O ano era 2014, e Actividade Paranormal já teria abrido portas para todo um novo género de cinema low-budget, utilizando técnicas de cinema casuais, oferecendo alguns sustos por pouco dinheiro. Foi nesse ano que um produtor russo chamado Timur Bekmambetov lançou ao mundo Unfriended, um filme cujo formato decorre exclusivamente no ecrã dum computador, onde o maior medo é de um vilão virtual, mas igualmente letal.
Apesar de nunca ter sido aclamado pelos críticos, o filme tornou-se num de culto moderno, mas todos concordariam: Bekmambetov tropeçou em algo interessante.
Passados apenas 4 anos, o produtor regressa novamente com Pesquisa Obsessiva, um thriller que utiliza de forma eficaz a mesma técnica, substituindo o terror por suspense.
Realizado por Aneesh Chaganty, o filme conta a história de David Kim (John Cho), um pai que entra em desespero após perceber que a sua filha Margot (Michelle La) desapareceu da noite para o dia sem deixar rasto. David inicia, então, uma investigação com ajuda da Detective Rosemary Vick (Debra Messing), onde descobrem pouco a pouco a vida da jovem.
Desesperados e à procura de pistas, o filme faz bom uso dos visuais em ecrã, dando não só informações pertinentes, como pequenos textos, clips e chamadas em vídeo, mas também pequenos detalhes que adicionam uma dimensão extra, já que tudo é importante para se saber o que aconteceu a Margot e para onde ela poderá ter ido.
Mas antes de começar com a parte mais intensa, os primeiros minutos do filme explicam o que aconteceu à família Kim, através de memória digitais, onde vemos Margot a crescer ano após ano e também a trágica morte da sua mãe devido ao cancro.
Pesquisa Obesessiva é principalmente um ensaio sobre como os jovens utilizam as tecnologias como meios de comunicação, mas provando que na realidade muitas vezes não sabemos nada sobre as pessoas com que comunicamos online só porque são da mesma escola ou turma. Ao mesmo tempo, o filme vai mais longe mostrando que a utilização desses mesmas tecnologias podem criar barreiras entre pais e filhos, não permitindo que estes saibam tudo sobre a sua vida.
São muitos os momentos de choque, à medida que a investigação avança e nós espectadores acompanhamos tudo em tempo real, descobrindo tudo ao mesmo tempo que David que apenas quer a sua filha de volta.
Por fim, Pesquisa Obsessiva revela-se ser um thriller que recorreu de forma criativa aos recursos digitais de hoje para contar uma típica história de busca e resgate, apenas provando que não é o que contas, é como o fazes. E isso, faz toda a diferença.
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Originalmente publicado em Cinema à Rolha a 2 de Outubro de 2018
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