27 de setembro de 2018

Beyond The Black Rainbow (2010)


Não é fácil de falar de Beyond The Black Rainbow. Isto porque a estreia do ítalo-canadense Panos Cosmatos é toda ela uma viagem com várias camadas de interpretação, todas elas ao qual nós espectadores, criamos o nosso próprio puzzle para juntar as peças.

Referir-me à sinopse do filme e dizer que é sobre Elena (Eva Allen), uma rapariga muda, encurralada na Arboria Institue, uma comuna isolada e futurista enquanto que o Dr. Barry Nyle (Michael Rogers), abusa da mente dele como o demente que é, seria apenas tocar a superfície da obra de Cosmatos, que é muito, muito mais sobre ela. O ano é 1983 e tudo o que se sabe sobre este mundo é que nem tudo é o que parece, nem tudo o que se vê é real.


Durante quase duas horas, somos levados numa viagem dum sonho onde todos os planos são importantes, repletos eles de detalhes intricados, seja na sua cor ou na textura, como também uma realização claustrofóbica que nos abre a oportunidade de entrarmos em trance. A isto se adiciona uma banda sonora hipnótica, autoria de Jeremy Schmidt da banda de rock Black Mountain; uma cinematografia gentilmente dedicada e diálogos que revelam algumas das pistas daquilo o que poderá estar a acontecer, cabendo a nós interpretar o que poderá ser verdadeiro ou não.

Abordando temas que vão desde da religião, ao ocultismo, à identidade de si mesmo, estamos perante um ensaio de uma criação influenciada por várias outras obras cinematográficas, desde do óbvio, 2001: Odisseia no Espaço de Kubrick, ao mais obscuro O Guardador do Mal de Michael Mann. Mas essa mesma identidade está aqui a ser criada, sendo a primeira obra que Cosmatos escreve e realiza, certamente que não existe melhor introdução. Existem muitas outras influências, todas elas a contribuírem positivamente para que este imaginário seja o mais memorável possível.


Tudo o que Beyond The Black Rainbow traz, contribui para o sonho imersivo que Cosmatos quer que experienciamos. Enquanto poderão achar pretensioso a direcção nuanceada e, de facto, vaga que este tomou; os restantes terão aqui um filme muito diferente daquilo que alguma vez poderiam imaginar. Não será um visionamento que irá agradar a todos, mas certamente terá um valor para ser visto múltiplas vezes e fazer uma interpretação pessoal. Podemos nunca saber o que este filme é realmente sobre, mas teremos sempre os nossos pensamentos.

No fim, Beyond The Black Rainbow é uma trip que vale bem a pena experienciar vez uma e outra vez. Até lá uma coisa vos garanto: Panos Cosmatos será lembrado pela sua visão extraordinária e, até ver, da sua filmografia se os seus filmes seguirão esta linha de criatividade.

Nota Final: 5/5

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