3 de novembro de 2018

The Cell | A Cela (2000)


2000 foi um ano relativamente estranho. O virar do milénio prometia uma evolução tecnológica com consequências irreversíveis, algo que de certa forma aconteceu gradualmente nos últimos 18 anos. Pensarmos neste ano que quase duas décadas depois iríamos andar com computadores no bolso e o mundo é praticamente à base de redes sociais, ninguém acreditaria.

É por isso que o filme de estreia de Tarsem Singh, A Cela, foi um primeiro passo assustador no cinema pós-Y2K, com um thriller que mistura elementos de sci-fi onde Singh levou o género para o lado mais artístico.


Catherine Deane (Jennifer Lopez) é uma psicoterapeuta especializada em interacção cognitiva e neurológica, com um sistema inovador e futurista onde ela é capaz de explorar os cantos mais obscuros dos seus pacientes. Do outro lado está Carl Stargher (Vincent D'Onofrio), um sequestrador em série que gosta de torturar as suas vítimas, pondo-as dentro dum tanque que após algumas horas, enche de água, afogando-as. Mas Carl sofre de uma patologia rara e cai em coma, deixando à responsabilidade do agente do FBI Peter Novak (Vince Vaughn) de pedir ajuda a Catherine.

Desde do primeiro momento Singh dá-nos uma ideia de o quão diferente o caminho que o realizador Indiano tomou em contar uma história que já naquela altura era reciclada vezes sem conta durante as décadas de '80 e '90. Ao vermos Jennifer Lopez num mundo imaginário, com uma composição fotográfica incrível e muito pensada, também pela mão do director de fotografia Paul Laufer, que transpõe a sua experiência em vídeos musicais de grande escala nas várias sequências fora do mundo real.


O que faz A Cela funcionar melhor do que expectável é como nas cenas do mundo real, existe uma sensação constante que algo se está a passar, deixando uma impressão de risco em todos os momentos. As cores são predominantemente cinzentas e tudo é aborrecido. Já dentro da mente, o mundo torna-se colorido repleto de simbolismo, este inspirado por obras de arte de artistas do século XX, mostrando uma influência que funciona na perfeição e que é simplesmente belo de se ver. A isto junta-se uma banda sonora que acompanha os batimentos cardíacos cena após cena.

Sem medos em fazer algo novo e respeitando as obras, tanto artísticas como cinematográficas, A Cela é um filme que não tem receio em abraçar os seus elementos bizarros e imaginativos, em função de oferecer uma experiência muito diferente do usual com visuais deslumbrantes, um guarda-roupa pensado ao pormenor e uma narrativa tradicional com um twist inovador dentro do género, mais tarde explorado de outras formas por Christopher Nolan em A Origem. Mal sabíamos nós que era apenas o inicio de uma nova era no cinema.

Nota Final: 4/5

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