22 de fevereiro de 2019

Prospect (2019)


No meio de tantos blockbusters, é fácil deixar escapar algumas jóias que passam por despercebidas, como poderia ser o caso de Prospect, escrito e realizado por Christopher Caldwell e Zeek Earl.

O duo estreou uma curta, com o mesmo título no SXSW em 2014 e desde então tornou-se numa das curtas-metragens mais vistas no Vimeo, dando o inicio dum longo processo de expandir a sua ideia para uma longa-metragem. Com um orçamento abaixo do 4 milhões de dólares e uma expectativa para cumprir, Prospect poderá ser o primeiro de muitos filmes a fazerem furor dentro do género.


Damon (Jay Duplass) e Cee (Sophie Thatcher) são pai e filha, também eles dois viajantes espaciais, que recebem uma missão de escavação numa lua com alta toxicidade, esperando encontrar algo que os torne ricos o suficiente para sobreviverem. No que era suposto de ser uma missão para a vida, rapidamente se torna num grande problema, já que não são os únicos a vaguear pela lua.

À primeira vista, é aparente o cuidado e o esforço que os cineastas fizeram para maximizar recursos, criando um enorme universo repleto de ideias da ficção científica onde nada é descuidado. Tudo merece a nossa atenção, desde a edição, o som ou os poucos mas importantíssimos actores, que muito fazem para mover esta narrativa para a frente duma forma verdadeiramente interessante.


Certamente que não será fácil criar tamanho universo, ainda mais num filme independente que faz por mostrar as suas qualidades em ser algo incrivelmente bem pensado e, sobretudo, bem feito, onde as personagens partilham a mesma importância quanto o mundo que elas percorrem, num filme sem quantidades absurdas de CGI que na realidade contribuem para uma obra melhor.

Respeitando as suas inspirações, o filme destaca-se pela sua personagem principal feminina, que está à frente e ao centro desta narrativa, como a exploradora corajosa com uma personalidade que nos intriga de forma pessoal. Há um desenvolvimento pessoal a olhos vistos, tendo ela que tomar decisões difíceis enquanto nos deixa a torcer por ela e mantém um forte sentido de aventura, algo essencial para o ritmo do filme.


Desta forma, é impossível ficarmos indiferentes com Prospect, cuja humildade captura uma magia que parece se ter perdido nos últimos anos em troca de números de bilheteira e vendas de merchandise, oferecendo aqui uma experiência único e bem-vinda que tanto fãs hardcore do sci-fi, como fãs de cinema diferente, com certeza irão apreciar bastante. Seja esta a prova viva que com pouco dinheiro e muita criatividade se faz algo brilhante.

Nota Final: 4/5 (originalmente 8/10)



Originalmente publicado em Central Comics a 22 de Fevereiro de 2019.

17 de fevereiro de 2019

Alita: Battle Angel | Alita: Anjo de Combate (2019)


Continuando a saga de adaptações de obras orientais para o ocidente, Alita: Anjo de Combate, baseado na série de mangá de Yukito Kishiro, lançado inicio dos anos '90, foi um projecto idealizado para James Cameron ao virar do milénio. Mas este, entre todos os compromissos que tinha em mãos, principalmente a sua galinha de ouro Avatar, decidiu alistar Robert Rodriguez no que é, efectivamente, o seu primeiro grande blockbuster.

O ano é 2563 e Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz) encontrou um corpo cibernético feminino durante uma visita no ferro-velho. Este leva-o para casa e reconstrói o cyborg, que não parece ter memórias do seu passado, ao qual Ido lhe dá o nome de Alita, depois da sua filha falecida.

Alita (Rosa Salazar) age como uma adolescente relativamente normal, vivendo agora num mundo destruído pela guerra, onde os plebes vivem cá em baixo na Iron City, e os da alta sociedade vivem lá em cima, em Zalem. Alita rapidamente descobre que existe algo dentro de si para além que todos pensámos, tendo ela uma habilidade incrível a fazer artes marciais, enquanto descobre que a sua vida também tem alguns segredos.


