1 de julho de 2019

The Standoff at Sparrow Creek (2018)


Quando a Cinestate foi fundada por Dallas Sonnier em 2016, com o seu amigo S. Craig Zahler a ter uma grande dose de sucesso com A Desaparecida, o Aleijado e os Trogloditas, o mesmo prometeu que a sua produtora iria tratar os vilões da história como as pessoas que são na realidade: motivadas, inteligentes e sobretudo, dedicadas à sua causa, independentemente do quão controvérsia seria, invés de lhes dar o tratamento de Hollywood, que tende as rotular de idiotas sem razão.

Depois de ter produzido o segundo filme de Zahler, Rixa no Bloco 99, um filme que fincou a existência da produtora, eis que este produz a estreia de Henry Dunham no argumento e na realização com The Standoff at Sparrow Creek.


Depois dum tiroteio num funeral policial, um grupo de homens reúne-se no seu quartel general para descobrir quem da milícia foi o responsável pelo crime grotesco, ao descobrirem que uma das armas do crime está em falta no seu inventário. Cabe a Gannon (James Badge Dale), um ex-polícia tornado militante interrogar os seus companheiros e descobrir a verdade, pondo em questão os ideais que os unem.

O que Dunham acaba por criar é a sua própria versão do clássico And Then There Were None, de Agatha Christie, mas com a grande mudança ser o foco do ponto de vista dos maus da fita. De facto, estes homens são maus, ainda que esse julgamento seja feito com base naquilo que sabemos que defendem com garras e dentes, nunca vendo nenhuma acção malícia feita por eles. É da mesma forma que o filme decorre num único espaço fechado, onde todos são suspeitos dum hediondo crime.


Naturalmente que as coisas não são de todo pintadas a preto e branco, onde pela hora e meia de filme vamos percebendo as motivações de como estes homens passaram para o outro lado e aquilo são capazes de fazer e pensar como militantes, algo que certamente irá causar algum desconforto, numa altura em que os tiroteios nos Estados Unidos são frequentes. É ao tratarmos estas personagens como pessoas com uma certa inteligência, ao qual se junta o ego e a necessidade de ser patriota que nos afasta em simpatizar com eles, mas concretamente termos noção o quão longe um mártir é capaz de ir pela sua causa.

Vários são os momentos em que se consegue cortar a tensão com uma faca, enquanto Gannon faz a sua devida investigação, questionando até que ponto conhece aqueles que estão ao seu lado e o que fariam em certas circunstâncias, levando com seriedade um assunto capaz de ferir susceptibilidades.


Estando num estado permanente de escuridão, seguimos até a um final onde as reviravoltas casuais avançam a narrativa a bom ritmo, dos quais os detalhes intrincados somam-se para nos dar uma ideia daquilo que se passa na mente daqueles que rapidamente odiamos, e com razão. Mas como tudo, compreender o que motivam os vilões destas histórias, por menos que possamos simpatizar com eles, deixa-nos elucidados que os verdadeiros monstros poderão ser aqueles que menos esperamos.

Nota Final: 4/5

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