Brian Duffield é talvez um dos argumentistas do qual deveremos prestar muita atenção nos próximos anos, tendo escrito The Babysitter e a sua sequela para a Netflix. Desta vez, o mesmo estreia-se na cadeira de realizador com Spontaneous, levando mais uma vez um misto de terror com comédia, de uma forma que apenas ele sabe fazer; inspirando-se num livro de Aaron Starmer.
Mara (Katherine Langford) é uma estudante do liceu que não sabe bem como quer continuar a sua vida, mas vê-se forçada a mudar de perspectiva quando os seus colegas de turma começam a explodir espontâneamente, sem qualquer explicação. Aterrorizada, ela e a sua amiga Tess (Hayley Law), começam a lidar com o fenómeno estranho, onde pelo meio Mara encontra o amor com Dylan (Charlie Plummer), que perante os eventos, decidiu arriscar em exprimir os seus sentimentos.
Na verdade, Spontaneous nunca se contém quando quer ser horrífico, com baldes de sangue a serem explodidos sem meias-medidas, onde a sua natureza obscura é coberta por diálogos repletos de comédia negra, que apesar que não serem politicamente correctos, têm uma tendência de serem hilariantes; pelo menos durante toda a situação, da mesma forma que as coisas podem ficar muito assustadoras, com fluidos corporais e bocados de carne humana por todo o lado!
No entanto, pelo meio está uma belíssima história de amor adolescente, que frente à tragédia, são motivados a aproveitarem cada momento ao máximo, onde piadas sarcásticas são expressões amorosas, que na verdade apenas servem de cobertura para sentimentos de medo e solidão, num equilíbrio natural. Mesmo durante uma altura mais conflituosa, onde o riso parece não conseguir superar os sentimentos de negatividade, Spontaneous consegue manter o seu espírito vivo e contagiar-nos com a esperança que tudo se vai resolver, duma forma ou doutra.
Se por um lado a dupla de Langford e Plummer fazem um par perfeito, é com o argumento e realização de Duffield que o filme é elevado a um estado novo, onde literalmente tudo pode acontecer; e quando acontece, é capaz de nos deixar a rir ou inundar os nossos pensamentos com tristeza, gerindo incrivelmente bem a inteligência emocional que quer passar.
Assim, Spontaneous é uma das grandes surpresas de 2020, demonstrando-se como um esforço genuíno em mostrar que no meio de tanto medo e incerteza, é possível encontrar alguma luz e esperar que tudo corra pelo melhor; e se for preciso rirmos um pouco para não chorar, tanto melhor.
Nota Final: 4/5
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