30 de janeiro de 2019

The Lobster | A Lagosta (2015)


O amor, outra vez o amor. Claro que Yorgos Lanthimos teria que estar metido em mostrar a sua visão do amor, com A Lagosta, onde Colin Farrell é David, um homem branco genérico, com uma vida monótona. Após da sua mulher lhe ter deixado, este é levado para um hotel onde tem 45 dias para encontrar uma parceira, senão será transformado num animal.

Este futuro distópico é um que inicialmente se estranha, mas que rapidamente entrenha, encarando esta realidade alternativa onde existe uma ordem para aqueles que são forçados a procurar o amor. Os castigos por não seguir as regras tendem ser brutais, desde meter a mão numa torradeira como consequência de masturbação, ao outros castigos igualmente violentos, por motivos aparentemente inofensivos e normais.


Do outro lado estão os solitários, que como quem diz, são aqueles que escaparam este hotel demoníaco em troca duma vida onde a luta pela sobrevivência é preferível a seguir regras estúpidas e mesmo assim tornarem-se em animais. Eles também são caçados, pelo que cada um vale um dia extra no hotel para procurar a cara metade, adiando assim o destino em troca duma esperança mórbida.

David é um homem que não sabe exactamente como lidar com a sua vida nova com um prazo, algo que não lhe faz sentido, onde as pessoas se comportam de forma demasiado bizarra nos seus olhos. Mas esta estranheza abre caminho para mostrar o quão simples este universo é, por mais que as regras ao qual ele se dirige são diferentes; podendo ser comparável às pressões modernas de termos que encontrar um parceiro para a vida.


Yorgos Lanthimos faz a sua estreia em língua inglesa com um filme que faz por deixar boas impressões, demonstrando um talento para nos trazer ao centro do lado mais invulgar duma narrativa que poderia facilmente cair no cliché, onde o foco pousa sobre um mundo de atributos binários, fazendo uma sátira da construção das relações interpessoais que temos, que são mais directas que aparentam, com situações chocantes que aqui são encaradas com toda a normalidade.

É assim que A Lagosta nos apanha desprevenidos, com uma cinematografia calma e concentrada, onde Yorgos Lanthimos prova que tem uma grande carreira pela frente, algo que mostrou mais tarde em O Sacrifício de Um Cervo Sagrado, num registo muito mais psicótico e violento. Neste caso, a levidade da comédia ridícula já vai mais além que muitos, de forma tão original que é.

Nota Final: 4/5

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