Para trazer vida ao universo de Yukito Kishiro, foi preciso quebrar alguns limites e utilizar tecnologia de ponta para tornar este sonho realidade, com Rosa Salazar a utilizar uma tecnologia de captação de movimentos de forma que a Alita fosse encarada da forma mais real possível, onde a imersão neste vasto mundo é algo que conseguimos sentir com muita facilidade.

Sendo este oficialmente o maior blockbuster que Robert Rodriguez, realizador que vem de origens humildes e grande defensor do cinema de baixo custo, o mesmo ainda consegue manter o seu estilo criativo, ao qual esperamos ver, numa dimensão muito maior, algo que Rodriguez faz com toda a naturalidade.

Existindo uma multitude de temas sociais abordados, típicos de filmes deste género, uns tendem mais aprofundados que outros, deixando-os passar com uma superficialidade em preferência à história presente e os visuais deslumbrantes, deixando em aberto a possibilidade de serem abordados numa possível sequela.


Da mesma forma que muitas das personagens parecem ser interessantes, todas aparentam ser temporárias, podendo facilmente terem sido encaradas por outros actores, ou até terem tido objectivos mais relevantes que apenas servir o propósito de Alita. Exemplo disso é a história de amor que ela tem com Hugo (Keean Johnson), que muito pouco acrescenta ao filme.

Isto para não dizer que Alita: Anjo de Combate não seja um bom filme, pelo contrário. É um filme entusiasmante, com muito coração dentro dele e uma narrativa razoavelmente construída, ainda com um final que deixa mais perguntas que respostas, esperando uma sequela muito em breve. Acima de tudo, Alita é um excelente serão no cinema, com um bom balanço de géneros que de certeza farão querer mais.

Nota Final: 3.5/5

13 de fevereiro de 2019

Vice (2019)


Adam McKay já é um nome familiar entre os apreciadores de filmes de comédia, tendo escrito e realizado muitos dos aplaudidos filmes com Will Ferrell, principalmente O Repórter: A Lenda de Ron Burgundy, considerado um clássico moderno. Mas quando McKay abordou a queda de Wall Street em... A Queda de Wall Street, a mudança de tom trouxe armas novas e acabou por ir pelo caminho de parodiar um dos mais terríveis desastres económicos de sempre. Esse sucesso garantido é o que nos traz agora a Vice, um biopic um bocadinho diferente do que esperado.

Dick Cheney, para quem não conhece, foi um dos homens cujo legado é deixado duma forma reservada pela forma como usou o seu poder e o explorou para seu ganho. Será sempre visto na história pela presidência complicada com George W. Bush a lidar com vários acontecimentos que moldaram o mundo no início do milénio, entre um ataque terrorista e as subsequentes guerras.


Acompanhamos a subida ao poder a vermos Christian Bale no papel de gordo careca, algo que para quem em 2004 encarou alguém feito de pele e osso em O Maquinista, e mais tarde o vimos bem musculado a fazer de Batman, é um feito incrível ver este actor a ser o tirano secreto da administração norte-americana, reproduzindo em detalhe o seu feitio, as suas expressões faciais e a sua forma de falar. Um feito que podemos aplaudir, onde o rigor da personagem prova que a vida real pode ser mais estranha que a ficção.

Por outro lado, o argumento de Adam McKay agarra na fórmula cujo sucesso foi evidente e tenta repeti-lo, mas algo aqui correu muito mal. Em quase 2h15m de filme, vemos como este escritor e realizador é capaz de recriar factos num ambiente descontraído e, frequentemente, provocador. São raros os momentos em que tudo sobre Cheney é alvo de chacota, tornando-se numa missão quase pessoal em o desacreditar de forma permanente. O grande problema é como McKay o faz, com intermináveis piadas e situações que são mais frustrantes que cómicas, acabando com um ritmo instável.


