31 de maio de 2018

Hereditary | Hereditário (2018)


Em Janeiro de 2018, a edição deste ano do festival de cinema de Sundance nunca mais foi o mesmo, com o realizador Ari Aster a estrear a sua primeira longa-metragem. A crítica presente na sessão não ficou indiferente e em unanimidade, genuinamente classificaram o filme como o mais assustador que já viram em muitos anos, o que certamente irá deixar fãs do género ansiosos.

Hereditário conta a história da família Graham, que enquanto lidam com a morte duma parente próxima, isto parece ter desencadeado um maldição que persegue ambos pais e filhos, das piores formas possíveis.

Pouco a pouco, enquanto que a mãe, Annie (Toni Colette) busca formas de aceitar a morte, esta descobre alguns segredos obscuros sobre a sua linha hereditária, numa narrativa com algum mistério pelo meio.


Ari Aster cria assim, um mundo repleto de ínfimos detalhes, todos eles importantes para contar uma história muito assustadora, que durante pouco mais duas horas, são vários os momentos de choque e de cortar a respiração.

O apelo à humanidade em cada um de nós é um dos factores importantes para que este puzzle faça sentido. A abordagem de temas como o luto e as consequências físicas e mentais que nos submetemos em situações semelhantes, permitem criar um laço de empatia com as personagens durante o que imaginaríamos ser a pior altura da vida deles.

Tudo o que vemos no ecrã tem importância, seja um colar, uma imagem, uma acção… Tudo conta para o grande plano que existe para a família Graham e como serão as consequências daquilo que passam. Toni Colette já foi uma actriz popular durante a década de 90 e que aqui mostra que ainda tem muito para dar, com talvez das suas melhores aparições em cinema desde há muito tempo. Com ela está Alex Wolff, um jovem actor visto anteriormente em Jumanji: Bem-Vindos à Selva, que aqui mostra que é sem dúvida um dos grandes actores duma geração futura.


Poder definir Hereditário em uma palavra será fácil: Chocante. Justificar a escolha da palavra, já não é tão fácil, pois o filme leva o espectador numa viagem que no fim compensa por todos os choques e incredibilidades que irá passar. Há realmente momentos desconfortáveis, que certamente irão deixar qualquer um agarrado à cadeira e com as mãos a tapar a boca.

O próprio género de terror acaba por ter uma reflexão diferente ao espectador, do que outros géneros; os apreciadores dirão que há filmes bons ou filmes maus, raramente havendo um intermédio. Cada vez vemos mais realizadores do género a estrearem-se nas longas metragens e estes serem incrivelmente bons. Foi o que aconteceu com Super Dark Times de Kevin Phillips, Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa de Ana Lily Amirpour e O Babadook de Jennifer Kent. Isto prova que realmente, o terror é a plataforma ideal para serem contadas as histórias sem grande intervenção dos grandes estúdios de Hollywood. Apoiando nessa teoria estão as distribuidoras, que neste caso particular, foi a A24 que tem feito mais ondas pelos circuitos de festivais, sendo já sinónimo que estamos perante um filme com uma história alternativa.


Assim, Hereditário é mais um dos muitos filmes de terror que nos esperam nas salas durante o resto do ano, vendo o género a ganhar mais oportunidades de mostrar verdadeiras obras-primas como deste tipo. Nós agradecemos, e muito!


Originalmente publicado em Geek'Alm a 31 de Maio de 2018.

22 de maio de 2018

Solo: A Star Wars Story | Han Solo: Uma História de Star Wars (2018)


Já passaram cinco meses desde que vimos Os Últimos Jedi, que deixou meio mundo boquiaberto, com a outra metade a duvidar se a nova trilogia iria tomar um caminho menos interessante. Mas antes, Rogue One mostrou que Star Wars é muito mais que as suas trilogias e que as suas histórias paralelas valem, e muito, a pena contar. Isto sobretudo se mostrar novas personagens que poderão ir mais a fundo o enorme universo que George Lucas criou. Agora chegou a vez de Han Solo contar a sua história.

