4 de dezembro de 2018

Jennifer's Body | O Corpo de Jennifer (2009)


O Corpo de Jennifer é possivelmente um dos filmes mais underrated do final da década passada. Karyn Kusama, ainda a lidar com algumas das consequências da recepção da sua adaptação de Aeon Flux em 2005 seguiu em frente com uma das argumentistas mais populares da altura, Diablo Cody. As duas, juntamente com o produtor Jason Reitman, criam assim um filme de terror que fosse o oposto de tudo o que se já tinha visto, com um foco no protagonismo feminino.

Needy (Amanda Seyfried) e Jennifer (Megan Fox) são melhores amigas desde sempre, mas parecem vir de mundos diferentes. Enquanto que Needy é a mais nerd das duas, Jennifer resulta duma sociedade que insiste que todas as raparigas deveriam aparentar estrelas de Hollywood. É por isso que quando as duas vão até um bar sujo, onde Jennifer quer conhecer Nikolai (Adam Brody), vocalista dos Low Shoulder.
Após um acidente que causa um enorme incêndio no bar, a banda leva Jennifer até ao mato onde realizam um ritual satânico, com Jennifer a ser possuída por uma entidade faminta por sangue.


É com alguma facilidade que nos apercebemos dos paralelismos, desde Jennifer apenas consumir sangue uma vez por mês (em vez de o perder), ao facto de ser uma adolescente em puberdade no liceu cria um ambiente onde os olhares dos rapazes são menos ingénuos. Nada disto é óbvio, mas as nuances são mais que suficientes para indicar a realidade do que estas personagens estão a passar.

A lealdade que Needy tem com Jennifer é um elemento importante, afinal a sua amizade criou um laço que se pensaria ser inquebrável, sobretudo agora que estão no meio duma situação sem precedente. A viagem emocional que ambas passam mostra uma verdadeira preocupação em solucionar um problema bizarro, mas que têm que enfrentar de alguma forma num filme que é definitivamente a versão punk-rock dos filmes juvenis dos anos '80 e '90.

É na veia do argumento de Diablo Cody onde o filme ganha vida, com algumas piadas que até hoje se mantêm relevantes (como se estiver na Wikipédia, é verdadeiro), a certos maneirismos das personagens e como interagem entre eles, com uma personalidade capaz de tanto entrar em conflicto uns com os outros, como agir de forma amenizada. 


Ainda que a narrativa consiga por vezes inclinar-se para uma paródia mais animada, esta tem a tendência de seguir um rumo mais dentro das adaptações de banda desenhada, não fosse pelos vários momentos demónicos que esperaríamos encontrar em títulos independentes do género. Por outro lado, existe uma inconsistência semelhante na emoção das cenas, sendo que os pontos altos são onde vemos o seu verdadeiro potencial a ser revelado. 

É importante referir que Amanda Seyfried e Megan Fox eram duas das actrizes que tinham revirado Hollywood nos últimos tempo, com Seyfried ter acabado de estrear no tão bem recebido musical Mamma Mia! e Fox ainda a gozar do mega-sucesso dos Transformers, o que significa que, para melhor ou pior, o elenco não poderia ter sido melhor escolhido. 

Como se não bastasse, O Corpo de Jennifer tem um banda sonora escolhida a dedo, com Hole, The Sword, Paramore e All Time Low, só para mencionar alguns; que adiciona uma componente mais interessante em muitas das cenas que de repente têm um tom mais focado por o que estamos a ouvir atrás dos diálogos e efeitos sonoros.


Com isto, O Corpo de Jennifer não é o filme rançoso que muitos assim o classificaram na altura em que saiu. É, na minha humilde opinião, um filme que estreou quase uma década mais cedo do que devia, com grande parte das suas oportunidades apreendidas de forma positiva. Numa altura que existe uma saturação de vários géneros do cinema, uma entrada destas nos dias de hoje poderia talvez ser recebido doutra forma perante o cinema moderno do emporamento feminino.

Nota Final: 3.5/5

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