Adam McKay já é um nome familiar entre os apreciadores de filmes de comédia, tendo escrito e realizado muitos dos aplaudidos filmes com Will Ferrell, principalmente O Repórter: A Lenda de Ron Burgundy, considerado um clássico moderno. Mas quando McKay abordou a queda de Wall Street em... A Queda de Wall Street, a mudança de tom trouxe armas novas e acabou por ir pelo caminho de parodiar um dos mais terríveis desastres económicos de sempre. Esse sucesso garantido é o que nos traz agora a Vice, um biopic um bocadinho diferente do que esperado.
Dick Cheney, para quem não conhece, foi um dos homens cujo legado é deixado duma forma reservada pela forma como usou o seu poder e o explorou para seu ganho. Será sempre visto na história pela presidência complicada com George W. Bush a lidar com vários acontecimentos que moldaram o mundo no início do milénio, entre um ataque terrorista e as subsequentes guerras.
Acompanhamos a subida ao poder a vermos Christian Bale no papel de gordo careca, algo que para quem em 2004 encarou alguém feito de pele e osso em O Maquinista, e mais tarde o vimos bem musculado a fazer de Batman, é um feito incrível ver este actor a ser o tirano secreto da administração norte-americana, reproduzindo em detalhe o seu feitio, as suas expressões faciais e a sua forma de falar. Um feito que podemos aplaudir, onde o rigor da personagem prova que a vida real pode ser mais estranha que a ficção.
Por outro lado, o argumento de Adam McKay agarra na fórmula cujo sucesso foi evidente e tenta repeti-lo, mas algo aqui correu muito mal. Em quase 2h15m de filme, vemos como este escritor e realizador é capaz de recriar factos num ambiente descontraído e, frequentemente, provocador. São raros os momentos em que tudo sobre Cheney é alvo de chacota, tornando-se numa missão quase pessoal em o desacreditar de forma permanente. O grande problema é como McKay o faz, com intermináveis piadas e situações que são mais frustrantes que cómicas, acabando com um ritmo instável.
No fim, ficamos divididos entre as risadas estranhas e uma interpretação de folgo por parte de Bale e de Amy Adams, como a sua eterna amada, deixando um sabor agridoce na boca. Uma coisa que vos posso garantir é que esta não é só a história de Dick Cheney, ex-vice presidente. É a história de Dick Cheney, perpétuo idiota, apenas em segundo lugar atrás de Donald Trump; que certamente daqui a uma década McKay fará algo deste género, podendo juntar-se a Michael Moore. Acho que os dois se dariam bem e cá estaremos para ver.
Nota Final: 3/5 (originalmente 6/10)
• • •
Originalmente publicado em Central Comics a 13 de Fevereiro de 2019.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.