No fim, ficamos divididos entre as risadas estranhas e uma interpretação de folgo por parte de Bale e de Amy Adams, como a sua eterna amada, deixando um sabor agridoce na boca. Uma coisa que vos posso garantir é que esta não é só a história de Dick Cheney, ex-vice presidente. É a história de Dick Cheney, perpétuo idiota, apenas em segundo lugar atrás de Donald Trump; que certamente daqui a uma década McKay fará algo deste género, podendo juntar-se a Michael Moore. Acho que os dois se dariam bem e cá estaremos para ver.

Nota Final: 3/5 (originalmente 6/10)




Originalmente publicado em Central Comics a 13 de Fevereiro de 2019.

9 de fevereiro de 2019

The Man Who Killed Hitler and Then The Bigfoot (2018)


Há pessoas pelo mundo que têm grandes feitos sob o seu nome e que são reconhecidos pela sua contribuição à sociedade, fazendo do mundo um lugar melhor. No entanto, muitos outros não aparecem nos livros de história, ou vêem as suas acções a terem uma narrativa alternativa, pois a verdade é demasiado complicada. É neste último que Robert D. Krzykowski escreve e realiza The Man Who Killed Hitler and Then The Bigfoot, com Sam Elliot a encarar o homem que mudou o rumo da história para sempre. Nós é nunca sabíamos.

Calvin Barr (Elliot) é o herói desconhecido por ter assassinado Hitler, impedindo que o tirano alemão pudesse continuar o seu reino de terror. Mas esse facto pesa sobre Calvin e conhecemos um homem cuja responsabilidade pesa-lhe sobre os ombros, trazendo ao de cima sentimentos de culpa e arrependimento. Num revirar da história, existem pessoas a serem encontradas mortas numa floresta no Canadá, com a confirmação que o governo pode apenas confiar num só homem, quando é revelado que é Bigfoot quem anda as a matar.


Para um filme cujo título esclarece todos os pontos da narrativa, o mesmo que soa tão ridículo quanto fixe, esperamos de facto um filme que apele ao lado mais extraordinário dos filmes de série-B, com one-liners, cenas de acção over-the-top e muito divertimento. Mas The Man não é nada disso, nem de perto. O que temos aqui é um filme dramático, com o objectivo de levar a sério os feitos deste homem e a suas capacidades únicas de eliminar ameaças, duma forma pensada e muito bem planeada. 

Infelizmente, também não vemos muito nem de Hitler, nem do Bigfoot, focando antes na vida presente que Calvin leva e os pensamentos que vão dar aos caminhos mais tristes da sua mente, retirando qualquer pitada de divertimento que um filme deste género poderia ter. Esta falta de sentido de aventura, prejudica este filme de tal forma que o interesse desce a cada momento, culminando com meia dúzia de cenas de confronto com o Bigfoot, que mesmo essas, não chegam sequer para compensar a enorme carga dramática que The Man tem.


No fim, invés de explorar o conceito relativamente absurdo, algo Robert D. Krzykowski poderia fazer sem dificuldade, já que demonstra ter uma sensibilidade cinematográfica para contar uma boa história; The Man Who Killed Hitler and Then The Bigfoot é um drama com elementos imaginários, perdendo-se no meio de muitos outros dramas. É de aplaudir a presença de Sam Elliot, e o esforço por introduzir ideias novas, que neste caso em particular, não ressonado tão bem quanto a intenção.

Nota Final: 2/5

8 de fevereiro de 2019

Braid (2018)


Numa altura em que criadores de cinema independente têm que recorrer a medidas inovadoras para financiarem os seus projectos, eis que Mitzi Peirone, defensora árdua da sua visão única, recorreu à criptomoeda para angariar financiamento para a sua estreia nas longas-metragens como escritora e realizadora, tendo inclusive, recusado dinheiro de produtoras que queriam alterar aquilo que tinha em mente. O risco compensou, com Braid ser uma das experiências mais incríveis de 2019.

