30 de agosto de 2018

Capt'n Sharky | Capitão Sharky (2018)


Com as aulas quase, quase a começarem, ainda há tempo para uma boa distracção no cinema. Capitão Sharky é uma das propostas em cartaz que estreia a 30 de Agosto.

Inspirado no livro alemão por Jutta Langreuter e ilustrado por Silvio Neuendorf, Capitão Sharky é um jovem pirata, o mais destemido deles todos.

Ele, juntamente com a sua tripulação animada, vão em várias aventuras, com a maior ainda por vir.

É quando a filha dum almirante foge no barco de Sharky, esta junta-se à equipa, com Paulo, um amigo novo, também a fazer o seu caminho nesta aventura.


Ao estilo da animação alemã, Capitão Sharky explora os vários significados de orgulho e o valor da amizade, com vários momentos divertidos entre humanos e animais.

Ainda com o seu orçamento reduzido, comparativamente a outros estúdios como a Pixar ou a Dreamworks, existem diversas cenas que poderão por vezes ser sobrecarregado para as crianças, isto porque a sua curta duração de apenas 73 minutos faz a história acontecer num passo demasiado rápido.

Felizmente, temos alturas onde a tensão é aliviada pela comédia e a imaginação nesta aventura.


É assim que Capitão Sharky se estreia no grande ecrã, com uma imensa vontade de ser o melhor pirata de sempre e, claro, deixar as crianças às gargalhadas.

Nota Final: 2.5/5 (originalmente 5/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 30 de Agosto de 2018

28 de agosto de 2018

Juliet, Naked | Julieta, Nua (2018)


Num Verão repleto de blockbusters, eis que estreia uma comédia-romântica, Julieta, Nua. Mas não se enganem pelo título do filme, ele não contém nudez absolutamente nenhuma.

Inspirado no livro de Nick Hornby, Julieta, Nua conta-nos a história de Annie (Rose Byrne), uma mulher cujo namorado, Duncan (Chris O’Dowd) é obcecado pelo compositor e cantor norte-americano Tucker Crowe (Ethan Hawke).


Esta obsessão deve-se ao álbum “Juliet” de Tucker, considerado por Duncan uma obra-prima, que passa a sua vida a analisar a fundo todos os aspectos do álbum, inspirado pelo fim de uma relação de Tucker. Desde então, que desapareceu sem rasto, deixando o ar o seu paradeiro como artista.

Um dia, Annie depara-se com uma cópia do CD com versões incompletas, intitulado “Juliet, Naked”, onde acaba por escrever uma crítica bastante dura ao que ouviu. Poucos dias depois, Annie recebe um email pessoal de Tucker, que inicia assim uma relação transatlântica com ela.


Longe de cair nos típicos clichés do rom-com, Julieta, Nua prefere antes tomar o rumo de mostrar as consequências de mudar um dia-a-dia banal, sem grande interesse.

Enquanto que essa monotonia desaparece, Annie é forçada a reagir às cartas que a vida lhe dá, havendo espaço então para que as personagens em seu redor cresçam com estas mudanças, sobretudo quando mais tarde Tucker vai a Londres para conhecer Annie.

Naturalmente, a vida de drogas, álcool e rock ‘n roll é substituta pela responsabilidade do seu filho, Jackson (Azhy Robertson), sendo que Tucker apenas se preocupa com o seu paz e sossego, enquanto vive na garagem da sua ex-mulher.


A narrativa, apesar de sentir muito orgânica, decide não trazer nada de novo ao género, deixando por vezes algumas oportunidades passar, sobretudo na comédia.

No fim, Julieta, Nua é um filme discreto o suficiente para o espectador casual, que procure uma boa distracção, enquanto que os blockbusters dominam as estreias.

Nota Final: 3/5 (originalmente 6/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 28 de Agosto de 2018

23 de agosto de 2018

The Happytime Murders | Pela Hora da Morte (2018)



Desde da década de ’50 que Jim Henson trouxe ao mundo as icónicas personagens d’Os Marretas, que foi formado um culto à volta dos fantoches que sabiam exactamente o que dizer. Mais tarde, foi a Rua Sésamo a dominar a nossa imaginação.

Em 2018, Brian Henson, filho de Jim, teve outras ideias para mostrar o lado perverso da arte performativa com Pela Hora da Morte.

Passa-se num mundo em que fantoches e humanos partilham o mesmo espaço, ainda que exista algum ódio contra eles.

É quando Phil Philips (a voz de Bill Barretta), ex-polícia tornado detective privado se encontra no meio duma série de assassinatos do elenco de The Happytime Gang, que toma rédeas ao mundo em que vive.


Mas nem tudo são rosas. A sua ex-parceira, Connie Edwards (Melissa McCarthy), é a detective principal no caso e os dois terão de trabalhar novamente em conjunto para descobrir quem está por detrás dos crimes.

