10 de janeiro de 2019

Glass (2019)


Quando M. Night Shyamalan lançou O Protegido em 2000, muitos viram o filme como um conto alternativo às adaptações de banda desenhadas, escassas na altura, o mesmo teria ganho um pequeno culto que admirava a abordagem mais dramática e humana dos super-heróis. Já na altura, havia rumores que Shyamalan teria pensado neste universo como uma trilogia, à qual negou, até que em 2016 vimos James McAvoy a encarar as suas múltiplas personalidades em Split, e um final que indicava que algo mudou na mente do escritor e realizador. Assim, eis que Glass fecha um triângulo que demorou 19 anos a concluir.

Agora com Kevin Wendell Crumb (James McAvoy) e a sua persona The Beast no radar de David Dunn (Bruce Willis), os dois são capturados por Dr. Ellie Staple (Sarah Paulson) uma psiquiatra especialista em desilusões de grandeza, pois acredita que estes homens não são todos-poderosos, mas que são pessoas normais com os seus momentos hábeis. Para completar o trio está Elijah Price (Samuel L. Jackson), mais conhecido como Mister Glass, que regressa com a sua inteligência apurada.


O desenvolvimento do filme deve-se muito à contextualização de cada uma das personagens, desde Dunn que se juntou ao seu filho Joseph (Spencer Treat Clark), para combaterem o crime local, a Kevin e as suas personas, que continuam a instalar o caos, a Elijah, o primeiro a ser confinado no hospital. Todos eles terão que lidar com os métodos de desprogramação, onde convencer tem a difícil tarefa de os convencer que não são quem realmente pensam.

É frustrante ver um filme com uma personagem que reprime constantemente algo que já viu a olhos vistos as capacidades de cada um destes heróis, com provas consistentes, e ainda assim convencida que tem razão. É igualmente frustrante como Glass passa praticamente o filme inteiro neste registo, falhando nas suas constantes tentativas de dizer contrário.


Tanto David como Kevin, como Elijah sabem exactamente o que cada um traz à mesa, acreditando até ao fim nas suas capacidades físicas e psicológicas, o que faz mover o filme para a frente num ritmo demasiado desalinhada, onde a narrativa tende frequentemente focar-se em coisas irrelevantes numa tentativa - novamente falhada - em nos distrair para os tais plot twists que Shyamalan já nos habituou.

Tendo em conta a boa recepção dos dois filmes prévios nesta trilogia, Glass tenta solucionar os problemas que nunca teve, onde a ambição de Shyamalan terá feito mais mal que bem para contar uma história que quis ser maior do que na verdade é. James McAvoy, ainda que continua brilhante a encarar as diversas personalidades dentro dele, já não apresentam nada de surpreendentemente novo, tendo que partilhar o tempo de antena com Bruce Willis, o herói cuja fraqueza é a água e Samuel L. Jackson, que não está nem de perto da personagem maléfica ao qual nos foi introduzida há quase duas décadas.


Não sabendo exactamente o porquê do novo rumo desta conclusão, existe um enorme sentimento de desapontamento perante o legado que será deixado para trás, um que se acreditava que fosse o regresso do Shyamalan que todos gostávamos no seu inicio de carreira. Infelizmente, não foi o caso, com o fecho da trilogia a ser bastante tremida, havendo um enorme desequilibro entre o bom e o mau. Que seja uma lembrança que nem sempre devemos arranjar algo que não está partido e Glass, estilhaçou completamente qualquer expectativa que se poderia ter.

Nota Final: 2.5/5

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