O amor é uma coisa muito estranha. Visto de modo clínico, é apenas o resultado de algumas reacções químicas no cérebro. Para outros, é um sentimento indescritível, capaz de mover montanhas. Fora dos clichés habituais que o cinema romântico nos insiste em fazer uma lavagem cerebral, onde o amor realmente move montanhas, está Hannah Marks e Joey Power, o duo de escritores e realizadores de Depois de Tudo.
Elliot (Jeremy Allen White), um rapaz que descobre que tem um tumor na zona pélvica, que poderá se desenvolver para um cancro. Na mesma semana que recebe este diagnóstico, Elliot conhece Mia (Maika Monroe), uma rapariga normal, que muda a vida dele para sempre, enquanto que o amor entre ambos cresce.
Não é fácil abrir a alma a alguém que mal nos conhece, pondo logo em cima da mesa todas as cartas, sobretudo uma tão pesada quanto uma doença que pode definir a vida e a morte. Mas duma forma pouco dramática, Elliot e Mia juntam-se para apoiar um ao outro durante este tempo difícil, sem qual quer contenção.
A vulnerabilidade que a dor traz, e a possibilidade de uma relação ter de imediato uma data de expiração, por causas naturais, permitem que os pontos fortes e fracos deste casal se revelam. É assim que Hannah Marks e Joey Power transpõem um mundo que não parece fictício, onde pessoas normais, com problemas perfeitamente plausíveis, mostram como lidam com essas dificuldades. Há dias bons e dias maus, como qualquer outra situação real, onde cabe aos dois encararem as mesmas com a força que têm, que nem sempre resulta.
Mostrando uma grande parte da vida destas duas pessoas, desde do seu humilde ínicio, passando pelas situações normais de conhecerem os pais e os amigos, não há nada propriamente espectacular, mas esta genuinidade agarra a nossa atenção, como se este retrato duma vida fosse algo fascinante.
Apagados estão todas as ideias pré-concebidas dos livros, e subsequentemente, das adaptações de romances de Nicholas Sparks, onde tudo é perfeito e o final é garantidamente feliz. Em Depois de Tudo, há uma chance muito real de as coisas correrem mal, tal como há esperança que as coisas são capazes de se resolverem, podendo este filme servir como um manual de relações. Ninguém espera a perfeição, tendo toda a gente a noção que tudo pode acabar num estado menos indesejado.
Claro que a vida continua, e temos que lidar com ela a melhor forma possível, com a experiência a servir de algo para crescermos e seremos melhores pessoas por isso; algo demonstrado pela sensibilidade que Monroe e White, explorando a sua sensibilidade individual, sendo personagens facilmente relacionáveis, onde podemos ver um reflexo da nossa própria pessoa algures ali, podendo aprender uma lição valiosa.
Depois de Tudo mostra um talento natural por parte de Hannah Marks e Joey Power, um talento que seria uma pena não ver explorado futuramente noutras obras, tendo nós que consolar com Marks na realização de Turtles All The Way Down (Mil Vezes Adeus), adaptado a partir do livro de John Green, autor de A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.