8 de dezembro de 2019

Daniel Isn't Real | Daniel: Amizade Aterradora (2019)


O segmento "New Year's Eve", realizado por Adam Egypt Mortimer, é discutivelmente o melhor da antologia de 2016, onde a subversão de papéis contra um mundo misógino. Desta forma, Mortimer parece estar mais que preparado para mostrar o seu talento num filme que tem feito furor no circuito de festivais do género, com Daniel: Amizade Aterradora.

Luke é um rapaz que sofre de alguns males mentais, resultado de um conjunto de traumas vindos do divórcio dos seus pais e visto o corpo morto de um assaltante. Para ajudar a lidar com os seus sentimentos, eis que Luke conhece Daniel, um amigo imaginário que está lá para ajudar, até que certo dia incentiva Luke a matar a sua mãe, forçando-o a fechar o seu amigo numa velha casa de bonecas.


Anos mais tarde e Luke (Miles Robbins) é um estudante na faculdade, prosseguindo uma vida relativamente normal, excepto quando tem episódios de desmaio. A conselho do seu terapeuta, Luke liberta Daniel (Patrick Schwarzenegger) da casa, com o objectivo de contar com a sua ajuda na sua nova fase na vida.

Quando é visto na sua essência, a ideia do poder perigoso que os amigos imaginários têm sob nós, sobretudo com a sua influência, é mais que suficiente para dar gás a um thriller intenso. Aqui, a ideia é amplificada com um duo completamente sem qualquer tipo de restrição, enquanto vemos Daniel a trazer ao de cima o melhor de Luke, dando-lhe mais confiança em si mesmo e oferecendo o que parece ser uma vida melhor. Mas de boas intenções está o inferno cheio e Luke não se apercebe que Daniel ainda tem uma agenda pessoal e vai utilizar o seu amigo para obter aquilo que quer.


Este mergulho na psicologia do imaginário e a filosofia de quem somos versus quem queremos ser, prova que escondemos na nossa mente os demónios mais letais e que a sua influência tem consequências muito reais se acatarmos as ordens da voz na nossa cabeça. Neste caso, vemos uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde de uma era moderna, num coming-of-age onde a descoberta de si próprio providencia momentos de algum terror, sobretudo no que toca à relação entre a dupla, ambos com personalidades fortes, dentro da sua individualidade.

Assim, Daniel: Amizade Aterradora não é um filme perfeito, já que o seu problema principal é a sua incapacidade de criar uma tensão entre as cenas e não dar espaço à narrativa para que alguns momentos sejam deixados à imaginação do espectador, algo que poderia beneficiar em grande parte, tendo em conta a sua temática. Adicionalmente, algumas das suas personagens secundárias, sobretudo femininas, não contribuem grande coisa para a história, servindo, infelizmente, como uma mera distração para o ponto principal e merecedoras de um lugar melhor.


Apesar de tudo, a sua abordagem à ideia de amigos imaginários, ainda que adaptados do livro "In This Way I Was Saved" de Brian DeLeeuw, é de louvar, sobretudo durante o último terço do filme. Isto, juntando dois jovens actores e um orçamento modesto, existe aqui muito por apreciar. Ou isso, ou talvez esteja a imaginar tudo...

Nota Final: 3.5/5

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