8 de maio de 2018

Family Blood (2018)


Pode ser estranho haver um novo filme da produtora Blumhouse, tão pouco tempo depois da estreia de Verdade ou Consequência nas salas, mas é um facto relativamente conhecido que a produtora de terror mais rentável do mundo está sempre com algo nas mangas e muitas vezes são segredos bem guardados. Assim, desta vez a estreia de Family Blood em Portugal foi feita na Netflix, não como conteúdo original da plataforma de streaming, mas como se um cinema acessível por milhões de utilizadores se tratasse.

Ellie (Vinessa Shaw) é uma toxicodependente a recuperar que, juntamente com os seus filhos Kyle (Colin Ford) e Amy (Eloise Lushina), mudam-se novamente para outra cidade com o objectivo de recomeçarem a sua vida.


Numa das reuniões do grupo de apoio anónimo, Ellie conhece Christopher, um homem que diz ter outro tipo de vício: Sangue. Isto faz com que ele leve Ellie para caminhos menos bons, transformando-a num vampiro, pelo menos num sentido sobrenatural.

Ao inicio, Ellie estranha as mudanças que estão a acontecer ao seu corpo e à sua mente, com tudo o que define o que é um vampiro ser atirado pela janela e deixando de fora todos os mitos associados a ele, como a reacção ao sol ou ao cheiro de alho. Outras coisas são mais subtis, como a incapacidade de beber café ou tomar outras drogas, mostrando-nos uma versão mais realista destes seres.

A vontade de Ellie para beber sangue controla-lhe a vida duma forma que não é fácil gerir, sobretudo quando os seus filhos suspeitam que a mãe voltou a ter uma recaída e está novamente sob a influência. Pouco a pouco, vamos descobrindo no que Christopher realmente a tornou, com Ellie a ser forçada aceitar ter este homem estranho na sua vida, enquanto que Kyle e Amy só querem perceber como podem ajudar a sua mãe.


A violência e o medo instalam-se na casa, num filme que em crescendo revela toda a informação pertinente nas alturas certas, com espaço de mostrar o quão diferente quer ser num sub-género de terror que parecia já ter dado todas as cartas.

Não sendo de todo uma reinvenção, é claro que o argumento e a realização de Sonny Mallhi tem um propósito de voltar a mostrar que os vampiros são criaturas com maldade verdadeira, invés de todas as variações que temos tido (sim, estou a olhar para ti Crepúsculo).

Da forma que o filme envolve, somos confrontados com o significado verdadeiro de família e união, que para resolver o mal presente, desta figura que apareceu para arruinar a vida desta família inocente, aproveitando das suas dores e vulnerabilidade duma forma predatória.


Comparando com outros filmes da produtora, e tendo em conta que este foi lançado fora das salas de cinema, não deixa de ser estranho este filme ter sido escolhido, tendo em conta as muitas críticas negativas de Verdade ou Consequência. Isto porque Family Blood, é de muitas formas, superior ao filme-sensação de adolescentes que fazem decisões estúpidas; com os seus momentos assustadores nas alturas certas e um filme de vampiros que não se mostra óbvio para passar a sua mensagem.

No fim, temos um dos melhores filmes de terror do ano, que talvez um dia seja apreciado como uma obra que é mais família que monstro. Para ver e sentir.

Nota Final: 3.5/5

Originalmente publicado em Geek'Alm a 8 de Maio de 2018.

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