1 de maio de 2020

Face/Off | A Outra Face (1997)


No ponto mais alto do cinema de acção dos anos '90, eis que John Woo, o realizador tinha já trazido cinema de acção de Hong Kong, onde definiu as regras, para o cinema de Hollywood, onde em 1993 fez o seu primeiro filme Perseguição Sem Tréguas, com Jean-Claude Van Damme, e Operação Flecha Quebrada, onde juntou John Travolta e Christian Slater. Em plena recta final dos anos '90, eis que surge A Outra Face, um filme que junta Travolta com Nicholas Cage, numa altura em que ambos actores estavam no auge das suas carreiras.

Em A Outra Face, conhecemos Sean Archer (Travolta), um agente do FBI que persegue Castor Troy (Cage), um terrorista responsável pela morte do seu filho. Tendo a oportunidade de prender o bandido com sucesso, estes recebem a informação que Castor plantou uma bomba biológica em Los Angeles, obrigando Sean a submeter-se a uma cirurgia experimental onde troca fisicamente de cara com Castor e infiltra-se na prisão onde está o seu irmão, esperando que revele a localização da bomba.
Como seria de esperar, nem tudo corre como planeado e agora Sean, com a cara de Castor, tem que sobreviver na sua nova pele, enquanto que Castor, com a cara de Sean, lança o caos dentro do departamento do FBI, da sua família e a sua vida.


Os primeiros 20 minutos do filme estabelecem o tom exagerado da acção que iremos ver durante o resto do filme, sendo que cada tiroteio é preparado como se fosse o derradeiro final, onde tudo pode acontecer. Se a acção está definida, a dose de ficção cientifica envolvida, ainda que momentânea e subtil, é suficiente para se classificar como uma demonstração cyberpunk do mundo da medicina, com o sucesso de um procedimento incrível e que funciona de uma forma credível, sendo ela uma masterclass em efeitos práticos, com uma abordagem assustadoramente realista.

Claro que John Woo, realizador visionário no género, tomou de assalto o cinema asiático com clássicos de acção, considerados intemporais, não surpreendendo o quão perfeito é para que este conseguisse aplicar o seu estilo numa narrativa tão ousada como esta, sobretudo na forma que a narrativa se desenvolve inicialmente, com Sean a retratar um homem dividido entre o seu sentido de justiça e o bem maior para salver milhões.


Durante a produção, Travolta e Cage aprenderam os seus maneirismo individuais, a forma que falem e gesticulam, mas é um prazer maior ver Travolta a ser Cage do que o inverso, até mais perto do final do filme, onde vemos que Cage, apesar da sua reputação, quase que reverte para o seu ser natural, dando-nos a oportunidade de ver a escala total do seu talento.

Com isto, A Outra Face é como John Woo aperfeiçoa a definição de blockbuster de Hollywood daquela era, num exemplo extraordinário do significado de identidade, tomando a forma de algo tão pessoal como a própria cara, num thriller repleto de acção imparável até ao último minuto, com todos os elementos que os anos '90 merecem.

Nota Final: 4.5/5

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.