7 de agosto de 2020

The Tax Collector (2020)

O nome David Ayer por norma é sinónimo com um argumento escrito com bases nas suas experiências dentro dos bairros mais perigosos de Los Angeles, tendo sido aclamado por policiais como Dia de Treino, onde Denzel Washington ganhou o Óscar de Melhor Actor Principal; e Fim de Turno, que juntou Jake Gyllenhaal e Michael Peña, num filme onde abordou o estilo de documentário ficcional. Com a sua reputação como cineasta, foi parar à cadeira de realizador de Esquadrão Suicida, que teve uma recepção mista, entre fãs de banda-desenhada, e críticos perplexos com algumas das suas escolhas. Desta vez, Ayer mostra um lado menos espectacular em The Tax Collector, uma das suas entradas mais ou menos independentes.

David (Bobby Soto) e Creeper (Shia LaBeouf) são dois gangsters latinos cujo trabalho é a recolha da sua percentagem dos lucros de outros gangs em Los Angeles, em troca de protecção permanente. Isto até ao dia que um novo jogador, que se dá pelo nome de Conejo (Jose Conejo Martin), vem para destruir o sistema imposto, em busca de ser o novo rei da cidade.

À partida, percebemos que estamos perante uma abordagem mais contida, menos explosiva, de Ayer, notado sobretudo pela falta de cenas de acção; dando oportunidade para desenvolver o pequeno conjunto de personagens familiares e como todo o submundo está conectado. Este desenvolvimento aparenta criar alguma substância, algo importante que mais tarde é possível ver como tudo interliga com a família de David e a rivalidade com Conejo. Enquanto isso, vermos Shia LaBeouf na continuação da sua recuperação no grande ecrã é de louvar, com um papel que muito poucos teriam a visão de ver retratar.

Tudo o que poderíamos esperar de um filme escrito e realizado por David Ayer está presente, desde do argumento profundo em volta da comunidade latinx em Los Angeles, à forma que é tudo gravado, inclusive planos próximos e a famosa shaky cam, que é sólido neste aspecto. No entanto, as coisas tendem virar-se para o lado mais estranho quando vemos Ayer a fazer algumas experiências culturais, sobretudo nas cenas mais violentas, principalmente Conejo, que é meio poeta, meio gangster com fetishes satânicos. Enquanto é de admirar este correr riscos a fazer algo que nenhum estúdio jamais permitiria, o seu visual extremo, aproximando ao chamado torture porn, que apesar de ser assustador, não cai tão bem quanto devia.

Entretanto, a narrativa também ela se mostra ligeiramente fracturada, especialmente quando se inclina mais perto de uma telenovela mexicana antes de se tornar numa história de violência, mas pela altura que isso acontece, o interesse já é reduzido pela jornada conduzida por um homem guiado pela emoção e um vilão demasiado assustador para o seu próprio bem.

Com isto, The Tax Collector apresenta-se como um filme de acção que é mais dramático que emocionante, algo que poderia ter resultado bem caso os elementos incluídos não fossem relativamente mal traduzidos pela sua narrativa e execução mediana. No mínimo, é diferente das propostas habituais, mas poderia ter sido tão melhor se fosse mais focado na acção implacável que tinha a oferecer.

Nota Final: 2.5/5

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