meses antes, o que o obriga a mudar de rumo.

O facto de ambos os actores terem alguma experiência no género da comédia, facilita bastante a química entre os dois, com alguns bons momentos que fazem rir o espectador casual. Para contribuir ainda mais para o humor do filme temos Elijah Wood como o melhor amigo homossexual, brincando um pouco (de forma civilizada) com os estereótipos.

No fundo, o filme é bastante humilde e modesto e aproveita-se muito bem dessa posição, com um argumento bem escrito e uma dupla que faz com que Celeste e Jesse Para Sempre seja o filme que The Break-Up - Separados de Fresco deveria ter sido.

Nota Final: 3.5/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 19 de Abril de 2013

19 de abril de 2013

Dead Man Down | Dead Man Down - Um Homem a Abater (2013)


Dead Man Down - Um Homem a Abater parece estar rotulado como mais um filme que deveria ter sido lançado logo para DVD, mas que por baixo desta capa esconde uma química razoável.

O filme conta a história de Victor (Colin Farrell), um homem que está infiltrado num gangue de Nova Iorque e que acaba por revelar que o seu motivo é simples: Vingança. Entretanto conhece Beatrice (Noomi Rapace), uma vizinha simpática e vulnerável que também tem sede de vingança pelo acidente que sofreu e que a desfigurou. Assim, acompanhamos com algum mistério os verdadeiros métodos que ambas personagens irão usar para se vingar daqueles que lhes fizeram mal, mas a química romântica entre Victor e Beatrice só prova que no amor e na guerra vale tudo.


A acção consegue ter um bom passo mas algumas vezes fica sem efeito pois trava quando menos esperamos. No que diz respeito às personagens, estas são apresentadas como seres humanos verdadeiros, por vezes com alguma consciência, mas por mais estranho que pareça, uma inexistente moral para chegar ao fim dos seus objectivos, deixando o espectador questionar-se se de facto vale ou não a pena relacionarmos com estas pessoas.

Contudo, o mais estranho desta obra é a realização de Niels Arden Oplev (responsável pela versão sueca de Os Homens Que Odeiam as Mulheres). Quando quer mostrar a cidade de Nova Iorque, fá-lo sempre num tom escuro, melancólico e bastante miserável (muito como Pierre Morel trabalhou Taken). No fundo, temos um cineasta com uma mentalidade de cinema europeu a realizar um filme mais hollywoodesco, mas sente-se que existe ali algum tipo de esforço que parece, contudo, ser em demasia.

Na essência, este não é um filme propriamente original, nem nos apresenta nada de novo, mas demonstra uma abordagem interessante para percebermos até que ponto podemos agarrar numa história já reciclada e, com as alterações certas, fazer uma fita razoável.

Nota Final: 2.5/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 19 de Abril de 2013

11 de abril de 2013

Scary Movie 5 | Scary Movie 5 - Um Mítico Susto de Filme (2013)


Quinto capítulo de uma saga que nunca ouviu a expressão "deixa estar quem está sossegado". Na verdade, Scary Movie 5 só mostra como é que se pode fazer um filme que tenta e falha miseravelmente em ter algum tipo de coesão, interesse e piada, com um argumento que parece que foi escrito numa tarde aborrecida.

As tais referências que fazem o filme são mal utilizadas, ao ponto da paródia por vezes querer parecer melhor que o filme original (como o caso de A Origem, Mamã e O Cisne Negro). As paródias desviam-se sempre pelo caminho das piadas fáceis e ridículas (que acabam por depois não ter piada nenhuma) e nem Ashley Tisdale consegue salvar o filme.


As presenças no ecrã de Charlie Sheen e Lindsay Lohan durante não mais que cinco minutos são o suficiente para nos apercebemos que ter comprado um bilhete para ir ver este filme pode muito bem ter sido a pior forma de gastar dinheiro. Gostava muito de dizer que havia algo de bom em Scary Movie 5, mas durante a sua curta duração não houve um único segundo que se aproveitasse.

Nota Final: 0/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 11 de Abril de 2013

6 de abril de 2013

Gambit | Ladrões com Estilo (2012)

Remake de um filme de 1966 com o mestre Michael Caine, nesta versão com Colin Firth, Cameron Diaz e Alan Rickman, realizado por Michael Hoffman e escrita pelos irmãos Coen, seria de esperar que o filme conseguisse puxar os fãs da comédia para um festival de risos. Infelizmente, ao fim de hora e meia de filme os risos são de lamento por não ser a comédia moderna que deveria.

Ladrões com Estilo conta a história de Harry Deane (Firth), um curador de arte que decide vingar-se contra o seu patrão irritante (Rickman) e engenha um plano genial para o fazer comprar uma pintura falsa de Monet. Mas todos os planos precisam duma bela rapariga e terá que ser com a ajuda da cowgirl PJ Puznowski (Diaz) que Deane terá que contar para triunfar.

O grande problema do filme é que, apesar de ter os elementos chave das obras dos Coen, simplesmente não transmite aquilo que deveria – os mesmos elementos que fazem com que eles sejam um duo de realizadores geniais. Mas aqui há falta deles.


A começar com o sotaque texano ridículo de Cameron Diaz e com a personagem desastrada de Colin Firth, que tenta (e falha) em fazer com que o espectador tenha algum tipo de relação com o seu curador mal tratado pelo chefe. O argumento básico e sem grande piada é mais um dos graves problemas do filme.

Entretanto há algo positivo: os asiáticos. Eles formam uma excepção realmente genial, protagonizando os únicos momentos verdadeiramente cómicos. Mereciam mais tempo de antena.

No todo, é uma má tentativa de modernizar um clássico.

Nota Final: 1/5


Originalmente publicado em C7nema.net a 6 de Abril de 2013