As adaptações de videojogos para cinema têm uma má reputação. Por alguma razão, ainda no início dos anos ’90, os estúdios norte-americanos viram o quão apelativo seria tornar em filme algo que os jovens jogavam nas arcadas ou em casa, trazendo a experiência do mundo virtual interactivo para um mundo cinematográfico.
Nem sempre funcionou como devido, como Super Mario Bros. mostrou que adaptar o mundo da Nintendo acabou num filme piroso e sem grande sentido. Ainda que pirosos, os clássicos de beat ‘em up Street Fighter e Mortal Kombat, sempre deixaram ser guilty pleasures valiosos.
Com o passar dos anos, os Resident Evil não contribuíram para nada e Uwe “O Pior Realizador de Sempre” Boll, bem tentou adaptar o máximo número de videojogos, nunca sendo capaz de fazer um que fosse decente. Nem esta é a primeira encarnação de Tomb Raider no grande ecrã, tendo Angelina Jolie feito esse papel no início do milénio, com dois filmes que não passavam de entretenimento para um Domingo à tarde.
Entretanto, no mundo dos videojogos, em 2013, a Lara Croft voltou a aparecer numa nova aventura, num reboot muito bem recebido, que volta às origens dum ícone. Uma Lara jovem, novata e com muito por aprender, é posta no meio do perigo presente e imediato. É com base nesse reboot que este filme se baseia. Mas longe de ser uma cópia por inteiro, ele cria as suas próprias consequências perante as acções levadas pelas actriz sueca Alicia Vikander.
Tentando ser uma jovem normal, Lara é enfrentada com o falecimento do pai há 7 anos, sem sucesso em encontrar as provas que ela precisa. Mas ao seguir um trilho de migalhas, Lara assume o papel de ir atrás daquilo que ele fazia, e tentar descobrir o que realmente aconteceu. Isto leva-a à ilha de Yamatai, onde está escondido o túmulo da Rainha da Morte, Himiko. Claro que quando chega à ilha, a entidade maléfica Trinity ainda não desistiu de chegar ao túmulo que, alegadamente, garante um enorme poder que irá arruinar o mundo.
Existem algumas cenas interessantes ao longo do filme, desde da Lara Croft do dia-a-dia, longe da sua herança e sempre a tentar provar algo, às recriações emocionantes das cenas dos videojogos, que no grande ecrã proporcionam toda uma experiência nova. Infelizmente, o filme fica-se apenas por breves momentos de interesse, que tornam o resto da aventura em algo insípido e, por vezes, aborrecido.
O dito vilão desta história, Mathias Vogel (Walton Goggins) é apenas um homem a seguir cegamente as ordens da Trinity, como o novo parceiro de Lara, Lu Ren (Daniel Wu) não tem grande utilidade nesta película, sendo apenas uma peça crucial durante as cenas do barco a caminho da ilha.
É de momentos que Tomb Raider vive. Momentos de emoção caótica, seguidos por momentos menos interessantes, na tentativa de haver algum tipo de explicação para os acontecimentos e desenvolvimento das personagens.
De longe existe uma comparação com o videojogo, sendo que ele, apesar das poucas semelhanças, segue o seu próprio caminho. Com tantas opções possíveis, não seria de esperar que se fiasse muito no material base, e dou-lhe um ponto por isso. Mas retiro-o logo, porque a opção escolhida parece ter sido executada sem grande fé nos seus objectivos.
Após o final, põe-se em questão das intenções deste primeiro filme, que parece ter na manga algo maior (e melhor, esperemos), deixando aqui um enorme sentimento de que estas duas horas de Tomb Raider não seja um filme, mas sim o primeiro episódio duma série que não existe.
E se há uma coisa que eu não posso admitir dos meus filmes, é que me traiam desta forma…
Nota Final: 2/5
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Originalmente publicado em Geek'Alm a 19 de Março de 2018.
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