Os thrillers do anos '90 tinham o seu próprio sabor, divididos em categorias correspondentes aos níveis de adrenalina que continham, porque por cada Speed - Perigo a Alta Velocidade e Assalto ao Aeroporto, havia um Seven - 7 Pecados Mortais ou um Silêncio dos Inocentes. A nostalgia bateu à porta de John Lee Hancock, que depois do aclamado sucesso de Um Sonho Possível, seguiu um novo caminho com Emboscada Final na Netflix, prosseguindo até ao seu mais recente filme, As Pequenas Coisas, um projecto que o realizador e argumentista tem consigo desde 1993.
Joe 'Deke' Deacon (Denzel Washington), um deputado do departamento de xerifes de Kern Country vê o seu regresso a Los Angeles disputado quando vê um antigo caso ainda a ser investigado, agora por Jim Baxter (Rami Malek), um jovem detective responsável por trazer o assassino em série à justiça. À medida que vão investigado o caso, encontram um suspeito caricato, na forma de Albert Sparma (Jared Leto), que age como o culpado mas que são incapazes de o provar.
É impossível ficar indiferente ao trio principal do elenco, este composto por vencedores de Óscares e que representam a diversidade das gerações que representam. É verdadeiramente entusiasmante ver Malek num frente-a-frente com Leto, e o veterano Washington a vigiar de perto esta mutação moderna, enquanto contribui os seus talentos habituais.
Estamos perante um filme que não poupou nos detalhes da era de '90, alguns mais interessantes que outros, desde da banda sonora, ao décor dos cenários, onde podemos ver um cartaz clássico dos No Doubt no inicio da sua carreira, a um poster de Os Rapazes da Noite, a um máquina de Mortal Kombat num mercado. Isto, aliado a uma atmosfera relativamente pesada, é capaz de recriar uma parte mais contida de Los Angeles, longe da loucura que conhecemos da cidade.
Enquanto que o desenrolar da narrativa ocorre de forma lenta e calma, revelando as suas cartas sem grandes pressões, a tensão que é construída não justifica a forma que história está a ser contada; frequentemente caindo nos clichés do género, invés de optar por uma homenagem referencial. Passaram-se 20 anos desde da década em questão e muito do progresso feito no cinema - que poderiam beneficiar este filme - são ignorados, mantendo todo ele no passado.
Infelizmente, tudo isto cria uma obra maioritariamente insatisfatória, incapaz de capitalizar os seus dois primeiros actos relativamente sólidos, merecendo muito melhor e perdendo a oportunidade ser algo para além que está no lado menos entusiasmante do espectro nostálgico, esquecendo que quando David Fincher foi confrontado numa situação semelhante, pelo menos o resultado chegou em forma de Zodíaco.
Nota Final: 2.5/5
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