Han Solo: Uma História de Star Wars é, sem dúvida, um filme que conta a origem da tão amada personagem, originalmente protagonizada por Harrison Ford. Desta vez cabe a Alden Ehrenreich ser o ladrão mais charmoso da história do cinema. Muito antes do Millennium Falcon ser a sua nave de eleição, nesta aventura vamos apanhando algumas outras explicações de factos que já duram décadas, desde dos dados dourados, à amizade com Lando Calrissian (Donald Glover) e Chewbacca (Joonas Suotamo).


Há uma certa nostalgia em ver as versões jovens de personagens icónicas, que claramente são uma extensão do que já sabemos sobre eles, nunca comprometendo a ideia que temos sobre eles, reagindo exactamente como esperado nas diversas situações. Por outro lado, a apresentação de personagens até agora desconhecidas, sobretudo a namorada de Solo, Qi’ra (Emilia Clarke), deixa-nos a pensar um pouco sobre como influenciaram o universo enquanto se passavam outras coisas no universo. É na exploração das personagens que o filme ganha mais pontos, juntamente com uma aventura onde não existe nenhum momento aborrecido.

A distância que este filme tem dos acontecimentos actuais de Star Wars é no oposto polar, permitindo assim nós nos perdermos sem sequer pensarmos que existe algo que será relevante no último filme da trilogia, ainda sem título, a estrear em 2019. O facto de passarem apenas cinco meses desde do nosso último convívio com Star Wars, seria natural sentir alguma saturação tão pouco tempo depois. Ainda mais desde que passou apenas um mês desde do choque dos Vingadores. Novamente Han Solo ganha, porque é apresentado como um filme que permite esquecer praticamente tudo o que sabemos sobre o universo e apreciar a aventura sobre um roubo de “hipercombustível”.


Não é desconhecido os vários problemas que o filme teve durante a sua produção, desde da dupla de realizadores Phil Lord e Christopher Miller terem saído, sendo substituídos por Ron Howard, realizador mentorizado pelo próprio Lucas; a Alden Ehrenreich necessitar intervenção profissional como actor a pedido pela Lucasfilm. Este drama todo foi comparado com outras produções cujos problemas resultaram em filmes com algumas falhas, mas que neste caso, o produto final não demonstra absolutamente nada negativo que valha a pena apontar.

No fim Han Solo: Uma História de Star Wars não é de todo um filme perfeito, mas é longe de ser o filme mau que a opinião pública criou em torno destes anúncios e outros rumores entretanto, provando que mais vale julgar algo no fim, depois de mostrar aquilo que ele realmente é feito. Só queríamos era mais tempo de antena com Donald Glover!

Nota Final: 2.5/5


Originalmente publicado em Geek'Alm a 22 de Maio de 2018.

17 de maio de 2018

Blockers | Os Empatas (2018)


Em cada década, acabamos por ver estrear filmes de comédia que, vistos muito mais tarde são capazes de fazer situar o mundo como ele era naquele momento. Há 10 anos atrás, foram as comédias com Vince Vaughn e Ben Stiller, e muito ligadas ao amor. Como esperado, o mundo continuou a girar e a girar, até que somos confrontados com uma actualização desta realidade presente. É aqui que Os Empatas entra.

Primeiramente, é pensar no que mudou nos últimos 10 anos. Rapidamente chegamos à conclusão que a maior mudança foi a introdução das redes sociais, que desencadearam todo o tipo de consequências, tanto positivas como negativas. Obama ainda não era presidente, e John Cena continuava a ser a maior estrela de wrestling do Mundo.


Hoje, as coisas são muito diferentes, porque John Cena está encaminhado para ser a próxima maior estrela de cinema, ao lado de Dwayne “The Rock” Johnson, também vindo do mundo do wrestling profissional.

Os Empatas contam assim a história do baile de finalistas, adaptada num mundo dominado pelas redes sociais e as aplicações de mensagens, com texto simples a ser substituído pelos emojis. Do outro lado estão três pais que, ao descobrirem que os filhos planeiam fazer sexo nesta noite mágica, fazem tudo para os impedir. Claro que, pelo caminho há uma realização de que isto é só uma versão do que acontecia no tempo deles.


