7 de junho de 2020

Dredd (2012)


As adaptações de banda desenhada para um público mais adulto, por norma sofreram muito ao serem idealizadas para agradar as massas, independente da fidelidade do material original. Tal como Spawn, em O Justiceiro das Trevas, antes dele veio Judge Dredd, com Sylvester Stallone a encarar a famosa personagem em A Lei de Dredd. Como seria de esperar, foi muito mal recebido, tanto por fãs, como aqueles que não conheciam as páginas da 2000 AD. Passados quase duas décadas, e no auge dos filmes 3D nos cinemas, eis que Dredd veio para a derradeira redenção.

Encontramos-nos em Mega City One, num mundo pós-apocalíptico, onde a polícia foi substituídas por Judges, agentes da lei que podem ser considerados juízes, júri e carrasco, dando uma nova eficácia ao cumprimento legal de um sistema rígido. Quando Dredd (Karl Urban) fica responsável por, Anderson (Olivia Thirlby), uma novata e mutante com habilidades especiais, estes são chamados até Peach Trees, um dos maiores edifícios da cidade, para investigar um homicídio. O que não sabiam que iriam contra Ma-Ma (Lena Headey), uma das rainhas do tráfico de uma nova droga, Slo-Mo, que fará de tudo para impedir que saiam de lá vivos.


É incrível como uma premissa tão simples e directa é capaz de manter o foco naquilo que lhe é mais importante: a acção. O ritmo rápido do filme garante que está sempre a acontecer algo, e a hora e meia de filme, uma duração muito curta ao lado de outros filmes do género, permite que a abordagem explosiva e infundida com LSD seja brilhantemente executado por Pete Travis e Alex Garland, numa parceria que mostra o verdadeiro potencial do herói da banda desenhada. No entanto, é importante notar que o filme tem mais estilo que substância, no caso de ir a fundo dentro do mundo ao seu redor.

Pondo de lado qualquer história de origem ou reviravoltas de conspiração, Dredd opta por oferecer os moldes mais básicos de um filme de acção que explora, e muito bem, todas as suas ideias no que toca ao universo ao qual se integra. De um lado, vemos a parceria de Dredd e Anderson a desenvolver-se, esta última uma das personagens que merece a nossa maior atenção, ao abrir portas para a possibilidade de uma sequela mais focada nas suas habilidade psíquicas, enquanto que do outro, vemos o quão negro é a mente de Ma-Ma e todas as coisas aterradoras que é capaz de fazer, balanceando o bem e o mal, onde todos os momentos contam.


Com isto, Dredd prova que é possível adaptar a banda desenhada para o grande ecrã, bastando estar ciente do material original e não inventar histórias que normalmente servem para contextualizar, frequentemente sem necessidade, os motivos das personagens. Aqui, agarrar o que está a acontecer no momento é uma decisão imperativa que funciona muito bem, podendo ser um dos melhores filmes de banda desenhada fora dos gigantes da Marvel e DC Comics.

Nota Final: 4/5

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