Contado duma perspectiva do cinema noir, são as piadas grotescas que fazem o prato principal deste filme, desde vermos pornografia com fantochada e muitos palavrões a cabeças de feltro e algodão a explodir.

Da quase hora e meia de filme, são imensos os momentos divertidos e politicamente incorrectos. Podem crer que isto não é um filme para crianças.



Apesar da sua história cliché, Pela Hora da Morte nunca condescende o espectador, um factor importante para sua apreciação. Não há nenhum sentimento de arrependimento por quem fez o filme. Pelo contrário, Brian Henson divulgou recentemente que piadas mais adultas sempre fizeram parte do set d’Os Marretas e Rua Sésamo, mas que naturalmente, nunca foram gravadas.

Pela Hora da Morte é certamente a melhor homenagem ao que Jim Henson criou, deixando aqui a cereja no topo do bolo que é o legado dele.

Nota Final: 3.5/5 (originalmente 7/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 23 de Agosto de 2018

21 de agosto de 2018

The Meg | Meg: Tubarão Gigante (2018)


Os tubarões têm sido uma espécie de moda, quase da mesma forma como os vampiros também tiveram a sua dose de filmes na última década.

Num mundo em que o Shark Week continua a ser das semanas que os norte-americanos se deixam fascinar por esta criatura marinha e o Sharknado vê o seu fim no sexto filme, a ser exibido em Portugal em breve, é apenas natural que o tubarão encontre um caminho para aparecer novamente no grande ecrã.

Deem as boas vindas ao Meg: Tubarão Gigante!


O filme conta a história dum grupo de investigadores marinhos que descobrem novas espécies sob uma nuvem gelada a quase 11.000 metros debaixo de água. Estes ficam presos depois de terem sido atacados por o que parece ser um tubarão gigante, ou o chamado megalodon.

Liderado por Jonas Taylor (Jason Statham), um homem que deu de caras com o tubarão previamente mas desacreditado como se fosse um louco, a missão de salvamento é um sucesso, mas, no caminho de volta, Meg aproveita a ruptura temporária da nuvem e causa o caos na água.

Statham faz novamente o papel do herói de acção típico, no qual já ninguém o via assim a divertir-se desta forma há anos, fora das sequelas que deu continuidade.


Do outro lado, o elenco variado vai dando cartas para que haja alguma dinâmica, a realização de Jon Turteltaub (O Tesouro) faz o filme andar para a frente a cada 5 segundos, dando um sentido de urgência ao tempo disponível para eliminar a ameaça.

Desde one-liners com piada, a risos nervosos, ver Meg: Tubarão Gigante em IMAX 3D traz alguns benefícios adicionais, sobretudo porque a experiência neste caso é imersiva.

No entanto, o filme também tem algumas inconsistências científicas e outras que causam plot holes do tamanho de uma bola de neve, que força o espectador a acreditar um pouco demais naquilo que está a ver.

Naturalmente, não estamos perante nenhum Tubarão nem nenhum futuro clássico. Aliás, ninguém o espera. Mas há algo estranhamente confortante neste filme que certamente poderá um dia ser de culto, com todo o seu feel de filmes de série-B, mas que faz bom uso do seu orçamento superior.
Apesar dos seus defeitos, é aí que Meg: Tubarão Gigante ganha.

Nota Final: 3/5 (originalmente 6/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 21 de Agosto de 2018

15 de agosto de 2018

Maryline (2018)


Maryline só queria uma coisa da vida: ser actriz. Mas na vida, infelizmente, raramente deixa os nossos planos correr sem percalços, e o desta rapariga francesa, protagonizada pela encantadora Adeline d’Hermy, mostra que os nossos sonhos estão sempre do outro lado dum caminho árduo.

Neste filme, escrito e realizado por Guillaume Gallienne, Maryline acompanha a vida duma jovem mulher que se muda da aldeia para a cidade, em busca do sonho de representar.

Desde da sua primeira produção de alto orçamento, um filme histórico, realizado por um tirano alemão, à representação em palco, a história flui duma forma pouco tradicional e esse é apenas um dos seus charmes.


Com um tom melodramático, percebemos que existe uma vida para além dos nossos sonhos, que por muitas vezes são arrastadas por circunstâncias desfavoráveis, que nos forçam a tomar outro rumo para o melhor do nosso futuro. É o caso de Maryline, que durante esta descoberta, cria um vício de álcool e perde interesse no que é viver.

Do outro lado, ela também encontra aliados, entre os quais um realizador e uma actriz companheira, que vê o que ela tem de bom e o que traz de único num filme em que ela é assistente duma celebridade que tem cancro. São os pequenos detalhes que revelam a cumplicidade entre d’Hermy e Gallienne, estando em sintonia em todos os momentos.



