28 de janeiro de 2021

Promising Young Woman | Uma Miúda com Potencial (2020)


O subgénero de rape-revenge sempre trouxe uma conotação justiceira com ele. Afinal, queremos sempre ver a vítima a ser vingada e os perpetradores a sofrerem as consequências dos seus actos heindiosos. Eis que entra em cena Emerald Fennell, que após ter entrado em The Crown, e escrito e produzido diversos episódios de Killing Eve, a sua estreia no cinema vem em forma de Uma Miúda com Potencial.

Cassie Thomas (Carey Mulligan) é uma trintona cuja missão de vida é fingir que está bêbeda, esperando que os homens aproveitem do seu estado frágil para cometer acções duvidosas. Mas assim que pisam a linha, Cassie revela o seu verdadeiro estado, possivelmente assustando-os para a vida. A sua motivação vem ao de cima com o reaparecimento de Ryan (Bo Burnham), um velho colega de faculdade. Com um plano de vingança em mente, Cassie decide encerrar este capítulo na sua vida com a derradeira resolução, onde ninguém está a salvo.


A raiz do evento que atormenta Cassie nunca é mostrada, pelo menos de forma gráfica. Nem necessita, é uma história que lemos com demasiada frequência na comunicação social e que assombra as mulheres. Neste caso, existe alguém capaz de seguir até ao fim a sua missão e fechar o ciclo, sem mercê.

Uma Miúda com Potencial sofre de uma espécie de problema de emoções mistas. Num momento este é engraçado e espirituoso, no seguinte, aparece como uma nuvem negra se tratasse, instaurando um medo muito real que nos arrepia. É no desequilibro caótico natural que o filme mais nos convence da sua versatilidade e forma de nos dizer que, aconteça o que acontecer, a vida é feita destes momentos.

Entretanto, é quando o filme está sério e focado que mostra as suas verdadeiras cores e com orgulho; é uma história fantástica que nos move. É por isso que quando vemos Cassie a actuar os seus planos, sentimos uma satisfação como nenhuma outra, com justiça a ser feita pelas suas próprias mãos. No entanto, o filme também tem alguns períodos de distracção que retiram algum do seu impulso, ainda que seja perfeitamente capaz de rapidamente voltar aos eixos.


Aliado à narrativa e à realização está um grande elenco, liderado por Mulligan, que toma rédeas como nunca antes visto, juntamente com Burnham; mas é nas aparições momentâneas de Allison Brie ou Alfred Molina que percebemos que estamos perante de algo cuja dimensão vai mais além do que tenhamos noção de forma surpreendente.

Ainda que não seja um filme inteiramente aterrador como o sucesso independente M.F.A. de Natalia Leite e de outros antes de si, onde a raiva se torna em violência e sangue, Uma Miúda com Potencial vai para aqueles cuja dor jamais nos esqueceremos e que assumiram a responsabilidade de fazer algo.

Nota Final: 8/10

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.