30 de julho de 2019

Nomis | Night Hunter (2019)



Fazer um policial capaz de cativar a atenção do espectador tempo suficiente e permiti-lo acompanhar a acção ao mesmo tempo que as personagens que estão a investigar o caso é uma tarefa cada vez mais difícil, sobretudo pela esmagadora quantidade de séries televisivas que abordam o género duma forma directa e sucinta, em doses de 45 minutos. É por isso que vale a pena aplaudir o estreante escritor-realizador David Raymond pela audácia de tentar trazer ao grande ecrã Nomis.

Quando Marshall (Henry Cavill), um detective apanha um homicida culpado pela morte de dezenas de mulheres, Simon (Brendan Fletcher), este junta-se a Cooper (Ben Kingsley), um vigilante com uma missão, em perceber o que realmente aconteceu e descobrir a verdade por detrás do psicopata.


Numa cidade fria, onde a neve está espalhada por todo o lado, o mesmo transpõe-se para as cenas que são elas igualmente frias entre elas, seja quando Marshall entra em modo de polícia durão frustrado ou quando a sua colega Rachel (Alexandra Daddario), uma profiler, tenta chegar a Simon através de métodos psicológicos, o esquema parece estar planeado ao mais ínfimo detalhe, algo que é fácil nos passar ao lado com as diversas distracções que o filme nos atira.

O que temos na verdade é um argumento que mostra as suas inspirações policiais, no que poderia ser um piloto para uma série de streaming, com um elenco altamente valioso, onde ainda se juntam Stanley Tucci, e Nathan Fillion. Em todo o caso, é Cavill que se destaca, numa altura em que o actor continua num registo de durão, vindo de Missão Impossível - Fallout. No entanto, é este mesmo argumento que, combinado com visuais que variam entre o cinema europeu e o americano, que Raymond nos propõe uma obra onde a sua única maior falha é talvez ser ambicioso com a forma que o caso é seguido e, subsequentemente, resolvido com a lógica necessária para que seja uma conclusão plausível o suficiente.


Acontece que o procedimento entre as acções de cada um dos jogadores participantes no caso nem sempre se mostram relevantes, sobretudo Cooper como o vigilante bem-feitor, que devido à sua culpa interior pela morte da sua família, o torna num anti-herói que passa a vida a atrair predadores sexuais, fazer-lhes uma operação que lhes impeça de ter uma erecção, e roubar-lhes todo o dinheiro em troca do silêncio deles. Acções destas que são condenáveis mas que são completamente ignoradas pelas autoridades para uma ameaça maior. Neste caso, todo o ensemble de personagens semi-secundárias, que aparecem na linha da frente apenas são necessárias, fazem perder toda a naturalidade duma narrativa que poderia facilmente ter sido mais fluída.


Assim, Nomis prova que uma entrada ocasional no género pode não fazer uma grande diferença, principalmente se jogar pelo seguro, mas tem um valor simbólico pelo esforço feito, o que se traduz num thriller minimamente interessante, onde os bons e os maus mantêm-se pacientemente no seu lugar e a justiça, tal como a vingança, serve-se fria.

Nota Final: 3.5/5

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