Nada em Maryline é por acaso, e tal como a vida real, todas as decisões criam um caminho natural onde esta aspirante actriz consegue mostrar um crescimento emocional, que poucos são capazes de fazer desta forma.

Ainda que o filme seja cinema de auteur, na verdade, temos aqui uma obra belíssima do cinema Europeu, que apesar de andar debaixo do radar de muitos, é sem dúvida algo que vale muito a pena ver.

Nota Final: 4/5 (originalmente 8/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 15 de Agosto de 2018

Down a Dark Hall | O Corredor Assombrado (2018)


A um primeiro olhar, Corredor Assombrado parece o típico filme de adolescentes desajustados da sociedade, que de repente encontram o caminho para a salvação. Na realidade, não está muito longe, mas por debaixo do cliché, este filme realizado por Rodrigo Cortés esconde alguns segredos interessantes.

Corredor Assombrado segue a vida de Katherine ‘Kit’ Gordy (AnnaSophia Robb), uma adolescente que não cresceu sem lidar com o desaparecimento e subsequente morte do seu pai, tornando-se numa rebelde autêntica.

A solução? Enviá-la para uma escola para sobredotados no meio do nada, neste caso Blackwood, onde a directora Madame Duret (Uma Thurman), faz promessas de ser local onde se criam pessoas extraordinárias.


Com Kit, chegam outras raparigas com personalidades distintas, como Sierra (Rosie Day) e Veronica (Victoria Moroles), também elas com um talento escondido e uma inclinação para a rebeldia contra a autoridade.

Pouco a pouco, vamos percebendo o que a Madame Duret e os professores de Blackwood são capazes, ao trazerem ao de cima o melhor de cada uma das alunas, desde uma não perceber álgebra, a resolver grandes mistérios de matemática, ou como o caso de Kit, tocar uma peça musical sem ter tocado num piano há mais de uma década.

À medida que a narrativa avança, vamos apanhando algumas pistas que algo maior está a acontecer, sem que seja demasiado no nariz, dando ao espectador a oportunidade de ligar os pontos por si mesmo.

É quando as grandes revelações começam que o filme começa a descair no cliché, querendo que o grande finale seja algo mais fantástico do que realmente é.


Rodrigo Cortés regressa à realização, depois duma carreira inconsistente no grande ecrã nos últimos 8 anos, com o fantástico Buried de 2010 e o não tão fantástico Red Light – Mentes Poderosas.

Este regresso é assinalado com uma realização com vários momentos tensos e algumas cenas bem construídas, também com uma experiência algo imersiva. Por vezes, infelizmente, parece ser um filme contido apesar de ciente de todo o seu potencial.

No fim, Corredor Assombrado, apesar dos seus defeitos, é uma entrada com personalidade, mais que bem-vinda ao cinema de terror no circuito comercial, que continua a ser invadido pelas repetitivas sequelas, prequelas e reboots.

Nota Final: 3/5 (originalmente 6/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 15 de Agosto de 2018

13 de agosto de 2018

Revenge | Vendeta (2018)


Numa altura em que a indústria cinematográfica e os movimentos sociais que lhe perseguem vão ditando algumas tendências para as temáticas dos filmes que vão estreando, eis que aparece a estreia no grande ecrã da francesa Coralie Fargeat, com Vendeta, protagonizado por Matilda Lutz.

Vendeta conta a história de Jen (Lutz), uma jovem que se encontra numa situação desesperante: Está perdida no meio do deserto, depois dum amigo do seu amante lhe ter violado.
Ferida e revoltada, esta busca a derradeira vingança, de fazer arrepender os homens pelas suas acções.


Todas as associações feministas que o filme tem feito no último ano, depois da sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto no ano passado, nem sempre são as mais certeiras. Sim, é um filme realizado por uma mulher e protagonizado por uma, mas Vendeta vai mais longe que isso.

Tudo o que se vê no filme, desde dos grandes planos duma paisagem vazia, ao gore de ver um pé cortado a esguichar sangue; é relevante para contar esta história de rape-revenge, muito ao estilo dos exploitation films dos anos ’70 e ’80, como Mulher Violada (1978) e Vingança de uma Mulher (1981), como também de obras modernas como Kill Bill e a trilogia vingativa do sul-coreano Park Chan-wook.


Ainda que por vezes, Vendeta mostra-se excessivo, metendo os dedos dos pés no sobrenatural, a verdade é que entre uma realização cuidada e detalhada, uma banda sonora electrizante, cortesia Robin Coudert e uma protagonista com um objectivo que a põe num caminho de retribuição, temos aqui todos os ingredientes para algo verdadeiramente memorável.

Nota Final: 4.5/5 (originalmente 8.5/10)


Originalmente publicado em Central Comics a 13 de Agosto de 2018