17 de dezembro de 2019

Code 8 (2019)


Quando em Março de 2016 a internet ficou intrigada com uma curta-metragem realizada por Jeff Chan, intitulada Code 8, vimos um mundo futurista onde pessoas com super-poderes recorrem ao crime para sobreviver, já que ter poderes não significava ser rico, forçando que a polícia se tornasse militarizada e capaz de lidar com possíveis ameaças. Este teaser de 10 minutos serviu também como uma prova de conceito para o respectivo crowdfunding, de modo a expandir o mundo de Code 8 numa longa-metragem, algo que fez com grande sucesso. Três anos e meio depois, vemos agora como saiu o produto final.


Conner Reed (Robbie Amell) é um jovem com o super-poder de controlar a electricidade, com uma das classificações mais alta na escala de capacidade de poder. Infelizmente, a sua mãe (Kari Matchett), também com poderes, está a morrer lentamente e os custos financeiros fazem com que Conner tenha que recorrer a meios mais ortodoxos para conseguir pagar as contas, envolvendo-se com Garrett (Stephan Amell), um criminoso que trabalha para um barão de droga, enquanto tentam escapar das manhas de uma unidade policial liderada pelo Agent Park (Sung Kang) e Agent David (Aaron Abrams).

Numa altura em que a dominação de super-heróis tende ser excessiva e comercialmente mais bem recebida, a abordagem para um lado futurista beneficia em grande parte o rumo da história, da mesma forma que estamos perante uma versão mais discreta dos X-Men, ainda que esta sociedade aceite pessoas com poderes. É importante notar que os mesmos não são imortais, pelo contrário, são muito poucos aqueles capazes de sustentar balas.


Por outro lado, as influências de Neill Blomkamp, estão aqui retratadas como uma realidade mais prática, onde humanos e máquinas trabalham em conjunto. Independentemente disso, o toque humano, sobretudo por parte de Agent Park, mostra que o mundo nem sempre é preto e branco, e que existem poderosos que estão apenas a tentar sobreviver no seu dia-a-dia. No entanto, as cenas policiais poderiam ser mais elaboradas e exploradas através daquele ponto de vista.

Talvez aquilo que pode causar mais estranheza é o facto de Robbie e Stephan estarem a contracenar opostos um do outro, com os mais atentos a notarem as suas semelhanças de familiaridade, e em altura nenhuma, haver qualquer tipo de menção ou sequer suspeita. Felizmente, não é suficiente para distrair do resto do filme.


Assim, Code 8 é um exemplo interessante em como o cinema independente ainda é capaz de dar cartas, ainda mais se o caso for financiado fora dos canais habituais. Este é o caso de um filme humilde e com noção do seu potencial, acabando assim ser capaz de aproveitar bem tudo aquilo que é composto, seja a nível de produção, seja de elenco e de história, esta última iniciada com uma curta-metragem de orçamento limitado. Porém, é provável que acabe perdido no meio de tantos outros filmes do género, não conseguindo se distinguir do resto.

Nota Final: 3.5/5

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