3 de junho de 2020

Green Room (2015)


Jeremy Saulnier é, sem dúvida, um dos realizadores mais enigmáticos do cinema independente, tendo tido um foco após o sucesso  inesperado de Ruína Azul, criando uma espécie de culto à sua volta. Poucos anos mais tarde, Saulnier decide mostrar ao mundo um thriller que mantém o seu tom, mas num espaço totalmente diferente, em Green Room.

Pat (Anton Yelchin), Sam (Alia Shawkat), Reece (Joe Cole) e Tiger (Callum Turner) são os membros da banda de punk, os Ain't Rights. Estando em viagem numa tournée e após um concerto cancelado, eles conseguem uma actuação num bar conhecido pela presença de neo-nazis. Quando estão prestes a irem-se embora, Pat acidentalmente testemunha um homicídio e as coisas desabam numa perseguição infernal, onde a banda faz tudo para sobreviver, juntamente com Amber (Imogen Poots), uma rapariga que também está no meio desta confusão. Do outro lado da porta está Darcy (Patrick Stewart), o líder dos skinheads, que fará de tudo para que as coisas sejam resolvidas a bem ou a mal, de uma vez por todas.


Há uma abordagem orgânica na forma que Saulnier conta a sua história, nunca somos dados mais informação que plenamente o necessário para percebermos que estas personagens, por mais qualidades e defeitos que tenham, estão a actuar sob as suas reacções naturais ao problema apresentado, na visão de ambos lados. E as coisas certamente que ficam macabras!

Todos os momentos em Green Room aparentam ser pensados ao pormenor, com um efeito urgente sobre o espectador, onde a reacção intuitiva é sobreposta a qualquer tipo de racionalidade, levando a que decisões muito estúpidas sejam tomadas em prol de superar a morte e aqueles que a provocam, seja ao vermos os Ain't Rights a decidiram qual o melhor curso de acção para saírem ilesos, seja ao vermos como os skinheads irão arrumar o assunto, com um plano minucioso para que nenhuma questão seja levantada pelas autoridades. Neste caso, são as mesmas decisões estúpidas que movem a narrativa para um caos controlado, repleto de violência coordenada, com uma intensidade que apenas Saulnier sabe fazer.


É impossível não encontrar alguma estranheza ao vermos Patrick Stewart como o mau da fita, no que é provavelmente um dos seus melhores e menos conhecidos papéis da sua vida, ainda que a sua presença e talento não são exploradas tanto quanto poderíamos desejar, ficando aquém das expectativas. No entanto, o tempo que realmente aparece, mostra uma versão muito sombria do tão conhecido actor.

No fim, Green Room é um dos filmes independentes mais bem compostos dos últimos anos, onde o terror subliminar tem um efeito permanente na forma que vemos o mundo contra o movimento neo-nazi, elevando a um nível novo, mas principalmente, mais punk.

Nota Final: 4/5

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