5 de maio de 2020

Blade (1998)


O cinema de superheróis pré-novo milénio eram obras que não sabiam bem como adaptar as páginas de banda desenhada e como as tornar apelativas a um público que considerava ler BD como um hobby de nicho. Ainda que na altura a Marvel já tinha, muitas vezes, testado algumas das suas propriedades no grande ecrã, foi com Blade que a Marvel iniciou um percurso que iria lhe levar a um grande sucesso, numa altura em que o mundo ainda estava a recuperar da quadrologia de Batman e um encontro com Spawn em O Justiceiro das Trevas. Talvez o mais interessante no meio disto tudo é que o filme é para uma audiência adulta e Blade não é o típico superherói.

Neste filme, conhecemos Blade (Wesley Snipes), um meio-vampiro, meio-mortal, que é o auto-designado protector dos humanos, que terá que enfrenta uma nova ameaça, na forma de Deacon Frost (Stephen Dorff), um humano tornado vampiro com um complexo de Deus, depois de conseguir traduzir os manuscritos antigos de uma profecia, pondo Karen Jenson (N'Bushe Wright), uma hematologista no meio de uma guerra sangrenta.


Nos primeiros momentos do filme, podemos compreender como este se rapidamente um dos papéis mais icónicos de Snipes, não apenas pelo seu estilo, por vezes duvidoso, de moda; como também as maravilhosas catchphrases que o mesmo diz, encarando uma personalidade que tanto assenta o mundo obscuro que nos é apresentado, convencendo-nos que os vampiros existem seja por onde andemos, cortesia de um argumento escrito por David S. Goyer, que se manteve nos eixos das adaptações de banda desenhada nas décadas seguintes, mostrando não só o seu talento, como também o impacto que teve na indústria.

Blade é, maioritariamente, composto por cenas de acção descabidas, entre a utilização de armas carregadas com balas de prata, luz ultravioleta e uma espada, entre outros brinquedos divertidos, tudo com o objectivo de eliminar os vampiros de formas bastante criativas. Felizmente, Frost mostra ser um oponente de grande valor, já que este joga por outras regras, sem respeito pelos acordos secretos entre humanos e vampiros, o que, juntamente com a sua ambição, lhe torna num vilão que é puro mal e particularmente perigoso, conseguindo manter-se a par com Blade durante os seus confrontos.


Ainda que a narrativa siga a fórmula tradicional do bom versus o mau, existem diversas cenas que em retrospectiva parecem estar à frente do seu tempo, com excepção do uso terrivelmente datado de CGI, mesmo para a altura em que o filme foi lançado inicialmente e uma realização algo ecléctica por parte de Stephen Norrington. Fora isso, Blade é o filme anti-vampiros que mundo mereceu, ao qual podemos aplaudir a subversão histórica de o que facilmente poderia ser um Blaxploitation moderno, dando o importante primeiro passo para a dominação da banda desenhada no cinema.

Nota Final: 3.5/5