1 de julho de 2019

Brawl in Cell Block 99 | Rixa no Bloco 99 (2017)


Após uma estreia aclamada pelo público e pela crítica, com o western A Desaparecida, o Aleijado e os Trogloditas, eis que S. Craig Zahler regressa com mais um passo interessante na sua curta carreira, ao escrever e realizar Rixa no Bloco 99, indo novamente no caminho de trazer de volta um género já pouco abordado: os exploitation films.

Bradley Thomas (Vince Vaughn) é um ex-pulgista tornado transportador de drogas, para dar à sua mulher grávida a melhor vida possível, após terem resolvido uma discussão grave onde Lauren (Jennifer Carpenter) tinha traído Bradley. Dezoito meses depois, as coisas parecem correr bem, até o que seria apenas mais uma ronda, acaba com Bradley a parar um tiroteio com a polícia. Infelizmente, este terá que cumprir uma pena na prisão pelas suas acções, algo que se torna difícil quando a sua mulher é raptada e é ameaçada a morte da sua filha ainda por nascer, caso não assassine um outro presidiário.


Estamos novamente perante um longo filme onde o foco é o desenvolvimento pessoal da personagem principal, que se vê numa situação dura de roer, a que se adiciona um problema ainda maior quando não tem outra escolha senão cavar um buraco ainda mais fundo para salvar aqueles que ama.

Incrivelmente, Vince Vaughn brilhante neste papel de durão, entre as várias lutas onde ainda leva uma boa dose de porrada em cima. Para um actor deste género, cujo reportório é composto grande parte dele por comédias e dramas, é bom ver que é capaz de suportar algo tão sério duma forma natural.


A narrativa demora o seu tempo a desenvolver, onde cada problema representa um passo em frente para a sua finalidade principal: chegar ao bloco 99 e cumprir aquilo que tem que fazer. Claro que tudo é prosseguido com angústia, onde pouco a pouco sentimos a raiva a crescer dentro de Bradley, que mais tarde ou mais cedo, lança o caos sem pensar duas vezes, mostrando uma realidade cruel do verdadeiro sacrifício para a família.

Mas Rixa no Bloco 99 é um filme deveras estranho de se ver hoje, considerando o mundo em que vivemos e como o filme descarta todas e quaisquer noções de politicamente correcto. Falo de situações de vocabulário racial, violação da integridade e uma descrição bastante gráfica de ferir alguém pelo puro divertimento, ao qual se junta uma boa dose de sangue e partes corporais partidas, sempre duma forma extremamente obscura e real. É assim que Zahler presta novamente homenagem a um género perdido e claro, faz-o da sua própria forma, onde a prisão é verdadeiramente um inferno.


No fim, somos brindados com uma mensagem triste e fria, sem qualquer tipo de embelezamento. A vida é terrível e mesmo quando tentamos fazer o bem e ser justos, nem sempre seremos devidamente recompensados pelas nossas acções, pois a vida não tem finais felizes e este filme muito menos. O que nos valha é que Zahler não tem intenções em parar, já que este é o primeiro filme na Cinestate, uma das produtoras que parecer ter os olhos postos em mudar o cinema independente, e está a consegui-lo.

Nota Final: 4/5

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