31 de outubro de 2018

The Endless | O Interminável (2017)


Quando Aaron Moorhead e Justin Benson se apresentaram ao mundo em 2012 com Resolução Macabra, pouco saibamos que estávamos perante o que seria uma das pérolas mais bem conseguidas do cinema moderno e o inicio de algo grandioso. Após uma pausa em 2014, com Spring, eis que vemos o duo expandir o universo do seu primeiro filme em O Interminável.

Desta vez, Moorhead e Benson não só escrevem, produzem e realizam, como também são os protagonistas deste filme, encarando  personagens com o mesmo primeiro nome que o deles, certamente uma decisão criativa propositada ainda que não se estejam a retratar a si mesmos.


Aaron e Justin são dois irmãos que há 10 anos atrás escaparam ao que chamam um "culto de morte OVNI", perseguindo uma vida normal, tendo sessões frequentes de desprogramação ainda após uma década. Um dia, recebem uma cassete com uma gravação de um dos membros do culto e ao que tudo parece é uma mensagem de despedida. Aaron, que não tem grandes memórias do seu tempo em Camp Arcadia, implora ao seu irmão para os visitarem antes de ascenderem, seja o que for que isso significa.

Como esperado, há algo de pesado na atmosfera tal como é habitual nos filmes da dupla. É algo que não conseguimos bem pôr o dedo sobre o que é, mas sabemos que existe algures nos planos que vemos. Daí ficarmos cada vez mais intrigados por cada nova personagem do culto que conhecemos, como por exemplo Anna (Callie Hernandez), uma rapariga que sempre teve um fraco por Aaron ou Hal (Tate Ellington), o líder que não acredita ser perante as pessoas que o seguem. Há uma história por detrás cada um deles e uma motivação persistente que os faz acreditar que têm um propósito maior, sendo isso uma parte importante das suas crenças.


A isto junta-se a reintrodução da mitologia, que faz mover esta narrativa de forma coesa, enquanto vamos descobrindo o quão profunda é esta toca de coelho que tanto puxa por nós e nos deixa curiosos em descobrir. À medida que as pistas vão sendo deixadas discretamente, vamos compreendendo um pouco do grande puzzle no qual as personagens estão inseridas e que não imaginam o quão grande ele é. Estas pistas são variadas indo desde pequenas estátuas de pedra a cassetes de video e fotos mostrando que algo maior os está a ver, sendo impossível não ficar atraído pela forma como somos consumidos por este universo e as suas regras.

A aparição de Mike (Peter Cilella) e Chris (Vinny Curran) de Resolução Macabra não só nos deixa felizes em ver os dois melhores amigos novamente juntos, como sabendo o que lhes aconteceu depois do seu fim inesperado, demonstrado no final do primeiro filme.

Assim, O Interminável é apenas mais uma prova o quão longe vai o talento de Aaron Moorhead e Justin Benson em frente e atrás da câmara, com um filme que deixa no ar perguntas sobre a humanidade e as suas crenças numa entidade maior.

Nota Final: 5/5



Originalmente publicado em Cinema à Rolha a 30 de Outubro de 2018

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