O ano era 1988 e Tom Holland (o realizador, não o Homem-Aranha) mudou a forma como olhávamos para bonecos inanimados quando lançou Chucky, o Boneco Diabólico, um filme que reuniu todos os elementos do cinema de terror no que era na altura uma nova abordagem. Naturalmente, o mundo ficou aterrorizado com Chucky, e muitos filmes depois, seis para ser exacto, eis que o botão de reiniciar é carregado para o remake/reboot com O Boneco Diabólico.
Nesta nova versão, realizada por Lars Klevberg (Polaroid), Karen (Aubrey Plaza) e Andy (Gabriel Bateman), uma mãe e filho mudam-se para Chicago em busca de uma nova vida quando um dia Karen traz para casa um modelo usado de Buddi, um boneco companheiro capaz de se conectar a certos aparelho em casa e ser um ponto central para os controlar. Excepto que este Buddi tem algo de especial com ele: não só se chama Chucky, como é nada mais e nada menos Mark Hamill a dar-lhe a voz, ao qual se juntam as tendências violentas, que o torna perigoso.
A abordagem pelo lado da Internet das Coisas (Internet of Things, ou IoT) resulta numa modernização mais competente do que esperado, tornando neste filme no que poderia facilmente ser uma entrada na antologia da Netflix Black Mirror, pelo que a base da sua premissa tecnológica seja algo completamente plausível em 2019. Afinal, com frigoríficos e torradeiras que podem ser ligadas por Wi-Fi, era só uma questão de tempo.
Estamos perante uma versão que toca perto de assuntos actuais com seriedade, desde uma criança a tentar integrar-se no seu novo meio, em como damos muita importância ao que se passa no ecrã do nosso telemóvel, tudo coisas que já consideramos normal no nosso dia-a-dia. Aqui Klevberg utiliza com toda a eficácia o que é ser um adolescente e como tudo seria encarado nos dias de hoje, onde percebemos como é que um boneco se torna num assassino nato, querendo ele apenas quer brincar com o seu melhor amigo, sem que nada que lhe impeça de cumprir o seu objectivo.
Felizmente temos aqui duas horas onde o terror e a comédia fazem um excelente par, sem qualquer contenção, onde sangue, gore e risos se misturam duma forma orgânica e genuinamente divertida de se ver e sentir na pele. Claro que tem os seus defeitos, como a sua previsibilidade ocasional e por vezes ser exagerado nas suas mortes, por mais criativas que sejam. Ainda assim, não é nada que comprometa os muitos momentos de diversão que certamente valem a pena ver no grande ecrã e com boa companhia!
Nota Final: 3.5/5 (originalmente 7/10)
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Originalmente publicado em Central Comics a 19 de Julho de 2019.
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