12 de janeiro de 2019

Monsters and Men (2018)


Os tiroteios policiais são uma notícia frequente nos Estados Unidos, numa altura em que existe um presidente capaz de justificar o uso de força excessiva ao que ele chama de minorias no país. Mas o tema não é nada de novo e já vem muito antes de Trump, já que durante a administração de Obama, os discursos eram praticamente semanais, com o ex-presidente num constante estado de choque e desilusão. É por isso que a estreia de Reinaldo Marcus Green nas longas-metragens é uma que será o mais marcante no seu inicio de carreira, com Monsters and Men.

Numa noite tranquila, em frente dum supermercado, Manny (Anthony Ramos) testemunha a morte ilegítima de um homem negro por parte dum polícia caucasiano, tendo gravado tudo no seu smartphone. Vivendo num dilema entre publicar ou não o vídeo, Manny vive a sua vida à mercê das consequências da sua decisão.


Não é a primeira vez que um drama deste género abordou os tiroteios policiais de uma forma tão frontal, vindo à mente Fruitvale Station: A Última Paragem de Ryan Coogler, sobre a morte de Oscar Grant III. Onde Monsters and Men se diferencia é no poder da mudança de perspectiva, já que Manny não é a única personagem principal, contando com uma intervenção por parte de Dennis (John David Washington), um polícia negro com a sua opinião dividida sobre o assunto e, mais tarde, Zyrick (Kelvin Harrison Jr.) a representação da juventude que quer fazer tudo para criar uma consciência sobre como as comunidades são afectadas quando polícias abusam do seu poder.

Green prova que tem um talento inato a contar uma história onde a empatia que temos pelas diversas personagens, cada uma delas que poderiam perfeitamente ser nossos vizinhos, num mundo em que ter medo das autoridades ainda é uma realidade dura de engolir. A dúvida que se sobrepõe no raciocínio atrás de cada um, é uma mera reacção aos acontecimentos que estão em seu redor, sendo que as suas decisões de vida afectam o mundo à sua volta.


John David Washington mostra novamente o seu talento no ecrã, seguindo o seu próprio caminho com uma carreira que será sempre comparada com a do seu pai, desta vez encarando um papel dum polícia local que acaba por adaptar os seus pensamentos num meio termo entre ser negro e ser polícia, sendo ele um dos pontos altos da obra.

Monsters and Men tem boas ideias no que toca em mostrar uma realidade que poucos querem assumir, dando-nos o privilégio de assistir na primeira fila, como um acontecimento recorrente afecta a comunidade que se integra e como essa comunidade reage perante a violência e o assédio policial. Pode não ser o pico do entretenimento, mas é um bom abre-olhos. Vale a pena ficar atento para ver o que Reinaldo Marcus Green faz a seguir.

Nota: 3/5

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