Amy (Kate Lyn Sheil) acorda num sofá e está convencida que vai morrer amanhã. Após um vislumbre de um pesadelo nos minutos iniciais do filme, que nos oferece a primeira peça deste puzzle, a próxima hora e meia é demorada a um contágio iminente da mente, como se de um vírus tratasse.
Tal com o Covid-19 que nos tem assombrado, com notícias diárias e uma mudança drástica de vida, Seimetz propõe uma outra questão: "E se soubéssemos que iríamos morrer amanhã?", onde existe um vírus psicológico e contagioso, num conceito que exige algum acompanhamento, mas que vale a viagem.
Aliás, toda a narrativa em si é baseada em algo simples, explorada com visuais e uma edição que tanto incomodam, como nos deixa intrigados por o que está prestes a vir; com uma complexidade filosófica onde vai mais longe do que deixar uma mera impressão, plantando uma ideia infecciosa, puxando-nos para dentro deste universo, onde também acreditamos que este será o nosso fim.
Neste filme lindamente trabalhado, tudo parece ter um propósito, ao qual o relativamente grande grupo de personagens infectadas com um pensamento de desgraça, faz por nos convencer que a vida não está bem e põe em perspectiva como algo se pode tornar viral e ir para além do ecrã.
Claro, que a ideia da morte nos força a fazer coisas que não imaginávamos, a dar valor por algo que por tanto tempo damos como garantido, no mínimo. Mas é no que estas pessoas fazem com essa ideia em mente que o brilhantismo sobressai.É de facto incrível ver como este inimigo invisível funciona, provando novamente em como Amy Seimetz é um dos nomes mais admirados no cinema independente.
Assim, She Dies Tomorrow é um deslumbrante ensaio sobre a decadência mental, que parece ser a verdadeira calma antes da perpétua tempestade, deixando-nos na esperança que este seja a primeira parte de algo que poderá ser maior e mais sombrio, de uma forma totalmente insano. Seja como for, jamais irão ouvir "Lacrimosa" da mesma forma depois deste filme, isso podem confiar.
Nota Final: 4/5
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