19 de dezembro de 2018

Bumblebee (2018)


Após 11 anos de filmes do franchise dos Transformers eis que aparece Travis Knight para dar um novo rumo com uma prequela a contar a história daquele que começou tudo e o que é considerado o mais querido entre fãs: Bumblebee.

Passado nos anos '80, Bumblebee acompanha o jovem Transformer na sua fuga para o planeta Terra, onde conhece Charlie (Hailee Steinfeld), uma humana que o acarinha enquanto este tenta defender o planeta dos eternos inimigos, os Decepticons.

Na chegada ao planeta, Bee não foi bem recebido pelos humanos, já que a sua entrada brusca feriu dezenas de agentes, incluindo o Agent Burns (John Cena), que fez da sua vida procurar a criatura alienígena.

Agora um clássico Volkswagen Beetle, a condizer na sua forma mais conhecida pelos fãs da saga original, Bee entra nesta aventura, fazendo amigos e lutando até ao fim para defender aqueles que o ajudam.


Enquanto que o filme começa imediatamente em Cybertron, planeta habitante dos Transformers, vemos o que é o meio de uma guerra entre eles e os Decepticons, cuja toda a história é abordada nos outros vários filmes do franchise em exaustão. Mas aqui estamos perante uma tentativa por parte de Travis Knight em criar uma história mais familiar, numa mistura entre E.T. - O Extra-Terrestre ou O Gigante de Ferro.

Quase todo o filme é mostrado como se fosse escrito para um filme de animação, possivelmente porque Knight realizou o fantástico Kubo e as Duas Cordas; excepto que prosseguiu para ser algo inteiramente live-action, entre as lutas de robôs (que felizmente são poucas), à forma que as personagens interagem entre si e com Bee, este alien vindo de um planeta longínquo.


Charlie, esta jovem ainda em luto pela morte do pai, adiciona uma dimensão muito necessária à personagem principal, sendo ela a única com essa profundidade historial, já que as restantes apenas servem para distrair com sub-plots desnecessários. Mesmo o Agent Burns, um homem cuja vingança se assimila a uma à lá Exterminador Implacável, não passa de apenas um soldado cujos sentimentos foram mal repartidos. Dito isto, ver John Cena ao lado de Arnold Schwarzenegger era capaz de ser a dupla mais interessante no cinema neste momento...

Dizer que este filme é o melhor do franchise desde o primeiro, lançado inicialmente em 2007, é verídico, mas também não é muito difícil chegar a essa fasquia após termos passado quase uma década de dinossauros, uma viagem medieval, entre outras coisas relativamente divertidas. Mas é igualmente difícil dar mérito a um filme que imita de forma conservadora Michael Bay, pondo de lado as exuberâncias associadas ao realizador, tirando também a objectivação feminina e não ser um grande anúncio de quase três horas.


Sendo assim, é importante notar que existem momentos altamente divertidos em Bumblebee, sobretudo na ligação entre Charlie e Bee, uma muito mais calma e sentimental do que quando este conheceu Sam Witwicky anos mais tarde. Aliás, é bem possível dizer que esta é a história em como Bee aprendeu a falar pelo auto-rádio, sendo essa a conclusão principal da película, deixando em aberto a possibilidade de vermos mais sequelas das prequelas em breve.

Bumblebee é, sem dúvida, um filme que entretém quando se mantém focado no seu objectivo de ser o primeiro Transformer na Terra e todas as consequências inerentes disso; ao qual se juntam personagens mais ou menos interessantes. A única coisa que não podemos realmente nos queixar é da brilhante banda sonora, que incluem temas clássicos dos Bon Jovi e The Smiths. Podia ter sido um filme melhor com personagens mais trabalhadas, mas no fim isto é apenas o inicio de uma nova era. Uma que espero que corra mais riscos inteligentes, para não cair novamente no universo do absurdo.

Nota Final: 3/5




Originalmente publicado em Cinema à Rolha a 19 de Dezembro de 2019.

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