6 de outubro de 2018

Red State (2011)


Há 24 anos que Kevin Smith é uma referência no mundo dos geeks, que acompanham as suas comédias inteligentes do ínico da sua carreira, como Clerks e Mallrats, com Smith a interpretar Silent Bob que até hoje é uma das personagens mais queridas pelos seus fãs.

Durante vários anos, Smith focou-se em fazer o seu público rir-se, até que em 2007 revelou que Red State seria um dos seus próximos filmes e que seria diferente de tudo que já fez até hoje. Demorou alguns anos até conseguir um investimento sólido para o produzir e foi preciso o buddy-cop Não Chamem a Polícia! ser universalmente odiado, Em 2011, Red State foi lançado ao mundo e criou um pequeno caos.


Inspirado pelos fanáticos religiosos do Westboro Baptist Church, os mesmos que gostam de ir protestar funerais com placas derrogatórias de homofobia, Red State retrata um grupo liderado pelo Pastor Abin Cooper (Michael Parks), que é uma espécie de Fred Phelps, mas com um amor pela segunda emenda da constituição. Que é como quem diz, gosta de ter o direito de poder usar armamento militar para defender o seu território.

Entretanto, três jovens que combinaram um encontro com uma mulher mais velha através dum chat online pré-Tinder, são raptados e torturados por cometerem um pecado imperdoável, que acaba com a polícia local se aperceber que Cooper está a esconder algo, desencadeando assim um tiroteio.

Chamado ao local foi Keenan (John Goodman), um agente especial da ATF que ficou responsável por resolver a situação da forma mais pacífica possível. Excepto que este culto não está para brincadeiras e gostam muito de poderem disparar armas de alto calibre contra as autoridades.


Kevin Smith tem assim ingredientes mais que suficientes para um filme intenso, num thriller que é realmente o total oposto de tudo que já alguma vez escreveu ou realizou até à data, sendo que a outra vez que voltou a abordar outro género, neste caso terror, foi em 2016 num segmento da antologia Holidays.

É estranho estar em 2018 e ouvir o Pastor Abin Cooper fazer referência a homofobia e à violência com armas, sobretudo nesta era de Trump, onde tais conversas já são normalizadas e é o pão nosso de cada dia. É por isso que o protagonismo de Michael Parks como esta personagem que por esta altura conhecemos tão bem, duma ou doutra forma, é encarada de forma quase perfeita. Parks é realmente perigosamente charmoso como o líder religioso à espera dum milagre que, de certa forma, acaba por acontecer.


Ainda que visualmente, o uso constante do shaky-cam poderá não ser de agrado, dá certamente uma outra dimensão à acção do filme, onde vendo ambos lados do conflito, percebemos o quão longe estão dispostos a ir para se tornarem mártires da sua causa. Mas é por ser o primeiro filme de Smith noutro registo que notamos as tais falhas naturais, que de facto tiram pontos à qualidade do filme. No entanto, são essas mesmas falhas que mostram o risco dum realizador enveredar por novos caminhos e não ter medo em experimentar novas ideias.

Assim, Red State está longe de ser um filme perfeito, mas existe muito por apreciar nesta obra que hoje é uma de visualização essencial, considerando o estado do mundo de hoje. Pouco sabíamos na altura o que vinha daí...

Nota Final: 3.5/5

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