23 de dezembro de 2018

Helter Skelter (Herutâ sukerutâ) (2012)


Não é novidade nenhuma que o Japão vive no que parece um mundo completamente à parte. Desde dos maneirismos locais, à cultura que lhe rodeia que tem uma forma muito própria na sua expressão, tudo aqui é única e exclusivamente produto de uma grande criatividade.

Também não é segredo que outros países asiáticos para além do Japão, como a Coreia do Sul, existe um grande negócio à volta do incentivo de jovens a recorrerem à cirurgia plástica, para se parecerem como as suas "idols" favoritas, onde a perfeição corporal é vista como um requerimento para subir na vida.


O segundo filme de Mika Ninagawa, Helter Skelter (Herutâ sukerutâ), conta a história de Lilico (Erika Sawajiri), uma modelo cuja beleza a elevou a um estatuto de Deusa, aparecendo frequentemente em capas de todas as revistas de moda no Japão. Todas as raparigas querem ser como ela, mas o que não sabem é que por baixo da pele de Lilico, escondem segredos obscuros das suas intervenções cirúrgicas. Lilico é também insegura de si mesma, tendo a noção que não é nada sem a sua beleza exterior.

Baseado no manga de 1995 e escrito por Kyoko Okazaki, Helter Skelter mostra-nos, duma forma mais imaginária, os bastidores daqueles quem admiramos, pondo de lado uma vida de glamour por incertezas emocionais.


Durante as duas horas de filme, Ninagawa mostra-nos o que será o cinema mais bonito que alguma vez veremos, com cores fortes, uma direcção de fotografia muito bem pensada e um ambiente que nos cativa como poucos. Todos os enquadramentos, sem excepção, parecem saídos das páginas das revistas que Lilico está, também por causa das incríveis escolhas de guarda-roupa. 

Enquanto que a narrativa tende ser mais básica do que gostaríamos, entre uma investigação à clínica cirurgia com métodos duvidosos, ao drama que é a vida de Lilico, que eventualmente cai sobre uma rivalidade com uma modelo que é capaz de fazer dela obsoleta, isto acaba por dar a ideia de que é tudo grande sonho, que na verdade não passa duma realidade distorcida.


Infelizmente, a experiência vale pela mostra da futilidade do mundo da moda, sobretudo numa altura as redes sociais se enchem com mensagens de body positivity. Ao vermos como Lilico vive e trata os outros, enquanto está a passar por um momento capaz de arruinar a sua carreira, não existe grande motivação para torcermos por ela, até que a loucura leve a melhor de si e da sua beleza.

Assim, Helter Skelter tem uma premissa algo interessante, que infelizmente se vai perdendo ao longo do filme, apoiado por visuais espectaculares que realmente fazem dele uma obra que serve de muita inspiração e pouco mais.

Nota Final: 3/5

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.