25 de agosto de 2020
Tenet (2020)
20 de agosto de 2020
Tales from the Rabbit Hole: A Curious Kitsch Novel | Alice, Nova Iorque e Outras Histórias (2020)
19 de agosto de 2020
The King of Staten Island | O Rei de Staten Island (2020)
15 de agosto de 2020
Spree (2020)
11 de agosto de 2020
Feedback (2019)
8 de agosto de 2020
She Dies Tomorrow (2020)
Amy (Kate Lyn Sheil) acorda num sofá e está convencida que vai morrer amanhã. Após um vislumbre de um pesadelo nos minutos iniciais do filme, que nos oferece a primeira peça deste puzzle, a próxima hora e meia é demorada a um contágio iminente da mente, como se de um vírus tratasse.
Tal com o Covid-19 que nos tem assombrado, com notícias diárias e uma mudança drástica de vida, Seimetz propõe uma outra questão: "E se soubéssemos que iríamos morrer amanhã?", onde existe um vírus psicológico e contagioso, num conceito que exige algum acompanhamento, mas que vale a viagem.
Aliás, toda a narrativa em si é baseada em algo simples, explorada com visuais e uma edição que tanto incomodam, como nos deixa intrigados por o que está prestes a vir; com uma complexidade filosófica onde vai mais longe do que deixar uma mera impressão, plantando uma ideia infecciosa, puxando-nos para dentro deste universo, onde também acreditamos que este será o nosso fim.
Neste filme lindamente trabalhado, tudo parece ter um propósito, ao qual o relativamente grande grupo de personagens infectadas com um pensamento de desgraça, faz por nos convencer que a vida não está bem e põe em perspectiva como algo se pode tornar viral e ir para além do ecrã.
Claro, que a ideia da morte nos força a fazer coisas que não imaginávamos, a dar valor por algo que por tanto tempo damos como garantido, no mínimo. Mas é no que estas pessoas fazem com essa ideia em mente que o brilhantismo sobressai.É de facto incrível ver como este inimigo invisível funciona, provando novamente em como Amy Seimetz é um dos nomes mais admirados no cinema independente.
Assim, She Dies Tomorrow é um deslumbrante ensaio sobre a decadência mental, que parece ser a verdadeira calma antes da perpétua tempestade, deixando-nos na esperança que este seja a primeira parte de algo que poderá ser maior e mais sombrio, de uma forma totalmente insano. Seja como for, jamais irão ouvir "Lacrimosa" da mesma forma depois deste filme, isso podem confiar.
Nota Final: 4/5
7 de agosto de 2020
The Tax Collector (2020)
O nome David Ayer por norma é sinónimo com um argumento escrito com bases nas suas experiências dentro dos bairros mais perigosos de Los Angeles, tendo sido aclamado por policiais como Dia de Treino, onde Denzel Washington ganhou o Óscar de Melhor Actor Principal; e Fim de Turno, que juntou Jake Gyllenhaal e Michael Peña, num filme onde abordou o estilo de documentário ficcional. Com a sua reputação como cineasta, foi parar à cadeira de realizador de Esquadrão Suicida, que teve uma recepção mista, entre fãs de banda-desenhada, e críticos perplexos com algumas das suas escolhas. Desta vez, Ayer mostra um lado menos espectacular em The Tax Collector, uma das suas entradas mais ou menos independentes.
David (Bobby Soto) e Creeper (Shia LaBeouf) são dois gangsters latinos cujo trabalho é a recolha da sua percentagem dos lucros de outros gangs em Los Angeles, em troca de protecção permanente. Isto até ao dia que um novo jogador, que se dá pelo nome de Conejo (Jose Conejo Martin), vem para destruir o sistema imposto, em busca de ser o novo rei da cidade.
À partida, percebemos que estamos perante uma abordagem mais contida, menos explosiva, de Ayer, notado sobretudo pela falta de cenas de acção; dando oportunidade para desenvolver o pequeno conjunto de personagens familiares e como todo o submundo está conectado. Este desenvolvimento aparenta criar alguma substância, algo importante que mais tarde é possível ver como tudo interliga com a família de David e a rivalidade com Conejo. Enquanto isso, vermos Shia LaBeouf na continuação da sua recuperação no grande ecrã é de louvar, com um papel que muito poucos teriam a visão de ver retratar.
Tudo o que poderíamos esperar de um filme escrito e realizado por David Ayer está presente, desde do argumento profundo em volta da comunidade latinx em Los Angeles, à forma que é tudo gravado, inclusive planos próximos e a famosa shaky cam, que é sólido neste aspecto. No entanto, as coisas tendem virar-se para o lado mais estranho quando vemos Ayer a fazer algumas experiências culturais, sobretudo nas cenas mais violentas, principalmente Conejo, que é meio poeta, meio gangster com fetishes satânicos. Enquanto é de admirar este correr riscos a fazer algo que nenhum estúdio jamais permitiria, o seu visual extremo, aproximando ao chamado torture porn, que apesar de ser assustador, não cai tão bem quanto devia.
Entretanto, a narrativa também ela se mostra ligeiramente fracturada, especialmente quando se inclina mais perto de uma telenovela mexicana antes de se tornar numa história de violência, mas pela altura que isso acontece, o interesse já é reduzido pela jornada conduzida por um homem guiado pela emoção e um vilão demasiado assustador para o seu próprio bem.
Com isto, The Tax Collector apresenta-se como um filme de acção que é mais dramático que emocionante, algo que poderia ter resultado bem caso os elementos incluídos não fossem relativamente mal traduzidos pela sua narrativa e execução mediana. No mínimo, é diferente das propostas habituais, mas poderia ter sido tão melhor se fosse mais focado na acção implacável que tinha a oferecer.
Nota Final: 2.5/5