Petula (Imogen Waterhouse) e Tilda (Sarah Hay) são duas raparigas em fuga, após a polícia ter apreendido as suas drogas para venda. Desesperadas, elas vão ao encontro da sua amiga de infância, Daphne (Madeline Brewer), uma jovem rica, em busca do dinheiro dentro do seu cofre e pagarem a quem devem. Excepto, que nem tudo é o que parece...


As coisas ficam muito bizarras, muito rapidamente, com o tom do filme a ser uma mescla de estilos de realização distintos, o que faz tudo parecer uma enorme trip que não conseguimos acordar. Mesmo assim, somos discretamente pedidos para nos deixarmos levar por esta estranheza, que beneficia pelo facto dela ser inesperada e orquestrada por Peirone duma forma pensada ao mais ínfimo detalhe, com o propósito de mexer com algo em nós.

Por momentos não podemos deixar passar as várias cenas que parecem inspiradas por Dario Argento, seja no uso de várias cores como em Suspiria, seja no estado de sonho que Braid vive permanentemente; ao qual se juntam actuações teatrais num exercício de estimular a expressão do corpo e da mente.


O facto de Peirone estar ser a responsável pela criação e não tendo qualquer responsabilidade senão perante si e os seus actores, mostra-nos uma liberdade criativa que não será bem digerida por todos, já que a forma pouco convencional de contar esta história sobre três amigas, em cenas cuidadosamente preparadas, oferecem um mundo imaginativo que nos deixa pouco confortáveis quando a brincadeira se torna séria.

Braid é o tipo de filme que sorrateiramente aparece quando menos esperamos, estando no lado mais alternativo do cinema independente, quatro raparigas a encararem o que possivelmente são os nossos piores medos e a explorarem-no como muitos poucos auteurs são capazes de o fazer. Vale a pena ficar atento ao que Mitzi Peirone fará a seguir, pelo que a sua capacidade de surpreender é, pelos vistos, inata. 

Convém é não confundirem a realidade com os sonhos, ou será a realidade apenas um longo sonho?

Nota Final: 4.5/5

7 de fevereiro de 2019

Happy Death Day | Feliz Dia Para Morrer (2017)


O terror sempre foi um género conhecido por explorar conceitos, aos lhes juntar com ideias que parecem não ter grande compatibilidade, sendo esse o grande desafio proposto. Desta vez, o clássico O Feitiço do Tempo, de 1993 com Bill Murray, e os slashers que vieram antes dele reinventam-se juntos, pela mão de Christopher Landon, em Feliz Dia Para Morrer.

Tree (Jessica Rothe) é uma estudante universitária que no seu aniversário vê-se numa situação complicada, quando é perseguida por um assassino que usa uma máscara de bebé. Este assassino tem sucesso na sua missão, ao conseguir matar Tree, mas a mesma acorda no inicio do dia, dando-lhe várias oportunidades de resolver o seu homicídio e descobrir quem é que lhe quer morta.


O que se segue é uma grande investigação feita por tentativa e erro, onde as sucessivas missões falhadas tornam-se na revelação de novas informações, que mais tarde ou mais cedo acabam por lidar ao verdadeiro assassino. Na verdade, o filme poderia ter sido encurtado com uma linha de pensamento mais prática, mas a necessidade de contar uma história divertida é feita prioritária.

É, como esperado, que Jason Blum e a sua produtora, Blumhouse, estejam na vanguarda contínua de oferecer novas experiências, mesmo que essas sejam inspiradas por outras e modernizadas para um público que passa o resto do dia à frente dum ecrã de smartphone. Mas é dessa mesma forma que a simplicidade como esta narrativa está disposta que permite um impacto maior e aumenta o interesse pelo mistério.