O lado positivo de modernizar uma história já contada mil vezes é a oportunidade de mostrar um lado diferente e é onde Os Empatas ganham mais pontos, ajustando alguns pormenores dos clichés e torná-los mais normais para o espectador.

Assim, enquanto que vemos três pais, a tomarem acções naturalmente disparatadas, ao mesmo tempo ao vermos três raparigas cujo objectivo da noite está bem alinhado, percebemos que mesmo quando algumas piadas falham, existe um enorme sentimento por detrás das intenções.


Os Empatas fazem para se distinguirem das comédias que exploram piadas fáceis de adolescentes, preferindo assim focar no lado dos pais que parecem não perceber que as coisas mudam e as suas filhas cresceram. Agora que temos este filme para definir uma década, mal posso esperar para ver como vão ser as coisas daqui a dez anos…

Nota Final: 3/5


Originalmente publicado em Geek'Alm a 17 de Maio de 2018.

10 de maio de 2018

Anon (2018)


Vindo provavelmente da popularidade da série de culto Black Mirror, ou pelo menos inspirada na antologia de “terror-porque-é-completamente-plausível”, vem um filme que estreia na Netflix em muitos países estrangeiros, mas que alguns terão a oportunidade de ver no grande ecrã. Sendo apologista que os filmes vêem-se melhor numa sala escura, num ecrã 20 vezes maior que eu, Anon foi um filme que não tinha nenhuma expectativa atrás dele e com tudo para se dar bem.

Daqui a uns anos, a nossa privacidade vai nos ser retirada, com a defesa que tem que existir transparência junto às autoridades, facilitando a nossa identificação permanentemente. Juntando a isso, existe um registo de tudo o que fazemos em vídeo, não vão as provas físicas serem insuficientes quando tens o culpado em flagrante delito.

É este o futuro que Anon nos dá. Pelos vistos também nos oferece um futuro sem sol, pois nas quase duas horas de filme, o cinzento era a cor dominante.


É quando uma série de homicídios ditos estranhos acontecem, o Detective Sal Frieland (Clive Owen) é o homem ideal para os investigar. Recorrendo ao sistema de vigilância humano, é possível ver que o sistema visual delas foi hackeado e foram capazes de ver a sua própria morte, nunca podendo então ver quem ser o seu assassino.

A intriga rapidamente foge para a associação da personagem sem nome de Amanda Seyfried, uma rapariga incapaz de ser identificada pelo tal sistema futurista, deixando assim assumir que ela é a culpada.

Duma forma ou doutra, todas as provas apontam para esta rapariga anónima, que eventualmente se descobrem os seus talentos informáticos em alterar os registos e gravações visuais, sem deixar grandes rastos. É fácil de então perceber que a sociedade presente fia-se tanto neste sistema de provas concretas, que são incapazes de aceitar provas que possam ser contraditórias sem sequer considerarem a sua legitimidade no caso.


Toda a narrativa baseia-se no que vemos, com o filme a passar entre dois aspect ratios diferentes, com um letterbox para o mundo real e um 16:9 para o mundo real com sobreposição do virtual. O problema é que estas passagens tornam-se rapidamente enfadonhas e a visão de Point of View (POV) aborrecida ao fim de 3 cenas repetidas.

Anon é um filme que queria muito ser um episódio de Black Mirror, mais claro do que isso é impossível. Mas acabou por ser demasiado pensado, com toda a sua essência de surpresa retirada à força, com um argumento que finge enganar o espectador e uma realização comprometida pelo uso dos efeitos visuais e sobreposições da tecnologia.

Dito isto, e tendo em conta a tecnologia real existente nos dias de hoje, é possível considerar Anon como um falhanço necessário para vermos o potencial que a ideia do espectador decidir o rumo da narrativa dum filme pode ser uma opção viável.


Isto é possível através da CtrlMovie, uma empresa que tem andado nas bocas do mundo estas últimas semanas, depois da 20th Century Fox anunciar que iria produzir um filme onde nós podíamos escolher os caminhos das personagens, dando uma experiência mais personalizada.

