Poucos são os cineastas que causam um impacto durador na cultura cinematográfica logo desde do seu primeiro momento, da mesma forma que Justin Benson e Aaron Moorhead escreveram e realizarem em 2012 com Resolução Macabra.
Quando Mike (Peter Cilella) recebe um email com um vídeo do seu melhor amigo Chris (Vinny Curran), este arrisca a vida para lhe fazer uma intervenção, pois Chris é um viciado em anfetaminas. Mike encontra-o à deriva numa cabana perto de uma reserva indígena, onde os dois vêem-se num conflito um com o outro que rapidamente se torna bizarra quando Mike descobre fita de filme que faz parecer que estão a ser vigiados.
Há um elemento amador no primeiro filme de Benson e Moorhead, onde a câmara à mão é usada e abusada em várias medidas, dando assim uma visão documental por trás da ficção, que põe em questão até que ponto estes acontecimentos são verídicos.
Apesar de vermos estes dois amigos a discutirem constantemente, sobretudo quando Mike vem dum lugar de preocupação, há algo a pesar no ar que não se consegue perceber bem o que é, até mais tarde no filme, quando tudo começa a fazer sentido. A tensão criada junta-se à curiosidade mórbida enquanto o mistério do local e dos seus habitantes vizinhos contribuem para o grande puzzle que esta narrativa faz.
Desde membros dum culto religioso (mais tarde revisto na sequela espiritual O Interminável), a uma caverna que esconde segredos obscuros, passando por um estábulo cheio de material, tudo vai em função ao derradeiro objectivo que fará com que Mike e Chris considerem seriamente as suas decisões futuras.
Enquanto que existe uma divisão de enredos, a forma que o duo entrelaça as histórias, através do uso de gravações espontâneas que separam os vários capítulos desta aventura. As pistas são largadas e tudo o que parece por acaso, é na verdade intencional e necessário para se perceber o que a película quer de nós.
A grande revelação é guardada para o último terço do filme, onde vemos uma evolução do tom, não só de forma visual, como também na relação entre as personagens e as suas acções. Com tudo isto, não há forma de o espectador não ser puxado para o meio duma narrativa que, durante grande parte do tempo, esconde as suas verdadeiras intenções, prosseguindo por um caminho menos usual no que toca ao género de terror.
Assim, Resolução Macabra prova não só a capacidade incrível de Justin Benson e Aaron Moorhead de contarem uma história diferente, como também criar uma obra capaz de deixar perguntas no ar sem receio de deixar as verdadeiras perguntas no ar, enquanto nós, espectadores, só nos resta reflectir e decifrar aquilo que acabámos de ver, questionando a realidade à nossa volta.
Nota Final: 5/5
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