18 de agosto de 2019
House of 1000 Corpses | A Casa dos 1000 Cadáveres (2003)
Antes de 2003, Rob Zombie era apenas um homem conhecido pelas suas andanças na música, com o seu famoso grupo, constituído por grandes contemporâneos como John 5, que também já colaborou com Marilyn Manson. São muitos os temas que contêm excertos de filmes de terror dos anos '60 e '70, como O Hotel do Terror (1960), Truck Turner (1974) ou The Mutations (1974), por isso uma ode ao cinema de género inspirado pelos filmes secretos daquela era, faz todo o sentido em ser a estreia de Rob Zombie atrás das câmaras ser A Casa dos 1000 Cadáveres.
É véspera de Halloween em 1977 e quatro amigos, Jerry (Chris Hardwick), Bill (Rainn Wilson), Mary (Jennifer Jostyn) e Denise (Erin Daniels) deparam-se com uma caricata personagem, Captain Spaulding (Sid Haig) e o seu local de trabalho, The Museum of Monsters & Madmen, um museu onde conhecem a lenda do Dr. Satan, indo depois à procura da árvore de onde foi pendurado. Nessa busca, os amigos conhecem Baby (Sheri Moon Zombie), que lhe leva até uma casa, onde o pior pesadelo deles todos começa.
A partir daqui, todo o filme age como se fosse um filme de John Carpenter em esteróides, com claras influências de Massacre no Texas (1974) e Os Olhos da Montanha (1977), onde Rob Zombie mostra a sua verdadeira paixão pelo cinema de terror clássico, elevando-o a um nível altamente grotesco, onde todos os limites são ultrapassados. Falo das muitas representações de torture porn e quantidades elevadas de sangue que invadem sem desculpas o ecrã, induzindo um pânico constante na mente do espectador.
Na verdade é tudo isto que faz de Rob Zombie um auteur verdadeiro à sua visão cinematográfica, um espelho à sua criatividade que reflecte directamente sob a sua música, criando assim uma ligação directa àquilo que lhe vai na mente e, provavelmente, na alma. algo que notamos, sobretudo nas curtas sequências que quebram a narrativa linear do filme, sendo pequenas pérolas inesperadas.
A sua apresentação no cinema traz um conjunto de personagens assustadores, frutos das circunstâncias de uma vida vivida no meio do nada, que aqui se mostram com uma personalidade mais cartoonesca com muito humor negro e uma enorme vontade de saciar a fome por ver o sangue a escorrer nas suas vítimas.
Não existe nada de visivelmente espectacular na realização de Rob Zombie, optando por um abordagem que acompanha mais de perto as pessoas neste bizarro mundo violento, contribuindo para este pesadelo infundido por ácidos que nunca mais acaba, com Sheri Moon Zombie a encarar o seu papel de uma forma assustadoramente convincente, deixando-nos na dúvida se a sua loucura é real.
No fim, A Casa dos 1000 Cadáveres é uma das estreias mais intrigantes no cinema independente nas últimas duas décadas, com um realizador disposto a fazer tudo para mostrar a versão mais genuína da sua visão, que neste seu primeiro filme faz sem pensar duas vezes, atirando o politicamente correcto pela janela. Felizmente, é algo que vai repetir ao longo da sua carreira e levar um enorme culto a segui-lo.
Nota Final: 3.5/5
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