Assim, se Anon adoptasse esta tecnologia, talvez teria tido outro destino. Mas da forma que o vemos hoje no formato tradicional de cinema, é uma experiência que, infelizmente, não tem valor que lhe valha.

Nota Final: 3/5


Originalmente publicado em Geek'Alm a 10 de Maio de 2018.

Mom and Dad | Cuidado com a Mamã e o Papá (2017)


Nicholas Cage tem andado ocupado nos últimos anos, passando do grande ecrã para o universo de cinema de série-B, entrando em dezenas de filmes de fraca substância. Mas este Cuidado Com a Mamã e o Papá é capaz de ser um ponto de viragem. Entretanto, Brian Taylor, que acaba de lançar a sua nova série Happy! na Netflix, traz agora um filme com uma premissa demasiado lunática para ser verdade.

Depois dum sinal transmitido pelas televisões torna os pais de criança em assassinos natos, cabe agora aos mais novos sobreviverem aos devaneios das suas mamãs e papás.


No meio de tantos pais a quererem, literalmente, matar os filhos sem razão aparente, está uma família disfuncional, com o pai Brent (Cage), a mãe Kendall (Selma Blair) e os filhos Carly (Anne Winters) and Josh (Zackary Arthur).

O grande nível de violência que nos toma de assalto é de deixar qualquer um quase em estado de choque. É feito por vezes de formas tão gráfica, que não há como não ficarmos incomodados, pelo menos no inicio, ao vermos como este virus se espalha e afecta os outros pais.

Quando a narrativa passa para a família Ryan, é que as coisas tomam um rumo mais focado, sobretudo porque é neste filme que vemos Nicholas Cage no seu estado mais louco desde… Bem, desde sempre.


São muitos os momentos de intensidade presentes no filme, de cortar a respiração, pois nós espectadores não temos escape nenhum ao que é testemunhado. Considerando a filmografia de Taylor e o seu trabalho com Mark Neveldine nos filmes Crank – Veneno no Sangue e Jogo, o nome é sinónimo de insanidade sem contenção e é exactamente o que este Cuidado Com a Mamã e o Papá é, mas multiplicado por dez.

Como se não bastasse, no fundo está uma banda sonora que causa um incomodo tal como quase tudo que vemos, aproveitando ao máximo o assalto sensorial de choque que o filme quer dar.

No fim, resta-nos uma experiência de fazer tremer de tanta emoção, e com medo de falar com os nossos pais.


Originalmente publicado em Geek'Alm a 10 de Maio de 2018.

8 de maio de 2018

Family Blood (2018)


Pode ser estranho haver um novo filme da produtora Blumhouse, tão pouco tempo depois da estreia de Verdade ou Consequência nas salas, mas é um facto relativamente conhecido que a produtora de terror mais rentável do mundo está sempre com algo nas mangas e muitas vezes são segredos bem guardados. Assim, desta vez a estreia de Family Blood em Portugal foi feita na Netflix, não como conteúdo original da plataforma de streaming, mas como se um cinema acessível por milhões de utilizadores se tratasse.

Ellie (Vinessa Shaw) é uma toxicodependente a recuperar que, juntamente com os seus filhos Kyle (Colin Ford) e Amy (Eloise Lushina), mudam-se novamente para outra cidade com o objectivo de recomeçarem a sua vida.


Numa das reuniões do grupo de apoio anónimo, Ellie conhece Christopher, um homem que diz ter outro tipo de vício: Sangue. Isto faz com que ele leve Ellie para caminhos menos bons, transformando-a num vampiro, pelo menos num sentido sobrenatural.

Ao inicio, Ellie estranha as mudanças que estão a acontecer ao seu corpo e à sua mente, com tudo o que define o que é um vampiro ser atirado pela janela e deixando de fora todos os mitos associados a ele, como a reacção ao sol ou ao cheiro de alho. Outras coisas são mais subtis, como a incapacidade de beber café ou tomar outras drogas, mostrando-nos uma versão mais realista destes seres.

