11 de agosto de 2019

Shaft (2019)


Na era dos re-tudo e mais alguma coisa, não seria de estranhar que os clássicos de blaxploitation onde um vigilante negro vai em busca de causar caos e destruição por onde passa seriam devidamente actualizados. Mas será que era necessário trazerem Shaft de volta, se não fosse para aproveitar tudo o que o universo desta emblemática personagem traz com ela?

De alguma forma, Shaft (Samuel L. Jackson) teve um filho, JJ, ou Shaft Junior (Jessie T. Usher), que acabaria por se afastar para lhe proteger dos perigos da sua profissão. Eventualmente, JJ iria crescer seguindo uma carreira como analista de dados no FBI, pensando que tinha sido abandonado pelo seu pai, que não teria qualquer interesse em reconectar. Ao fim de mais de duas décadas, JJ recorre a Shaft para resolver um caso pessoal: a morte suspeita do seu amigo Karim (Avan Jogia).


Nunca se esperava que fosse esta a direcção que a saga Shaft tomaria, anos após anos de manter uma certa reputação como um género de filmes onde a violência fosse ligeiramente mais gratuita do que gostaríamos de admitir, mas que funcionava em prol da consistência histórica. Afinal, o Shaft original, desempenhado por Richard Roundtree, que faz também uma aparição neste filme para o tornar canon, a dada altura foi até África resolver os problemas locais à lei da bala. Logo, é de estranhar de longe esta abordagem familiar.

Infelizmente por mais estranho que seja, nunca entrenha, apesar da sua narrativa policial minimamente interessada, prosseguindo todos os passos cliché de o que normalmente se viria numa série de televisão. Shaft sofre do mal de ser um longo piloto televisivo que facilmente deveria se ter tornado em algo a longo prazo, onde a introdução das inúmeras personagens novas, entre a mãe de JJ, Maya (Regina Hall) e a crush dele, Sasha (Alexandra Shipp), que acabam por suportar muito da obra.


Talvez o pior de Shaft é estar a léguas do seu verdadeiro significado, algo que o filme de 2000 levou muito a sério com um dos melhores thrillers do virar do milénio, no mesmo ano que  American Psycho viria definir Christian Bale como um dos grandes novos actores, tal como Jeffery Wright. Aqui, estamos perante uma mistura de uma acção e comédia sem o foco no objectivo principal. São poucos os momentos em que as notas acertam no ponto, acabando por vezes ser demasiado tolo na sua comédia ou não ser sério suficiente em momentos importantes.

Não ajudando a este caso está a sua produção altamente polida, quem nem a quantidade de violência e vocabulário inapropriado é capaz de levar este filme às suas merecidas origens obscuras, com a realização de Tim Story (Táxi de Nova Iorque, Polícia em Apuros) a dar um tom leve e brincalhão à grande reunião de família. Não deverá ser a última vez que veremos Shaft, mas a este ritmo nem há vontade para apreciar o trabalho do detective mais duro de Harlem, agora com companhia.

Nota Final: 2/5

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