É por isso que Feliz Dia Para Morrer sem Jessica Rothe não seria a mesma coisa, pois o filme não se foca nas consequências do actos sobre o seu universo (que são bastantes, mas raramente abordadas), mas sim em Tree e como ela encara essas mesmas para resolver o seu próprio caso, cumprindo um dos princípios básicos de storytelling: haver uma mudança interior na personagem. É a olhos vistos que vemos Tree a ser menos uma rapariga irritante e mais uma pessoa com maturidade e consideração, revalidando as suas prioridades internas e as pessoas que a rodeiam.


Deste modo, Christopher Landon tropeçou no que acabaria por ser uma mina de ouro surpresa, já que o filme foi um enorme sucesso inesperado por todo o mundo e tem uma sequela prestes a estrear, expandindo a premissa para além daquilo que inicialmente suspeitámos. Assim, Feliz Dia Para Morrer oferece uma variação interessante de conceitos clássicos, com uma personagem altamente capaz de suportar todas as teorias e soluções propostas, sendo Tree uma brilhante final girl do terror moderno.

Nota Final: 3.5/5

6 de fevereiro de 2019

Cold Pursuit | Vingança Perfeita (2019)


Foi em 2008 que Busca Implacável pôs Liam Neeson novamente no mapa como uma das maiores estrelas de acção, iniciando uma onda de filmes de série-B com premissas básicas mas incrivelmente divertidas de se ver que mostram a rentabilidade destes filmes de acção. De longe, Vingança Perfeita aparenta ser mais um a juntar à colecção de filmes deste género, mas prova ser algo muito para além disso.

Nels Coxman (Neeson) é um condutor de um limpa-neve na pequena cidade de Kehoe, onde a neve é uma constante. Vivendo uma vida pacata numa cabana com a sua mulher Grace (Laura Dern), a certo dia recebem a notícia da morte do seu filho por overdose, algo bizarro já que ele não era um drogado, o que obriga Nels a perseguir uma investigação pelas próprias mãos até chegar ao topo. O que Nels não estava a contar era estar no meio de uma guerra territorial entre Viking (Tom Bateman) e Touro Branco (Tom Jackson), dois dos grandes barões de droga locais.


Hans Petter Moland faz então um remake do seu filme norueguês Kraftidioten que traçam muitos pontos em comum, inclusive certos planos que são cópias da sua obra original. No entanto, Moland também expande sobre o filme de 2014, incluindo uma boa dose de comédia negra totalmente inesperada e que dá muito valor a algo que poderia passar ao lado de muita gente. Existe uma cena em particular onde Nels pergunta ao seu irmão, um ex-criminoso, qual é o objectivo de os gangsters todos terem alcunhas como "Touro Negro" ou "Esquimó", o que mostra uma sensibilidade perante os clichés típicos deste tipo de filmes.


Equilibrando momentos sérios com outros menos sérios, Vingança Perfeita traz novamente Liam Neeson ao centro da atenções, enquanto o mesmo vai em mais uma aventura para vingar, nunca faltando os fabulosos tiroteios e cenas de porrada onde a contagem de corpos é tão importante quanto o seu derradeiro objectivo até ao topo. Além disso, a introdução de uma narrativa paralela, ligada aos gangsters índios, abre caminho para uma história que insiste em querer ser diferente dos seus predecessores, algo que podemos considerar notável no grande ecrã.


Não há forma de escapar ao charme da missão de Neeson versus Bateman, repletos de violência, contando com um sentimento caloroso no ambiente frio. Garantidamente, Vingança Perfeita surpreende pela positiva com o seu talento em se destacar do resto de um grupo já exagerado de clichés, sendo um remake capaz de ser mais ou melhor que o filme original.

Nota Final: 3.5/5 (originalmente 7/10)




Originalmente publicado em Central Comics a 6 de Fevereiro de 2019.