24 de dezembro de 2018

Mid90s (2018)


Jonah Hill, actor conhecido pelos seus papéis cómicos como Super Baldas, Agentes Secundários e Um Azar do Caraças estreia-se na realização com um coming-of-age diferente do se poderia esperar, com Mid90s.

Contado no tradicional formato televisivo em 4:3, Mid90s conta-nos a história de Stevie (Sunny Suljic), um rapaz de 13 anos à procura da sua adolescência. Em casa, é constantemente maltratado pelo seu irmão mais velho e a sua mãe solteira nada faz para resolver a situação. Um dia Stevie conhece um grupo de rapazes mais velhos, Ruben (Gio Galicia), Ray (Na-kel Smith), Fuckshit (Olan Prenatt) e Fourth Grade (Ryder McLaughlin). Todos eles são skaters, que sonham um dia viajarem pelo mundo a fazerem aquilo que mais gostam.


A relação que o mais novo cria com os mais velhos é de uma irmandade inseparável, onde cada um está constantemente a puxar o outro para cima e a incentivar o sucesso colectivo entre eles. Naturalmente, a influência que eles têm sobre Stevie nem sempre é a mais positiva, introduzindo-o ao mundo do álcool e das drogas, limitando-se à cerveja e à erva.

Assim,  a cidade de Los Angeles é explorada através das suas sub-culturas que foram, pouco a pouco, crescendo pela cidade, sendo ela já naquela altura havia uma grande mistura de várias culturas imigrantes a expandirem na cidade. A cidade também não esconde o seus defeitos, com uma grande população de sem abrigos, a lutarem diariamente pela sobrevivência.

Jonah Hill mostra-nos deste modo o que claramente parece ser o seu projecto de paixão, onde conseguiu enfiar o máximo número de referências musicais e de lifestyle possível, desde da banda sonora com temas de A Tribe Called Quest, a Mobb Deep, passando por The Smiths e The Pixies; tudo para recriar uma infância que acerta nos pontos que considera fulcrais.


Enquanto que existem diversas cenas que destacam o filme acima de outros, como a curta mas divertida cena com o segurança a mandar vir com os miúdos, ou quando Stevie parte a cabeça após uma tentativa falhada de fazer um truque por cima dum buraco, caindo; há uma temática principal levada pela amizade entre o grupo, que se mantém unido nos momentos mais difíceis. Claro que ás vezes discutem e chateiam-se uns com os outros, mas há uma verdadeira preocupação entre eles, que mesmo após uma tragédia, mantêm-se juntos até ao fim.

Mid90s não pode ser considerado o típico coming-of-age, com o seu senso de nostalgia bem controlado a modos de não ser um festim de referências culturais só porque sim. Hã um sentimento genuíno na criação desta obra por parte de Jonah Hill, algo que é grandemente apreciado pela sua sensibilidade cinematográfica, mostrando como eram os típicos Sábados à tarde daqueles jovens, esquecendo quase por completo todos os clichés que seriam esperados num filme do género.


No fim, resta-nos divertir com esta viagem emocional, que nos faz querer ter 13 anos outra vez, só para nos recordarmos de o que era uma vida mais simples, mesmo face a problemas relativamente maiores.

Nota Final: 4/5

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