Os vampiros no cinema e na televisão já são algo comum de se ver nas últimas três décadas, a níveis variáveis de interesse e sucesso, causando uma ruptura no meio, seguido pelos zombies, que capitalizaram na procura de monstros nos ecrãs, fossem eles grandes ou pequenos. A oferta grande, mas relativamente pouco variada, faz com que filmes que introduzem novos elementos, como é o caso de Bit, despertem um outro tipo de atenção.
Escrito e realizado por Brad Michael Elmore, o filme segue a vida de Laurel (Nicole Maines), uma rapariga transgénera que decide passar férias em Los Angeles, em busca de inspiração para o próximo passo na sua vida. O que ela menos esperava era que conhecesse um grupo de vampiros queer feministas, que para sempre irão mudar a sua vida.
É fácil perceber a atracção do conceito temático de Bit, com a sua personalidade punk, liderada pelo charme honesto de Duke (Diana Hopper), que lhe mostra todo um mundo novo debaixo da chamada Cidade dos Anjos, onde a honra entre vampiros é seguida por um conjunto de regras, de modo não perturbar o ecossistema criado e gerido há décadas. No entanto, as suas acções são, no mínimo, contidas numa área cinzenta da moralidade.
Enquanto o filme aparenta ser uma espécie de coming-of-age, com muitos dos elementos de um, sobretudo no que toca à crise de consciência que Laurel tem, tentando lidar com o facto que ela agora é um vampiro e terá que lidar uma vida nova; o mesmo parece estar muito menos descontraído na sua abordagem, esta que muitas vezes parece deixar passar com mais atenção, alguns dos seus pontos fundamentais. Isto acaba por resultar numa mensagem menos clara sobre os tópicos que tornam Bit uma obra interessante, seja na forma que mostra as suas vertentes feministas, seja em retratar o vampirismo e a sexualidade.
Dito isto, ver Nicole Maines num novo ambiente, fora do universo televisivo da DC, prova que é uma das actrizes mais promissoras do cinema independente, ao lado de Diana Hopper, também ela uma presença televisiva muito forte. O facto de Maines ser transgénera e esse detalhe estar entrelaçada na narrativa, oferece uma dinâmica que ainda não tínhamos visto anteriormente, mas não explora a ideia a fundo, algo que poderia facilmente fazer, considerando aquilo que o filme aborda num todo.
No fim, Bit tem momentos onde a sua lufada de ar fresco tem tanto de divertido como de admirável, podendo-se tornar num verdadeiro filme de culto, apesar de algumas ideias que são passadas a lado, cuja importância poderia ter dado mais alguns pontos a seu favor, e a sua narrativa não se distraísse com pequenas histórias paralelas. Se alguma coisa que Bit faz certo é inspirar o punk revolucionário em nós, ao som de uma excelente banda sonora.
Nota Final: 3/5
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