A vontade de Ellie para beber sangue controla-lhe a vida duma forma que não é fácil gerir, sobretudo quando os seus filhos suspeitam que a mãe voltou a ter uma recaída e está novamente sob a influência. Pouco a pouco, vamos descobrindo no que Christopher realmente a tornou, com Ellie a ser forçada aceitar ter este homem estranho na sua vida, enquanto que Kyle e Amy só querem perceber como podem ajudar a sua mãe.


A violência e o medo instalam-se na casa, num filme que em crescendo revela toda a informação pertinente nas alturas certas, com espaço de mostrar o quão diferente quer ser num sub-género de terror que parecia já ter dado todas as cartas.

Não sendo de todo uma reinvenção, é claro que o argumento e a realização de Sonny Mallhi tem um propósito de voltar a mostrar que os vampiros são criaturas com maldade verdadeira, invés de todas as variações que temos tido (sim, estou a olhar para ti Crepúsculo).

Da forma que o filme envolve, somos confrontados com o significado verdadeiro de família e união, que para resolver o mal presente, desta figura que apareceu para arruinar a vida desta família inocente, aproveitando das suas dores e vulnerabilidade duma forma predatória.


Comparando com outros filmes da produtora, e tendo em conta que este foi lançado fora das salas de cinema, não deixa de ser estranho este filme ter sido escolhido, tendo em conta as muitas críticas negativas de Verdade ou Consequência. Isto porque Family Blood, é de muitas formas, superior ao filme-sensação de adolescentes que fazem decisões estúpidas; com os seus momentos assustadores nas alturas certas e um filme de vampiros que não se mostra óbvio para passar a sua mensagem.

No fim, temos um dos melhores filmes de terror do ano, que talvez um dia seja apreciado como uma obra que é mais família que monstro. Para ver e sentir.

Nota Final: 3.5/5

Originalmente publicado em Geek'Alm a 8 de Maio de 2018.

3 de maio de 2018

A Quiet Place | Um Lugar Silencioso (2018)


Numa altura em que o box-office é dominado por franquias e blockbusters, em grande parte os chamados “filmes-pipoca”, nunca se sabe como o público vai reagir a um filme independente de género. Foi assim que surgiu Um Lugar Silencioso, vindo da obscuridade e que nas últimas semanas tem dominado o top de filmes mais vistos nos Estados Unidos, criando um hype incansável atrás dum filme que tinha tudo para se manter na escuridão.

Realizado e protagonizado por John Krasinski, Um Lugar Silencioso conta-nos a história duma família à beira do colapso, tentando sobreviver enquanto criaturas alienígenas que são atraídas por som rumam a cidade.


Não existe qualquer explicação em como isto tudo começou, pelo que as únicas informações, dadas através de manchetes de jornais e outras pequenas notas, reforçam o facto de que o melhor é não fazer barulho nenhum se quiserem viver. As coisas tornam-se complicadas quando Evelyn (Emily Blunt) está grávida de um filho, criando assim um conflito perante o universo em que vivem.

O dia-a-dia desta família vê-se assim cingida por uma adaptação de vida necessária para a sua sobrevivência, desde de arranjar formas criativas em reduzirem todo o ruído que fazem ao andar, à utilização de língua gestual para comunicarem. Mas claro, a tensão vem quando uma noite, estes encontram-se numa situação grave, onde as criaturas estão em vantagem.

A curta duração do filme, sendo pouco menos dos 90 minutos tradicionais, permite que o ritmo do filme não encadeie em cenas inteiramente desnecessárias, dando-nos assim uma sensação realista de o que esta família esteja a passar.


Sendo Um Lugar Silencioso um filme que desafia a própria definição do género de terror e thriller, o mesmo utiliza outros meios sonoros para deixar-nos num estado de inquietação, que em muitas formas, redefinem as regras do cinema. Aliás, apenas a 30 minutos dentro do filme é que ouvimos o primeiro diálogo falado, e a seguir a ele estão uma mão cheia, todos eles não mais longos que o necessário. A isto se junta uma banda sonora tremenda, que cria e acompanha todos os momentos de tensão.

Nota Final: 4/5


Originalmente publicado em Geek'Alm a 3 de Maio de 2018.