Numa altura em que o sub-género do found footage estava mais que dominado por filmes como Actividade Paranormal e as obras inspiradas no desejo de dar ao espectador um shot de adrenalina imediata e eficaz, eis que Adam Robitel inicia a sua carreira na realização com A Possessão, num filme produzido por Bryan Singer.
Mia (Michelle Ang), Gavin (Brett Gentile) e Luis (Jeremy DeCarlos) são três estudantes que decidem documentar a vida de Deborah Logan (Jill Larson), uma idosa a sofrer de Alzheimer, e a sua filha, Sarah (Anne Ramsay) que rapidamente descobrem que a doença da sua mãe é muito mais do que aparenta ser.
A ideia da abordagem de documentário para dar uma impressão que isto é um pedaço da vida real de alguém acaba por perder muito interesse quando durante uma boa parte do filme, este tenta convencer-nos que nada de sobrenatural se passa, para acabar por aceitar que as coisas são realmente bizarras, dobrando os seus esforços em tornar tudo assustador. Nem sempre faz sucesso, muitas vezes tirando páginas doutros filmes do género, como e espanhol [REC] ou o clássico O Projecto Blair Witch, não mostrando nada de novo.
Ainda na mesma onda, agarrar no conceito duma doença degenerativa, como é o caso do Alzheimer, e torná-la em algo sobrenatural, por vezes deixa ser difícil de acreditar, sendo que o filme frequentemente tenta justificar-se com alguma lógica e senso comum que não combinam directamente. É necessário haver uma suspensão de crenças para apreciarmos melhor A Possessão, com o filme a ficar mais interessante a partir do momento em que introduz toda a temática do ritual demoníaco.
As sucessivas tácticas de susto, desde dos vários jump scares, prontos para nos assustarem quando mais esperamos, ao incomodar a equipa de filmagem com um quadro de campainhas, que curiosamente já não funcionavam há anos; muito disto poderá ser considerado jogar pelo seguro. No entanto, são vários os momentos de body horror, com peles escamadas, uma boa dose de gore e um imaginário violento, que acabam por ser bastante cativantes, aparecendo, infelizmente, muito tarde no filme.
Ao acompanharmos Deborah durante pouco mais de 2 meses, chegamos à conclusão que muitos destes cenários aparentam ser à base de coincidências infelizes, e timings terríveis, com as consequências a não terem um impacto tão grande quanto o filme gostaria que tivesse.
Se por um lado, temos um filme que acorda mais tarde do que deveria para proporcionar um filme interessante, pelo outro esse interesse é suportado por variações melhor pensadas de clichés tradicionais dos filmes de found footage, chegamos à conclusão que as ideias em A Possessão são bastante boas. Apenas foram executadas duma forma menos imediata e esse é o maior pecado deste filme. Fora isso, não existem grandes queixas, senão apelar que aturem os primeiros 20 minutos do filme, que é quando ele finalmente encontra o seu lugar, e daí, apreciar aquilo que realmente tem de valor.
Nota Final: 3.5/5
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